twenty four

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alerta gatilho: muitas emoções descritas nestes capítulo

   Eu ouvia gritos ao fundo, alguns distantes e outros mais próximos. Um cheiro de cinzas prevalecia a minha volta, fazendo ardência em meu nariz.

   Abri os olhos, tentando compreender o que estava acontecendo. Minha cabeça latejava e minha boca tinha um gosto ferroso. Olhei para a esquerda, dando de cara com Akashi, que tinha os olhos arregalados e as orelhas para trás.

   Ele disse alguma coisa que não entendi, colocando as mãos em meus ombros me chacoalhando. Uma explosão chamou minha atenção pelo canto do olho, então virei minha cabeça para a direção da claridade.

   A visão que eu tive de heróis profissionais lutando contra Dabi, Twice, Shigaraki e Compress. Um zumbido começou em meu ouvido, o que me fez tentar tampas as orelhas, mas só então percebi que eu estava amarrada.

   Voltei meus olhos para Akashi, que ainda gritava algo inaudível para mim. Ele levantou sua mão, revelando suas garras afiadas de gato e soltou as cordas que me prendiam na cadeira. No mesmo segundo seus braços me envolveram, levando-me às pressas para fora da casa em chamas.

   Tudo estava destruído, paredes caídas, fogo pelos móveis e fumaça pelos ares. Tudo estava confuso para mim e quando Fuyuki finalmente me colocou encostada no muro do quintal, consegui entender o que ele dizia.

— Ahmya! Ahmya, responde! - sua voz desesperada soava.

   Seu tom parecia meio choroso e quando encarei seu rosto novamente, percebi lágrimas escorrendo por seus olhos de felino.

   Levantei minha mão com relutância, uma dor absurda tomando conta de mim. Toquei meus dedos em sua bochecha manchada de poeira e sangue, apoiando minha palma ali.

— Akashi... - a voz quase não saía, o tom era rouco e áspero. Eu sentia dor ao falar.

   Akashi segurou a mão que estava em seu rosto, apertando-a mais em si próprio e se permitiu a chorar, como se sentisse alguma culpa no peito.

— Me desculpa - foi a única coisa que disse antes de que Toga aparecesse em nossa frente.

   A loira estava descabelada, os olhos amarelos esbugalhados e a roupa rasgada. A blusa social branca da garota estava aberta, deixando uma parte dos seios à mostra, tampando apenas os bicos. Lágrimas escorreram por seu rosto bonito e Himiko se conteve em não gritar, tampando a boca com as costas da mão.

   Ela veio em minha direção, tirando meus cabelos manchados de sangue do rosto, observando com cuidado o meu resultado. Dores por todo meu corpo me preenchiam e isso me distraía demais ao ponto de nada conseguir ativar minha quirk.

— Ahmya... - outro estouro se fez na casa, o que impediu Toga de dizer algo.

   Chamas azuis tomaram a grama, chegando perto o suficiente para iluminar nossos corpos na escuridão. No fundo, onde a luta acontecia, a casa explodiu com tudo. Pedaços de concreto voavam juntamente com coisas irreconhecíveis.

   Arregalei meus olhos, dando um impulso para frente inconscientemente. Querendo ou não, aquele lugar foi a onde passei minha vida, onde cresci e vivi momentos com as pessoas que amava. Foi onde minha história começou.

   Apesar de todos os momentos ruins, por todas as brigas que meus pais tiveram, por todos os abusos psicológicos e sexuais que meu pai fez, eu ainda tinha memórias felizes com minha mãe e minha irmã. Eu queria pelo menos ter visto uma foto delas antes da casa explodir.

   Desatei-me em lágrimas, gritando desesperadamente em direção a construção. Toga e Akashi me olharam confusos e surpresos por minha primeira reação forte depois de acordar do desmaio. Ameacei levantar do chão, sentindo minhas pernas fraquejarem.

   Doía tudo. O joelho latejava, as costelas sufocavam, o sangue me engasgava, a cabeça latejava, o estômago revirava. E o pior de tudo, era como se eu tivesse perdido elas de novo. Como se dessa vez, eu realmente não teria como ver os rostos delas e poder me lembrar delas.

   Minhas mãos tremiam de ansiedade, os dedos não tinham forças para girar os anéis. Lágrimas manchavam minha visão e eu vomitava o líquido vermelho ferroso.

   Escutei passos apressados por cima das pedrinhas brancas, as mesmas que me irritavam. Logo ouvi a voz de Compress, porém meu insconsciente ignorava o que ele dizia. Toga o respondia com rapidez e Akashi voltava a me abraçar.

   Mesmo que o garoto não entendesse o que eu estava fazendo, ele tentava me confortar de alguma forma. Eu ouvia seu choro no pé de meu ouvido e imaginei o tanto que o mesmo estava assustado. Também me perguntei se ele ainda iria ficar na Líga depois de toda essa situação.

   Minha memória já voltava, e eu conseguia me lembrar da surra que levei até desmaiar na cadeira em meu antigo quarto. Eu tentava respirar fundo, porém o ar não vinha com a mesma frequência de antes.

   Minha mente rondava entre: o que os heróis faziam aqui, e como tudo isso se desenrolou? Além de ainda estar confusa sobre o que me pediam desculpas.

   Olhei para a casa explodida, sentindo a dor no peito intensificar. Fogo azul se espalhava em volta da mesma e no meio daquela confusão toda, vi Shigaraki andando em nossa direção. Ele não estava sozinho, Twice o seguia carregando alguém aos ombros e Dabi andava com a cabeça baixa no meio das chamas.

   Meu coração parou por cinco segundos, a respiração se acalmou, mas logo voltou a ficar acelerada. Ele estava ferido? Algo aconteceu com o mesmo?

   Meus braços fraquejaram e eu já não conseguia mais me apoiar no chão, então joguei meu peso para cima de Akashi, que me recebeu de bom grado. Eu ainda chorava, tantos sentimentos entalados em meu peito e não me preocuparia em guarda-los novamente.

   Tomura e Compress conversavam às pressas. O zumbido de suas vozes me enjoava e não me segurei para vomitar novamente, me apoiando em Fuyuki enquanto descartava todo o almoço do dia.

   A cada minuto eu fica mais fraca e pálida, as únicas cores em mim eram o vermelho, preto de meus cabelos e o cinza de meus olhos. A boca estava seca e áspera, eu precisava urgentemente de água.

— Pegue ela - escutei a voz de Kurogiri. Em que momento ele chegou ali?

   Levantei o olhar, encontrando o azul brilhante de Dabi, que estava em minha frente. Os olhos inexpressivos, sem vida e emoções. Meu coração falhou novamente.

   Ele passou seus braços em minha volta, me levantando em estilo noiva. Apoiei a cabeça em seu peito quente, sentindo o cheiro de cinzas e suor. Era tanta informação para minha cabeça que não conseguia raciocinar. Única coisa que se estabelecia em meus pensamentos era a dor.

   Observei Kurogiri abrir um portal, onde Tomura acompanhado de Twice e Toga entraram. Logo após, Dabi e eu passamos pela esfera roxeada, aparecendo no esconderijo familiar de sempre.

   Antes de desmaiar novamente, escutei a voz do moreno sussurrar algo para mim, algo que me acalmou por mínimos segundos, porém os melhores segundos naquele momento.

  *
ai gente... espero que tenham gostado, expressei tanto os sentimentos da Ahmya nessa cap que deu até dor de cabeça...

tadinha da menina, sofreu tanto na vida :/

bom, é isso, até a próxima:)

cap sem revisão!!!!
eu mudei a capa vocês viram?? eu adorei vei, meu amigo que fez to quase chorando akskskak

𝒚𝒐𝒖 {dabi}Onde histórias criam vida. Descubra agora