FEARLESS • harry potter

• quarenta e três •

CAPÍTULO QUARENTA E TRÊS
the original sin

Hydra já estava deitada naquela hora da madrugada, os olhos grudados nas estrelas penduradas no seu teto e os ouvidos que não conseguiam atingir os sons que vinham do outro lado da porta de seu quarto. Quando, muito rapidamente, ela viu uma figura se formar em sua frente, um garoto alto, com os cabelos castanhos e os olhos azuis, cheios de lágrimas como dá última vez que o vira. Ele não estava ensanguentado, muito menos caído no chão, estava ali, de pé, a encarando. Hydra só não entendia o que ele estava fazendo ali, viera se comunicar uma última vez?

— Você se culpa? — Benedict perguntou.

— O que?

— Você se culpa? — ele perguntou, mais uma vez. — Por aquilo que aconteceu?

— Benedict...

— Você se culpa pela minha morte, Hydra?

Aquela culpa que ela carregava era mais pesada do que pensava, vira Benedict morrer e não pôde fazer nada para ajudar, fora ela quem desafiara Bellatrix e nem sequer conseguiu matá-la. Antes mesmo que ela pudesse continuar ouvindo a figura de seu melhor amigo repetir a mesma pergunta, ela finalmente acordou com um grito, alto o suficiente para que pudesse ouvir passos no corredor. Ninguém bateu na porta, mas ela sabia que era Harry quem estava atrás dela, se levantou rapidamente e foi até ele, abrindo a porta e dando de cara com ele. Harry não falou nada, muito menos perguntou sobre o que havia acontecido, ele já deveria ter sentido, apenas a abraçou como alguém que também sentira o mesmo e eles ficaram em silêncio. A porta que tanto haviam evitado abrir estava finalmente aberta.

— Por favor... fique aqui comigo. Por favor. — ela pediu.

Harry concordou em ficar, observou Hydra se deitar na cama e se sentou ao lado de seus pés, afim de observá-la enquanto a garota tentava dormir outra vez. Era tão estranho que Hydra se sentisse tão segura com ele, mas era ao mesmo tempo muito bonito, mesmo o Laço não proporcionaria algo tão puro. Ele não se deitou ao lado dela, mas esteve ali ao seu lado até que os primeiros raios de sol começassem a aparecer.

O aniversário de dezesseis anos de Hydra e Harry fora entediante comparado com a reunião de casamento dos pais dela, mas ainda assim mais feliz do que passar os dias inteiros ouvindo sobre os desaparecimentos e mortes que estavam acontecendo recentemente. No mesmo dia que cortavam seus bolos de aniversário, lhes era contado que o próprio Olivaras sumira de vista e que os membros da Ordem agora estavam em vigilância constante. Ao menos puderam ganhar presentes como suéteres super quentinhos da senhora Weasley e finalmente tiveram uma comemoração juntos, sem contar, é claro, a vez que ainda eram bebês e os pais de Harry ainda estavam vivos. Mas passaram praticamente o resto todo das férias naquela casa, vendo pessoas chegando e indo embora o tempo todo. Apesar das notícias ruins, souberam por meio de uma carta que Harry fora nomeado Capitão do time de Quadribol.

— Vai ser difícil ganhar de você esse ano, Potter. — Hydra disse. — Capitão do time... que orgulho.

Ela sorriu, imaginando-o vestindo o uniforme de Capitão, em toda sua glória grinfinória. Por Merlin, precisava parar de pensar nele.

— Eu pego leve com você dessa vez, Black. — Harry respondeu.

— Não. — ela falou, em um tom baixo. — Eu gosto quando você pega pesado.

Harry riu.

Hydra também recebera uma carta dias depois, dessa vez não vinda de Hogwarts, mas de Durmstrang, mostrando o belíssimo selo cujo desenho traçava uma parte da escola. Não viera do direitor, é claro, mas sim de um dos alunos, um de seus antigos amigos que ainda mantinha contato mesmo que fosse apenas por palavras rabiscadas em uma caligrafia muito bonita. Até mesmo a tinta que utilizavam para escrever era vermelha feito sangue, talvez aquela fosse sua marca: até o sangue do inimigo seria usado.