fourty nine

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Toga colou o velcro da bota, encaixando perfeitamente o equipamento ortopédico em meu pé quebrado. Max estava ao meu lado, perguntando como eu me sentia usando aquilo, respondi com sinceridade, falando que era estranho porém nada desconfortável. Compress encarava o rapaz tatuado, indignado por toda a situação que passei, suas sobrancelhas estavam cerradas e os braços cruzados, quando o mesmo soube tudo o que aconteceu alguns dias atrás, faltou pular no pescoço de minha irmã, alegando encontrar a garota até no fim do mundo para se vingar por mim.

   Faziam dois dias desde o acontecimento. Durante esse período, Megan não apareceu no edifício e Max explicou que ela recebeu ordens de Shigaraki e precisou sair, Akashi indo com a mesma. Hoje era véspera de natal, os membros da Líga não se importavam com a data e nem mesmo pensavam em comemorar algo, a maioria precisava sair em missões e Tomura com certeza não apoiaria a ideia. Eu perguntava-me como estava Dabi, afinal, fazia um tempo que ele não aparecia pelos corredores do prédio, nem mesmo saía para comer. Eu também não tinha a confirmação de que o moreno não estava mais hipnotizado, esse fato deixava-me ansiosa.

— Bom, agora você precisa apenas tomar cuidado - o médico falou, dando um tapinha em minhas costas.

   Observei Max se levantar, levando um puxão de orelha vindo de Compress, que ameaçava o mais novo. Eu teria rido se não fosse por minha preocupação evidente com Megan e Dabi, também sentindo um nervosismo leve ao pensar em Katsuo algemado à alguns metros de distância dali. Meu dedos tremiam suavemente, não sendo perceptível para quem via de fora, porém eu sentia meu corpo todo fraco e sensível.

Peguei meu celular, observando o relógio digital mudar os minutos enquanto eu tentava pensar em outra coisa. Era quatro e cinquenta e três da tarde, da janela do quarto eu conseguia ver o sol se preparar para iluminar o outro lado do mundo, escondendo-se pouco a pouco no horizonte coberto de prédios enormes. Os raios solares da tarde batiam em minhas pernas, esquentando a derme gélida e diáfana. Meus dígitos percorreram um caminho por minhas coxas, tentando distrair minha mente carregada de preocupações. Sentia a necessidade desesperadora de espairecer, então me levantei do colchão aconchegante, segurando na muleta com cuidado para não cair.

Olhares curiosos me cercaram e vi Himiko se aproximar de mim, seus mãos minúscula tocando meu ombro gentilmente. Em seu rosto, uma expressão singela e pouca preocupada me esperava.

— Você está precisando de um tempo sozinha, certo? - ajeitou as madeixas de cabelo que caiam por meu rosto.

Concordei com a loira, vendo Max e Compress aceitarem a minha decisão. Caminhei para fora do quarto, andando em direção ao terraço e tomando todo cuidado do mundo por conta de minha perna quebrada. Meu andar era defeituoso e lento, porém com esforço e paciência eu conseguia dar passos certeiros e sólido no mármore claro. Ao chegar no alto das escadas, abri a porta de ferro vermelha, rumando para o parapeito, sentindo o vento frio bater contra meu rosto e esvoaçar meu cabelo escuro. Não estava um dia gelado, contudo não estava quente, era uma temperatura amena que continuava a me obrigar a usar um casaco caloroso e grosso.

   Observei o sol, sentindo seu calor emanar por todo o terraço e preencher toda minha face com um toque reconfortante. Sua coloração amarelada se misturando com um dourado majestoso cobria todo o céu, quase tornando-se um rosa magenta que sinalizava o crepúsculo de Tóquio.  Era tranquilizador ali encima, poder observar toda aquela beleza natural trazia uma paz confortável e carinhosa, tomando conta de toda a preocupação eminente que havia em meu peito. Escutei a porta do terraço ser aberta e fechada, passos lentos e suaves ecoando por todo o local enquanto eu esperava a pessoa chegar perto de mim, sua presença sendo familiar e facilmente reconhecida.

   Olhei para a esquerda, encontrando o perfil de Megan. Seu cabelo ruivo balançava por conta do vento, o nariz acentuava-se perfeitamente no rosto redondo e elegante, as sardas manchando suas bochechas gordinhas e pálidas. Emi não escondia suas marcas dessa vez, a pele estava limpa e natural, mostrando suas olheiras e cicatrizes pequenas que tinha em volta do contorno da face. Suspirou, deixando a brisa levar suas madeixas desbotadas enquanto abria os lábios ressacados para dizer algo. Apesar de manter-me em alerta perto da mais velha, me sentia segura perto da mesma.

— É uma bela vista, não acha? - continuei encarando-a.

— Sim - sussurrei, apertando as muletas ao lado de meu corpo rígido.

Megan se silenciou, observando os últimos minutos daquela tarde do dia vinte e quatro de dezembro, véspera de natal. Me perguntava se ela sentia falta das poucas ceias de natal que tivemos quando criança.

— Ahmya - começou, sua voz falhando levemente na primeira vogal - Eu te devo perdão.

Prendi a respiração, escutando tudo o que dizia enquanto observava o céu se tornar rosa.

— Perdão por não ter lhe dado apoio quando as coisas pioraram, perdão por não ter compreendido sua dor, perdão por ter sido egoista e pensado apenas em mim - arregalei os olhos - E perdão por querer acabar com a pouca felicidade que você encontrou depois de anos de sofrimento.

— Não fale besteira - senti minha garganta secar e a respiração falhar - Você se sacrificou por mim. Fez Katsuo te usar para eu não ter que sofrer, mesmo sabendo que não teríamos salvação desde o começo.

Meu peito doía. Era como se todos aqueles anos infernais estivessem sendo resolvidos pouco a pouco.

— Eu não te culpo por ter me deixado lá - a voz de Megan ficou chorosa, parecendo que a garota se afogava nas próprias lágrimas - Você apenas era uma adolescente, não tinha o que fazer.

Os raios solares deram seus últimos suspiros e sumiram pela escuridão das ruas de Tóquio. O rosto de minha irmã fora iluminado por uma última vez naquele dia, o cabelo ruivo tomando um brilho alaranjado e os olhos derramando lágrimas frias e sôfregas. Megan escondia o rosto por entre as mãos, sentindo vergonha e arrependimento por tudo que fez, seu choro era barulhento e doloroso, não me deixando resistir a vontade de desabar também. Me aproximei dela, abraçando seus ombros e enterrando o rosto da mais alta em minha curvatura, seus dedos com unhas roídas seguravam com força meu casaco acolchoado. Não sabia se me sentia aliviada por ter a pessoa que amo de volta, ou se ficava preocupada com o que aconteceria futuramente.

— Você foi tão forte por todos esses anos - sussurrou, fungando do cheiro de meu cabelo escuro e longo.

— Você também foi - as luzes dos prédios foram acesas, a noite dando início e o crepúsculo terminando.

   Abracei mais o corpo de minha irmã, a nostalgia de seu contato quente domindo todas minhas extremidades e deixando-me ainda mais sensível, a vontade de chorar não deixava meu peito. Megan cheirava a infância e família, as roupas largas tinham a mesma essência que o perfume favorite de mamãe na época. Fiquei feliz por ela ainda lembrar de nossa mãe.

— Você é feliz aqui, não é? - perguntou.

— Sou - sentia orgulho de dizer aquilo.

— Que sorte, fico tão feliz por poder viver con você sem desavenças - se afastou, as orbes cinzentas e cansadas encarando meu rosto - Me desculpe, de verdade.

   Dei um leve sorriso, concordando com ela. Megan também sorriu, porém fora um gesto culpado e arrependido.

— Você até mesmo tem alguém que te ama - uma lágrima escorreu por sua bochecha com a cicatriz.

   Dabi. Ela falava dele e eu sabia disso.

— Acho que ele está te esperando - me deu uma último abraço, sussurrando baixinho no pé de meu ouvido - Volte para ele.

   Meu coração estava disparado apenas de imaginar meu reencontro com o moreno. Fiquei aliviada por tudo se resolver entre mim e Megan, sentindo que as coisas melhorariam depois daquela conversa. Tinha certeza que Yuri estava orgulhosa de nós duas naquele momento.

*
att dupla hoje hein
akskskks

finalmente as coisas estão se resolvendo nesse caralho
e finalmente um capítulo sem alerta gatilho KKKKKKKK

beijocas amores

cap sem revisão!!!!!

𝒚𝒐𝒖 {dabi}Onde histórias criam vida. Descubra agora