five

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   Continuamos abraçados até que o sol estivesse inteiramente no céu, iluminando as ruas de Tóquio.

   A mão quente dele continuava a mexer em meu cabelo, me acalmando gradativamente. Minha respiração estava baixa e calma, lágrimas não caiam mais e eu não brincava com as jóias em meus dedos.

   Meu corpo relaxou e eu me aconcheguei melhor na curva do braço de Dabi. Automaticamente fiquei mais quente, já que o corpo dele tinha uma temperatura elevada por conta de sua individualidade.

   Sua mão parou de mexer e desceu por minhas costas. Senti falta de seu carinho, mas não disse nada. Agora Dabi estava se apoiando com a mão no concreto.

— Você está melhor? - sua voz baixa e rouca me despertou de meus pensamentos.

— Hum... Sim, estou - não olhei diretamente para o mesmo, continuei contemplando os prédios altos da metrópole.

— Acho melhor nós descermos - olhou diretamente para meu rosto, fiz o mesmo, encarando a imensidão dos olhos dele.

— Tá.

   Puxei o edredom de meus braços e o deixei em minha frente, me preparando para dobra-lo, até que senti os dedos de Dabi roçarem em meu queixo, puxando-me de leve para mais perto dele.

   Nós nos encaramos por um tempo. O cabelo dele mexeu com o vento e tampou seus os olhos, que eram fundos e cobertos de roxos. Fios de minha cabeleira também tamparam minha visão, me distraindo.

   E foi neste momento em que amaldiçoei profundamente aquele vento, me fazendo perder a bela visão de Dabi vindo em minha direção e selando um beijo mínimo em minha testa. Como uma forma de dizer que estava tudo bem.

— Vou ir na frente - o maior se levantou devagar, tomando cuidado para não encostar em mim.

   Ele andou até a escada, sem virar para dizer um tchau ou dizer que esperava por mim no andar de baixo. Seu corpo alto e esguio desapareceu nas sombras da entrada daquele salão.

   Minhas bochechas ficaram levemente queimadas, como se eu tivesse passado um dia todo na praia. Fora um dos primeiros atos de cuidado que eu recebi depois de anos, isso significa muito para mim.

   Pude sentir uma leve impressão de que minha relação com Dabi não era apenas de provocações e mistérios, ele realmente estava querendo ser mais íntimo de minha pessoa. Mas eu não entendia o porquê de ser justamente eu.

   Ignorei estes pensamentos, tudo viria com o tempo, eu só tinha que ser paciente. Levantei devagar, dobrando a coberta e a colocando em baixo de meu braço. Desci as escadas sem pressa, sentindo a temperatura mudar quando chegava mais perto do bar onde todos geralmente ficavam.

   Assim que cheguei no corredor que dava acesso ao barzinho, andei sem
fazer barulho e fui silenciosamente para o centro de tudo, onde ouvi vozes baixas e de diferentes tons conversando. Inclusive a voz rouca de Dabi.

   Apareci e tentei fingir naturalidade, como se nada tivesse acontecido. Coloquei o edredom em cima do balcão e ignorei alguns olhares em mim, sentando em um dos bancos. Kurogiri estava do outro lado, de frente para mim e logo me ofereceu uma bebida. Reconheci como café e tomei um gole, começando a prestar atenção na conversa.

— Preciso que alguns de vocês resolvam isso para mim - Shigaraki disse, coçando o pescoço - Quero que cobrem os uniformes deles.

— E se eles negarem a entrega? - Mr.Compress perguntou.

— Torturem eles - disse por fim, simples a natural.

  Olhei para o relógio na parede, que estava ao lado da cabeça de Dabi. Os ponteiros mostravam que era cinco e quarenta e cinco da manhã. Ainda estava cedo.

𝒚𝒐𝒖 {dabi}Onde histórias criam vida. Descubra agora