FEARLESS • harry potter

• vinte e três •

CAPÍTULO VINTE E TRÊS
slippers

Há quem diga que aqueles que acordam cedo, são ajudados por deuses, mas naquele dia em que Harry Potter acordou antes que o sol aparecesse, Hydra não se importou com o velho ditado. Aquela estranha conexão entre a mente um do outro era terrível quanto às noites de sono, ambos que mal dormiam por causa de seus próprios sonhos, nem pregavam o olho durante as madrugadas. Porém, tentar fingir que não eram afetados por sentimentos confusos era uma atitude constante, sabiam que o outro estava há poucos metros de distância, mas não tinham coragem suficiente para bater em uma porta e pedir por calmaria.

A garota mal percebeu quando seus devaneios a levaram para fora do quarto, onde ela deixara as meninas que dormiam consigo. Era uma madrugada fria como qualquer outra naquela casa, a garota se permitiu vestir um roupão verde e felpudo como os que usara em Hogwarts, pantufas quentinhas e só se lembrava de escovar os dentes antes de sair. O corredor estava mal iluminado, tendo apenas alguns raios de sol vindos das frestas nas janelas dali. As cabeças decepadas de elfos que trabalharam anteriormente na casa pareceram a observar e alguns poucos quadros lhe deram alguns cumprimentos gentis.

Antes que pudesse descer as escadas para ir até a cozinha, Hydra ouviu alguns passos atrás de si, fazendo-a se virar e dar de cara com Harry. O garoto foi gentil em sorrir e oferecer que ela descesse primeiro, mas ela apenas o segurou e sussurrou para que os outros não acordassem.

— Vai dar tudo certo hoje. — ela falou. — Não existe Hogwarts sem Harry Potter.

Ele riu, nervoso.

— Não pense muito nisso agora. — continuou. — Mas caso aconteça algo... fora do planejado, lembre-se de que você usou esse feitiço pra proteger alguém.

Ela o puxou para um abraço apertado, tentando pensar em formar de não ficar nervosa e automaticamente, deixar Harry mais calmo. Alguém pigarreou atrás deles, fazendo com que se separassem do abraço.

— Bom dia, pequenos gafanhotos. — Sirius riu, passando no meio deles e descendo as escadas. — Pelo visto a manhã começou muito bem.

— Pai!

Os dois desceram atrás dele, que como um adolescente, debochava da cena anterior. Hydra revirou os olhos com os comentários e permitiu que sua atenção ficasse apenas entre os degraus e os desgastes no papel de parede que agora lhe pareciam muito interessantes. Na cozinha, alguns já estavam sentados esperando a comida, entre eles Tonks, que não parava de bocejar e Remus, que conversava sobre alguma das missões que o faziam desaparecer por dias. A Sra. Weasley ofereceu uma vasta lista de pratos para Harry, aquele seria um dia difícil para ele e estava muito claro.

— Quer uma torrada também, querida? — a mulher perguntou para Hydra, que sorriu e agradeceu a gentileza.

Harry se sentou ao lado dela e encarou suas vestimentas.

— Gostei do estilo, muito sonserino. — ele brincou. — As pantufas são uma graça.

— E eu acho que você deveria usar uma gravata. — ela riu. — Aliás, já experimentou usar um terno trouxa?

Hydra nunca admitiria que imaginou com detalhes um Harry Potter usando um terno preto, gravata da mesma cor e sapatos chiques. Mas era inegável que ela gostaria de vê-lo assim além de sua imaginação. Por Merlin, ela pensou, esse garoto ficaria divino até mesmo usando um suéter surrado e calça de moletom. Sua mente parou de pensar naquilo somente quando Harry a interrompeu, olhando-a de uma maneira quase acusadora, como se pudesse ler seus pensamentos.

E ele praticamente podia.

— O que você dizia? — ele questionou, desconfiado.

— Torradas. — ela pigarreou. — As torradas estão prontas.