•Capítulo 6•

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Xavier 🐺

A vida não é só felicidade. É aprendizado e aprimoramento.
Aprendi que nem tudo são flores, nem todos os dias têm sol. Mas não há tristeza que não passe, nem felicidade que dure para sempre. Os dias nublados vão vir, as flores vão murchar, mas depois a primavera certamente vai chegar! Um dia eu descobri que a vida vale a pena ser vivida e aproveitada ao máximo, independente das circunstâncias. Sempre haverá um novo dia, uma nova chance, um novo amor, uma nova oportunidade… Mas a vida, essa é única!

—Eu quero nomes...—Falei olhando firmemente pro Fumaça.

—Beatriz e o pai da Luise...—Falou e aquilo me surpreendeu.

É aquilo né, na mesa tem pão, tem vinho, mas também tem traidor. Eram 12, 1 falhou! Esses filhos da puta vão me pagar.

—Manda levarem a Beatriz pra salinha de tortura e dá um toque prós irmãos irem na caçada desse velho filho da puta.—Ele concordou e saiu.

Beatriz agiu na traíragem, se ela pensa vai vai passar batido o que ela fez não vai não. A filha da puta ainda tava agindo normalmente.

O velho custe o que custar eu mato ele com as minhas próprias mãos, eu falei que não importaria quem tivesse feito aquilo, ia pagar pelo que fez, e o pagamento vai ser com a vida.

Não importa se é pai da Luise ou não, vai morrer como qualquer outro que tivesse feito.

Tá achando o quê? Aqui não é nenhum conto de fadas não, muito menos a Disney. Nem sempre o bem vai vencer o mal. A realidade é totalmente diferente.

Com a vida aprendi que não é amando que eu receberei amor, e não adianta querer paz porque não se pode ter o que a gente quer.

É tanta podridão que eu me perdi dentro de mim mesmo.

Juntei os erros dos outros e os meus e me culpei diversas vezes sem nem ter motivo.

Estamos aqui pra levar tapa na cara, cair e não ter ninguém pra lhe estender a mão. É cruel, não? Mas dá pra sobreviver em meio a tudo isso… com dor, fingindo um sorriso pra esconder a mágoa e continuar caminhando de cabeça erguida. Não esperando pelo melhor, porque o melhor quase nunca vem e o que fica é mais e mais decepção, angústia, arrependimentos.

(…)

Olhava pra cara dela e eu só tinha raiva e nojo.

Ela já tava toda amarrado sentada na cadeira chorando.

—Eu quero saber somente o porquê, se tu cooperar a tua morte vai ser rápida, já perdi tempo demais contigo, bora, pode ir abrindo a boca caralho.—Falei.

—Tu não tem coragem de apertar o gatilho, eu sei que no fundo tu não quer atirar e me perder...

—Já perdi tantas pessoas que jamais imaginaria sem... Tu é só mais uma pessoa qualquer que vou matar.—Encarei ela.

—A gente tem uma filha Xavier...

—TU tem uma filha, eu não, só tenho um filho.

—Eu não fiz com o dedo ela...

—Tu pensa que sou otário? Eu sempre soube que essa menina não era minha filha, soube quando ela completou um ano, mas relevei por consideração que eu tinha contigo e por vários outros motivos não vem ao caso. Começa a falar porra.

—Eu ia pra matar a Luise, eu vi o exato momento em que ela chegou na favela, já sabia aonde tu tava e fiquei numa laje, não muito longe de onde vocês tavam, eu tava esperando o momento certo pra atirar nela, mas alguém foi mais rápido e atirou em ti...—Suspirou alto e continuou.—E no impulso atirei nela...

—No impulso...—Balancei a cabeça negativamente e ri.

—Se tu não ficasse comigo não iria ficar com ela..—Assim que ela ia continuar falando eu puxei a Glock da cintura e dei um tiro no meio da testa dela.

Dei uma última olhada pra ela e me virei com a cadeira de rodas saíndo dali. E logo mandando os cara jogar ela na vala.

(…)

Tava numa salinha onde os cara empacotava as drogas e tava ouvindo a falação dos cara quando Jefinho chegou e sentou do meu lado.

—Quero trocar uma ideia maneira contigo irmão.—Falou.

—Solta a voz.

—Tu tá ligado que os baile gera dinheiro pra caralho pra nós né irmão?—Assenti e ele continuou falando.—Então, 30% da renda que nós conseguir dá pra comprar bastante cesta básica e distribuir pra quem necessita aqui dentro da comunidade e também onde o partido atua...

—Porquê essas idéias agora?—Perguntei e ele riu.

—Porque a gente tem que fazer o bem enquanto ainda temos tempo, a vida é passageira e temos que fazer algo de bom pra que fique sempre na memória das pessoas, mesmo que não sejamos reconhecidos... Fala com os irmãos e depois me fala.—Deu dois tapinha na minha costa e saiu.

Neguei com a cabeça e logo avisaram que a Luise tinha chegado aqui na favela e ido direto pra tia que é enfermeira. Com a ajuda dos cara fui até a casa dela e ela tava numa cama enquanto a tia medicava ela.

—Ela tá bem?—Falei com dificuldade movendo a cadeira de rodas pra perto da cama.

—Tá sim, ela sangrou por causa da cirurgia no abdômen, mesmo tendo um mês da cirurgia, não tá 100% curado por dentro. E como ela fez o esforço é claro que ia sangrar, mas não se preocupa não, já cuidei tudo direitinho e logo ela vai tá melhor.

—Vai demorar muito?

—Não, ela só vai ter que precisar tomar cuidado. Repouso vai ser necessário, se cuidar direitinho vai ficar bem o quanto antes.—Falou medindo a pressão da Luise e logo acabou de fazer os procedimentos tudinho e se levantou.—Se quiser ficar aí com ela pode ficar, daqui a pouco ela tá acordando.—Falou e saiu.

Fiquei olhando pra Luise e não conseguia explicar o que sentia por ela, era um sentimento inexplicável.

Parece que tem algo nela que me atraí, algo que me prende á ela. Desde a primeira vez que vi ela logo ela me encantou, logo me apaixonei.

Eu posso nascer cem vezes, e nas cem vezes vou me lembrar do rosto dessa mulher...

(…)

Amor indestrutível 2Onde histórias criam vida. Descubra agora