fourty one

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   Eu mexia o macarrão instantâneo em minha tijela, observando a fumacinha sair da comida e desaparecer no ar. A cozinha estava fazia e fria, o horário justificando o fato de eu estar só no cômodo. Os ponteiros do relógio marcavam quatro e cinco da manhã, a maioria dos membros da Líga dormiam, incluindo Dabi, que deixei sozinho em seu quarto enquanto eu vinha saciar minha fome.

Escutei passos lentos e então olhei para o arco de entrada, por onde passava Emi, vestida apenas de roupas íntimas. A ruiva me olhou dos pés a cabeça, uma expressão estressada no rosto. Resolvi não dizer nada para a garota, voltando a comer meu miojo quieta em meu canto. Ela andou até a geladeira, buscando a jarra de água gelada, jogou o líquido em um recipiente e logo o bebeu, encostada na arquibancada da pia.

Os olhos cinzentos da garota me encaravam e isso me deixava desconfortável, um nervosismo se instalando por não saber o que fazer naquela situação. Encarei-a de volta, sentindo o clima na cozinha ficar tenso e me perguntei o que estava acontecendo.

— Seu aniversário foi ontem, certo? - questionou, jogando o resto de sua água na pia.

— Sim - deixei o talher na tijela - Por quê?

— Não gosto dessa data - estranhei. Eu tinha algo a ver com aquilo?

— Hã... Tá? - voltei a comer o macarrão nada saudável, ainda confusa.

Emi ficou em silêncio, encarando seus próprios pés descalços. O cabelo ruivo estava bagunçado e volumoso, lhe dando um ar dorminhoco, porém a garota parecia muito bem acordada. Observei as marcas em sua coxa esquerda, estranhando o fato da mesma ter tantas cicatrizes em seu corpo. Eram profundas e pareciam contar uma história bem mais antiga e bizarra, como se fosse um passado sombrio que a garota não se permitia falar. Notei mais algumas marcas avermelhadas por suas costas desnudas. Me senti desconfortável por estar encarando a menina daquele jeito.

— Emi - chamei.

Nossos olhos cinzas se encontraram e senti um arrepio estranho passar por minha coluna.

— Desculpa a pergunta, mas... - parei um pouco, pensando no que dizer - De onde vieram tantas cicatrizes?

Indiquei à sua pele diáfana manchada de um rosa claro, que sobressaía em algumas partes. A ruiva me olhou indignada, como se eu fosse um ser extremamente falso e corrupto, olhava-me com nojo e desgosto. Arrependimento me consumiu por completo e quando fui dizer que a garota não era obrigada a me contar nada, Emi me respondeu com uma pergunta estranha, que não fez sentido nenhum.

— Você vai se fazer de cínica? - cerrou os punhos.

Fiquei quieta, tentando raciocinar as palavras da ruiva. Sua expressão me assustava, fazendo meu cérebro entrar em colapso para entender seu surto repentino. Eu entendia que minha pergunta fora invasiva, mas a raiva descomunal da garota preenchia o ambiente, sua respiração conseguia ser escutada por qualquer um que estivesse no cômodo.

Emi veio em minha direção, parando do outro lado do balcão que nos separava, as mãos apoiados no granito escuro. Suas sobrancelhas estavam cerradas e as orbes tempestuosas demonstravam decepção e ódio, uma dor sendo escondia pelos dois sentimentos mais marcantes. Seu cabelo vermelho caiu sobre a bochecha, mostrando a tintura mal feita em seus fios desbotados. Emi o soprou para longe, expondo sua cicatriz no olho novamente.

— Sua vadiazinha otária - cuspiu as palavras - Depois de tudo aquilo, você ainda me pergunta o que é isso? Eu vou te mostrar o que são essas cicatrizes malditas.

Ameaçou avançar em mim, sendo interrompida pela voz de Max calma e baixa, chamando pela garota raivosa com cuidado. Emi o olhou, respirando fundo e voltando para sua posição anterior, recompondo-se de seu surto. As pupilas negras estavam dilatadas e o cinza turbulento encarou-me outra vez, como um aviso de que eu deveria tomar cuidado.

Sairam da cozinha, Max segurando a cintura da garota enquanto andava, vi sua boca sussurrar palavras incompreensíveis para mim e comecei a desconfiar dos dois. Dúvidas passavam por minha mente, todas sem respostas e cada vez mais as perguntas se tornavam complexas demais para meus neurônios entenderem. As palavras da ruiva não tinham sentido para mim e nenhuma de suas ações eram captáveis. Furos e mistérios me deixavam louca, a única solução que encontrei para cessar meus questionamentos fora voltar para os braços quentes de Dabi, sabendo que não conseguiria dormir novamente.

Observei o nascer do sol deitada por entre os músculos torneados do moreno, vendo os raios luminosos tomar Tóquio enquanto eu ainda pensava na garota ruiva de olhos cinzentos. Uma dor de cabeça forte me pegou de surpresa e me vi buscando pelos cigarros de Dabi, tentando a todo custo não acordar o maior, já que o mesmo não dormia com frequência.

Acendiei a maconha bolada, tragando de sua fumaça quente. Minha garganta se aqueceu com a mesma, loga soltando-a pelo quarto. Eu estava de frente para as vidraças do cômodo, observando as ruas vazias daquele bairro, vestia apenas o blusão escuro do homem deitado a poucos metros de mim. Senti meu corpo relaxar com a erva entrando em meu pulmão nada saudável. Contemplei mais uma vez o amanhecer rosada e apaguei o baseado, voltando para a cama aconchegante, onde finalmente consegui dormi sentindo o cheirinho adorável de Dabi.

*
oi gente
cap curto, foi mal

se preparem, ok? não vou ser boazinha com essa história, eu preservo demais o contexto e afins

fiquem com as reflexões sobre o que a emi falava...
beijocas da tia nanda!!

cap sem revisão!!!!!

𝒚𝒐𝒖 {dabi}Onde histórias criam vida. Descubra agora