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CAPÍTULO DEZOITO
dream

Hydra Black não recebera nenhuma carta de Harry Potter naquele verão, nem mesmo fora capaz de enviar algo. Sua estadia em Paris com os Monarch não a deixou parada nem um minuto sequer, visitaram a parte bruxa da cidade todos os dias e se cansaram de chegar tarde em casa. Pandora, sua mãe, não fora junto deles na viagem, ficara em Londres para resolver algo secreto demais para os ouvidos de Hydra, algo que claramente envolvia a volta do Lord das Trevas. Penelope dormia calmamente na parte de cima do beliche a qual as duas dividiam, enquanto Benedict descansava no sofázinho azul do canto. Já Hydra, não conseguiria dormir nem se os carros na rua parassem de fazer barulho, sua mente e seus sonhos pertenciam à Harry Potter naquele momento.

Já era de madrugada quando ela sonhou com ele, estava em algum lugar escuro, sozinho e em perigo. Uma criatura assustadora, a qual ela reconheceu como sendo um Dementador, começara a sugar todas as energias do garoto, enquanto ele, sem nenhuma ajuda, tentava produzir um patrono. Hydra sentiu aquela melancolia forte e difícil de aguentar, sentira aquilo como se ele fosse ela, sua cabeça doía e seu coração estava frio como gelo. Pensou em momentos felizes com ele, pensando que poderia ajudá-lo no sonho, lembrou-se de quando dançaram até muito tarde no baile. Acordou do sonho quando vira Harry finalmente produzir um patrono e uma linda criatura com galhadas ir de encontro ao Dementador.

Sua cabeça pesou de maneira assustadora, fazendo-a se levantar da cama confortável e caminhar até a janela. Olhou para a rua, que como todas da cidade luz, ainda continuava agitada até naquela hora, com os postes acesos e os faróis dos carros cegando os pedestres com uma luz muito parecida com aquela que saiu da varinha de Harry. A garota olhou seu reflexo contra o vidro, os cabelos bagunçados e o corpo magro, mas diferente do que era anteriormente, resultado de alguém que crescera muito rápido. Suas olheiras profundas a assustaram, parecia que ela não dormia bem há décadas, o que não parecia ser tão diferente da realidade. Hydra sonhara com Harry com muita frequência.

Suspirou profundamente, ainda parada de frente para a janela, observou de longe seus melhores amigos e os viu dormir tão tranquilamente, que ela teve inveja. Benedict também estava mais alto, o sofá o qual ele dormia era pequeno demais para o porte dele, seus braços estavam fortes por causa do treino constante costumeiro dos alunos de Durmstrang. Já Penelope, continuava baixinha como sua mãe, dormia todos os dias com um ursinho de pelúcia dado a ela por Neville, ela o apelidou de Fofucho — o urso, não o garoto —. Encarou o céu estrelado e pediu que aquele sonho não fosse real, que não acontecesse como o sonho em que vira Harry se afogando e logo em seguida ele tivera uma tarefa igual.

— Hyde... você já está acordada? — perguntou Benedict, com a voz baixa. — O que aconteceu?

Ela se virou para ele.

— Foi só um pesadelo. — contou. — Pode voltar a dormir, Ben.

— Sonhou com ele, não é? — Benedict olhou em sua direção. — Com o Potter.

— N-não, eu sonhei com...

Benedict riu.

— Eu ouvi você chamá-lo, Hydra, não tente me enganar. Já chamou por ele centenas de vezes em seus sonhos.

Hydra revirou os olhos e se sentou na cama, ainda imersa em outra realidade, ainda sentindo aquela tristeza e melancolia que sentira antes. Se perguntou por diversas vezes se Harry passara por aquilo também, se ouvia ela o chamando em seus sonhos, se sentia as coisas que ela sentia. Mas não fora permitido que ela o enviasse cartas, nem as recebesse, aquilo a deixara triste, queria se comunicar com ele e perguntar se tudo aquilo acontecera consigo também.

— Você gosta dele?

— De Harry?

Benedict assentiu.