FEARLESS • harry potter

• cinquenta e um •

CAPÍTULO CINQUENTA E UM
good liar

Ela disse adeus, talvez sua última vez falando com o amor de sua vida e ela apenas... disse adeus. Hydra se lembra apenas de ter sido arrastada por Nikolai e Penelope, enquanto tentava desviar dos feitiços que não eram jogados para ela e via Harry desaparecer, tão perto e ao mesmo tempo distante. Nikolai a agarrou pela cintura, tentando a conter enquanto saíam da tenda, Hydra estava fazendo esforços para se soltar e queria correr até os outros para ajudá-los, não teve muito tempo, pois em segundos já haviam aparatado para longe. Caíram no chão feito pedras, sem concentração o suficiente para pousar como deveriam, a garota sabia que queria continuar ali, jogada na grama e esperando que nada passasse por cima dela. Porém, ao voltar para a realidade, viu que seus amigos já estavam de pé, respirando com dificuldade, enquanto buscavam se acalmar depois do susto. Apesar do choque de acabar de sair de uma situação violenta como aquela, eles ajudaram Hydra a se levantar e juntos começaram a caminhar.

— Draco está esperando. — disse Penelope, nervosa. — O que vamos dizer? Tem alguma ideia?

— Claro que ela tem. Não tem? — Nikolai suspirou profundamente. — Não tem, Hydra?

Foram parar perto da Mansão Malfoy, um caminho de pedras os guiava até perto da propriedade, enquanto ajeitavam as roupas amassadas e os cabelos cheios de folhas. Ainda usavam as roupas do casamento, mas dessa vez com casacos peludos e uma carranca que não trajavam antes. E é claro que Hydra tinha uma ideia, ela precisava sempre pensar em tudo, ainda mais quando lidava sempre com pessoas que estavam à quinhentos passos de distância. Como qualquer outra brilhante ideia, poderia dar errado, mas não custava tentar, afinal de contas não havia nada mais a perder, era o que eles pensavam.

— É claro que eu pensei em algo. — Hydra respondeu. — Vamos torcer para dar certo.

Ao chegar perto dos enormes portões da Mansão, encontraram Draco onde um dia Bellatrix esteve os esperando, fazendo Hydra se questionar quanto tempo teriam até que ela decidisse que a promessa estava paga. Draco sorriu, tentando passar uma calmaria inexistente, mas mesmo assim os outros ficaram levemente apavorados.

— Bom ver você de novo. — disse Nikolai, sorrindo. — Pensei que viria me... nos visitar novamente. Meus dragões sentiram sua falta.

Ele estava flertando?

— Estava esperando um convite.

E Draco estava correspondendo?

Hydra soube que não era a única a ter percebido aquilo, já que Penelope, que caminhava ao seu lado, também a encarou com uma das sobrancelhas grossas levantada. Se estavam flertando ou não, já havia parado de importar no momento em que entraram na grande casa, como sempre, os móveis escuros contrastavam com as velas acesas em uma luz amarelada, enquanto suas sombras caminhavam consigo e ficavam cada vez mais distantes, como se também quisessem desaparecer. Ao chegarem nas grandes portas que viram no outro dia, Hydra sentiu um arrepio em sua espinha que a fez questionar sobre sua própria sanidade, talvez Harry estivesse certo, talvez ela estivesse mesmo maluca e fosse apenas uma adolescente idiota com uma ideia terrível. Porém, feito uma boba, ela viu as portas se abrirem ao seu comando e entrou. Não entrou sozinha, mas nunca se sentiu tão só.

Penelope, ao seu lado, havia se transformado rapidamente na personalidade mais grotesca que poderia ter, olhava para os bruxos irreverentes que cercavam o Lord das Trevas como se fossem meras ratazanas, como se fossem inferiores. Hydra não se surpreendeu, afinal de contas, eram bons mentirosos, mas não estava acostumada com aquela demonstração de desafeto tão explícita. Seus dedos gelados apertaram uns aos outros, fechando o punho que ela gostaria de socar em Voldemort, mas ao invés disso lhe fez uma espécie de reverência e sorriu delicadamente. Voldemort, ao contrário do que esperava, não estava irritado, ao menos não por conta do ataque a festa não ter sido como o planejado. Eles haviam tomado o Ministério, tornando-o talvez o homem mais poderoso naquele momento, não pelos feitos em magia, mas pelo fato de ter suditos que trabalham para si. Que grandes homens não mandam em pequenos homens?