• vinte e dois •

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CAPÍTULO VINTE E DOIS
family tree

— Eu queria ter comprado um presente pra você, Harry. — Hydra falou.

Os dois ainda estavam no quarto, agora de cortinas abertas e iluminado também pela luz do belíssimo lustre. Harry encarou a garota que estava de costas para ele, os cabelos escuros e curtos brilhavam com o sol, notou que ela estava mais magra do que quando a vira semanas atrás. Mesmo assim, ela ainda era a garota mais bonita que Harry já vira.

— O que disse? — ele perguntou.

— Um presente pra você, de aniversário. — ela respondeu. — Eu queria comprar algo legal, mas não tive tempo.

— V-você não precisava ter comprado nada. — Harry disse.

— Eu sei, mas eu queria ter comprado.

Hydra se aproximou da cama, conseguindo tocar o dossel e passar as pontas dos dedos nas almofadas fofas dali. Estava tão limpo, era tão esquisito aquele lugar ainda estar naquele estado, sendo que todo o resto da casa estava se destruindo aos poucos, já que mesmo com a limpeza constante a qual tentavam fazer, tudo continuava sujo e antigo. Já era de se esperar que Sirius estivesse tão irritado por permanecer preso ali, definhando junto das paredes e das madeiras que estavam sendo comidas por cupins, ou seja lá que tipo de criatura estivesse auxiliando na destruição daquele lugar. Os quadros dali, dos jovens, sorriam para ela, ao invés de gritarem pela traição de seu pai.

— Não queria que você se sentisse esquecido. — ela disse. — Você ficou no escuro por todo esse tempo, imagino que não tenha sido bom.

Harry continuou a observando, agora com o coração aliviado, feliz por Hydra ter entendido exatamente o jeito que ele se sentia. E mesmo que ela soubesse por causa daquela coisa que tinham em comum, ele só se importava em ter alguém que o compreendia.

— Eu enviei algumas cartas, como prometi. — ele falou. — Imagino que elas nunca tenham chegado.

— Eu teria lido cada uma delas, Harry.

Depois que saíram do quarto, quando a garota já tivera terminado de explorar o local, se demoraram na porta. Ainda estavam mexidos por causa do bicho-papão que Hydra encontrou, ela sabia que aquela imagem não sairia de sua cabeça tão cedo, muito menos aquela voz aguda e dolorida que dominava sua mente. Ouviam do andar de baixo os gritos da Sra. Weasley com alguém que imaginaram ser Mundungus Fletcher, já que ele era o único dali que a deixava tão irritada assim. Quando chegaram perto da gritaria, encontraram alguns dos outros que ainda estavam caçando as Fadas Mordentes e eles os encararam.

Afinal de contas, era de fato uma cena esquisita ver Harry Potter e Hydra Black descerem juntos de algum lugar, sozinhos. Antes que algum dos gêmeos Weasley pudesse falar algo, uma criaturinha apareceu entre eles, chamando atenção por falar baixinho e murmurar ofensas. Era Monstro, o elfo doméstico da casa, o qual a garota ainda não conhecera, mas pelo que os outros falavam, ele não devia ser nada legal. O elfo tinha olhos grandes, orelhas maiores ainda e vestia trapos, o que fez Hydra refletir sobre mantê-lo ali, já que não concordava nem um pouco com a ideia de ter um ser escravizado em sua casa, mas aquilo deveria ser uma coisa para seu pai resolver.

Traidores do próprio sangue por todo lugar... a sangue-ruim fala comigo como se fosse normal e os outros, os cabeças vermelhas... sujam esta casa. — ele murmurou.

— Que bom ver você, Monstro. — Fred falou, encarando-o.

O elfo ficou imóvel, percebendo que não estava sozinho no local.

— Jovens senhores, não percebi que estavam aqui! — ele falou. — Traidores do próprio sangue, aberrações.

Ele falava baixo, como se o resto das pessoas ali não o pudessem ouvir. Falou sobre muitas coisas naquele tom, inclusive sobre Hermione, a chamando de sangue-ruim o tempo todo, Rony parecia querer matá-lo e pendurar logo sua cabeça junto das dos outros familiares. Ficou mesmerizado quando falaram que ali estava Harry Potter, em carne, osso e cicatriz, Monstro lhe deu um cumprimento educado e não tão infeliz quanto o que fez aos outros ali, mas os olhos da criatura se demoraram em Hydra, a assustando. Ele chegou perto, trazendo consigo a vassourinha que carregava, parou perto dela e semicerrou os olhos.

FEARLESS • harry potterOnde histórias criam vida. Descubra agora