•Capítulo 18•

1.4K 90 39
                                    

Xavier🐺
08:32 AM.

Tinha deixado Gael com a Clara enquanto ia resolver os bagulho. Entrei pra salinha onde faziam as contabilidade e vi os cara já trabalhando.

— Tudo certo né? — Perguntei pro cara que anotava os negócios no caderninho.

— Tudo patrão. — Concordei e o meu radinho apitou.

— Tem uma moça aqui na salinha querendo falar com tu patrão. — O menor falou enquanto eu já ia pra lá.

— Beleza, tô indo. — Subi as escadas e entrei na salinha de reunião e ela tava lá sentada batendo a unha na mesa.

Os cara vazaram e eu logo fechei a porta e ela me olhou e deu um sorriso.

— Oi.

— Oi. — Falei e sentei na cadeira de frente pra ela. — Tá suave?

— É né, digamos que sim.

— Que bom. Qual teu nome?

— Hanna.

— Entendi... Mas qual é a fita mermo, o que tá rolando com tu e tua amiga hein?

— Desde os meus 18 moro com ela por causa de situações da vida mesmo, tudo se encaminhava bem, nós duas tínhamos nossos trabalhos, apartamento, tudo, só que a um ano atrás descobrimos que ela tem câncer. Uns 6 meses depois perdemos emprego, apartamento, carro. Ficamos sem nada quase, o dinheiro que restou a gente alugou um barraco aqui, como ela tá muito fraca e não tem como trabalhar, só eu que as vezes faço um bico, mas mesmo assim não dá, é remédio, comida... — Falou e eu fiquei só prestando atenção no que ela falava.

— Trabalhava de quê?

— Enfermeira.

— Foi demitida porquê?

— O meu período acabou. — Concordei e mandei ela falar com o menor e passar pra ele tudo que ela precisava que depois os negócios chegava na casa dela.

— Fé aí pra tu. — Falei pra ela me saindo e ela apenas balançou a cabeça dando um sorriso.

(...)

— Tô de 4 semanas e meia de gravidez. — Clara falou e meteu uma colher cheia de sorvete na boca.

— 1 ou 2 meses? — Perguntei enquanto ajeitava o Gael no colo, já que ele tava assistindo desenho.

— 1 mês. — Falou e me levantei colocando ele sentado no sofá.

— Longo 8 meses pela frente. Vou pegar aqui as bolsas do Gael. — Subi pro quarto dele pra pegar as duas bolsas dele já que ele ia passar 1 semana com o Jefinho e Ângela.

Quando desci o Jefinho já tava lá paparicando ele.

— E aí. — Falei colocando as duas bolsas encima do sofá.

— E aí, sabe alguma notícia da Luise? — Jefinho perguntou e eu dei um suspiro.

— Nada ainda.

— É foda viu. — Pegou Gael no colo e logo a Ângela entrou e pegou as bolsas.

— Oi. — Ela falou e eu balancei a cabeça pra ela.

— Semana que vem a gente trás ele aí, qualquer notícia da Luise me aciona pô.

— Beleza mano. — Dei um beijo na testa do Gael e os dois levaram ele.

Clara olhava tudo sentada na poltrona comendo o sorvete dela.

— Não tem nadinha de notícias da Luise não? — Ela perguntou e eu neguei.

— Nada, ninguém viu e ninguém sabe, tudo muito estranho.

— Não vai desistir de procurar ela não né?

— Claro que não.

— O irmão dela já sabe de tudo que tá rolando?

— Creio eu que não, se sabe já deve tá vindo pro Brasil de novo. Pistola tá pra onde?

— Tá resolvendo algumas coisas na rua. — Assenti e subi pro meu quarto.

Fechei a porta e sentei na cama pensando em tudo que tá acontecendo, olhei pro criado mudo e lá estava uma foto dela.

Olhava pra ela naquela foto e vários momentos com ela se passava pela minha cabeça, eu a amo e tenho certeza disso, mas o problema é que eu não tenho o controle sobre a vida, eu não sei o que a vida nos reserva daqui pra frente.

(…)

Já era fim de tarde e a favela tava na maior tranquilidade possível, entrei no barzinho, me sentei na calçada e pedi uma Heineken de lei e comecei a beber enquanto via os moradores vindo de seus trabalhos, as crianças brincando na rua, os cara nos seus postos, tudo fluindo como deve.

Foi questões de segundos pro meu pensamento ir no NV, me lembro quem em dias como esse, nós dois saía da boca e vinha pra cá tomar umas, falar das nossas vidas e em como a vida era uma eterna loucura.

— Oi? — Uma voz feminina falou e quando olhei pro lado era a Hanna.

— Oi.

— Você tá bem? — Me perguntou sorrindo e eu assenti.

— Tô levando, e você?

— Tô bem sim, e aliás, eu quero agradecer do fundo meu coração viu, de verdade mesmo. Ajudou bastante.

— De boa, se precisar é só acionar, nós faz o que nós pode. — Falei e dei um gole na minha bebida.

— Certo, posso sentar? — Falou apontando pra cadeira na minha frente.

— Pode pô, quer alguma coisa pra beber? — Perguntei enquanto ela se ajeitava na cadeira.

— Pode ser uma Heineken também.

Pedi uma Heineken, e logo chegou pra ela.

— Tua amiga tá bem?

— Tá bem melhor graças a Deus. — Falou e depois deu um gole na bebida dela.

— Que bom. — Fiquei olhando pra rua e pensando...

— Como foi seu dia? — Ela falou me tirando dos meus pensamentos e rir com a pergunta dela.

— Foi cansativo igual aos outros ultimamente, e o teu?

— Digamos que hoje até que foi um dia bem produtivo e bom.

— O que tu fez?

— Dei uma geral lá em casa, deixei meu currículo em algumas lojinhas daqui da comunidade e agora de tarde cuidei um pouco de mim, coisa que não fazia a muito tempo. — Sorriu toda alegre e eu dei um sorriso de lado e balancei a cabeça.

— Produtivo até.

— Bem produtivo, ou, tá sabendo da fofoca que tá correndo por aí?

— Tenho cara de fofoqueiro por acaso?

— Pior que tem. — Riu. — Tá, mas deixa eu te contar, sabe o Alemão? Então, ele voltou com a ex dele, depois de tudo. Todo mundo tá chocado, e a Thays só Deus sabe por onde anda. Babado né? — Fiquei surpreso que ela falou e concordei com a cabeça rindo.

— Caralho, pouco fofoqueira tu né? — Ri e ela concordou.

(…)

Hanna Costa.
30 anos.

30 anos

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Amor indestrutível 2Onde histórias criam vida. Descubra agora