Eu vestia um sobretudo preto com uma calça jeans colada ao corpo, botas escuras com um salto pequeno. Meus passos eram silenciosos naquela noite fria com uma ventania rápida.Os coqueiros da ilha balançavam-se de um lado para o outro e o cheiro salgado vinha mais forte com a brisa gelada. Eu me apressava para chegar rapidamente na casinha abandonada naquela vastidão de vegetação litorânea.
Eu procurava com os olhos o telhado velho, as paredes apodrecidas e os escombros em volta do terreno. Até que no meio de cipós e árvores tropicais, enxerguei uma leve iluminação em uma casinha de no máximo três cômodos.
Fui em direção à ela, me preparando mentalmente antes de poder entrar na mesma. A construção era coberta de trepadeiras, e a cada passo dado, eu conseguia sentir o cheiro de mofo vindo dela.
Parei de frente a porta de ferro enferrujada, pela janela eu conseguia ver uma vela acesa no canto do cômodo. Apenas uma cama com colchão bem fino e uma pessoa presa pelos pés que preenchiam aquele lugar vazio.
Adentrei o local, o mofo invadindo minhas narinas e se misturando com a acidez do cheiro do mar. A pessoa sentada na cama levantou a cabeça, o olhar lúgubre se fixando em mim.
Percebi sua aparência mórbida, olhos baixos e sem expressão, metade do rosto queimado e roxo. Na lateral do rosto havia sangue seco, que vinha do alto de sua cabeça. A única coisa que vestia era uma bermuda rasgada.
Fechei a boca, segurando para não vomitar ao sentir o cheiro de podridão vindo do homem à minha frente.
— Você está viva - disse com dificuldade. Sua tosse seca me incomodou e me senti contaminada perto dele.
— É claro que estou, achou mesmo que eu iria morrer por sua causa? - perguntei debochando, chegando perto do mesmo.
Estávamos a passos de distância, a figura doentia remexia-se inqueito no colchão precário. O homem batia o pé que estava enrolado pela corrente de ferro. A pela quase se rasgando de tanto puxar a mesma.
Avançou em minha direção, os braços estendidos e a expressão raivosa. Não me deixei sair da posição, o olhar com repulsa e superioridade. O homem não consegui me alcançar, a corrente o fazia se mover em uma curta distância, assim não deixando-o encostar em mim.
Sorri, um sentimento se aflorando em meu peito.
— Ah... Que pena, não é mesmo, Katsuo? - observei o rosto coberto de queimaduras.
O velho continuava tentando me acertar, o cenho franzido e irritado. Me comovia o ver tão necessitado para me matar.
— Aquele maldito... Se não fosse por ele você já estaria morta - desistiu, voltando a posição inicial.
— Hum... Verdade - me lembrei da noite em que levei uma surra e de Dabi chegando no local - Já o agradeceu? Ele se esforçou para não te matar antes de mim.
Joguei o cabelo escuro para trás enquanto ainda o encarava com superioridade.
— Vocês são namoradinhos? - sorriu traveso - Então é só eu botar minhas mãos nele que você sofrerá, certo?
Gargalhei, rindo de sua estupida ideia.
— Você acha mesmo que isso é possível? - me abaixei, apoiando os braços nos joelhos enquanto buscava seus olhos - Você acha que tem chances? Dabi quase fez pó de sua ridícula existência. Não achei que você seria tão burrinho assim, papai.
Voltei a ficar de pé, observando com cuidado as manchas escuras das paredes.
— Um lugar digno de um psicopata. O que acha de se mudar para cá, já que sua casa fora destruída? - provoquei o mais velho, assistindo seu rosto mudar para o tom de vermelho.
— O que veio fazer aqui, Ahmya? - sua voz saiu baixa.
Pensei um pouco. O que eu realmente queria com ele? O matar? Tortura-lo? Eu não tinha um objetivo fixo no momento. Todas as opções cruéis me eram atraentes.
O ódio que sentia por Katsuo era imenso, porém a minha vontade de afasta-lo de minha vida era maior. Queria-o ao máximo longe de mim, queria poder esquecer-me de sua existência. Não o queria como pai, como familiar e conhecido. O queria como uma pessoa que eu nem mesmo sabia da existência.
O que eu estava fazendo ali? Era fácil responder, eu apenas queria confirmar se o mais velho estava vivo. E por quê? Porque seria eu quem tiraria sua vida futuramente.
Fechei os olhos, soltando o ar lentamente. Virei-me de costas para Katsuo, seguindo rumo à porta de ferro da casa abandonada.
Continuava calada, eu não tinha obrigação de o responder. Deixei que o silêncio vagasse por sua cabeça, esperando que o mesmo dissesse algo antes de sair da casa.
— Responde!!! - gritou.
O olhei por cima do ombro, os olhos cerrados e transbordando sarcasmo.
— Por que eu deveria te contar? Você não passa de um imbecil sem neurônios, não vou gastar meu tempo dizendo meus planos para você - abri a porta, saindo do local enquanto seus gritos raivosos preenchiam meus ouvidos.
Ao sair de lá, andei sem rumo até a trilha que dava para a praia. A lua se mantia no centro do céu, refletindo-se na água salgada e movimentada pelas ondas.
Minhas botas se afundavam na areia solta e eu me esforçava para não perder o equilíbrio. Desisti de tentar uma caminhada na praia e me sentei com cuidado no chão. O sobretudo cobrindo meu corpo do frio úmido que vinha do vento que batia no mar.
Meus fios negros eram levados para trás com a ventania, a brisa gélida batendo ao meu rosto com força, fazendo-me fechar os olhos por poucos segundos.
— Ahmya - arregalei os olhos, virando para a esquerda, de onde eu vim.
— Que porra! - exclamei, levando a mão ao peito - Qual o problema de vocês?
Toga tinha sua mão entrelaçada com Akashi, Compress me observava com cuidado enquanto tragava um cigarro. Me arrepiei, sabendo que algo estava por vir.
— O que você foi fazer lá? - o mais velho lançou a flecha de uma vez, acertando meu coração com maestria.
Meu corpo esfriou e uma ansiedade leviana estabeleceu-se no inteiro de meu estômago. Suspirei, sabendo que não teria como esconder as coisas de Compress.
— Vocês me seguiram? - perguntei.
— Sim - os três responderam de uma vez.
O mágico veio para perto de mim, sentando-se e encarando meus olhos. Era como se o mesmo conseguisse ler toda minha alma, tivesse acesso a todos meus segredos e dores que abatia-me no coração.
— Esperamos o seu tempo para se sentir confortável em nos contar o que aconteceu naquele dia... - começou, apagando seu cigarro - Porém estamos começando a ficar preocupados. O que realmente está acontecendo, Ahmya?
Aquelas palavras eram as que mais me atormentavam, porém quando vindas de Compress, eu me sentia capaz de poder confessar meus pesadelos sombrios.
Inspirei do ar salgado, aproveitando da brisa antes de poder finalmente dizer algo sem medo.
— Ele é meu pai - abracei os joelhos, me confortando mais no sobretudo escuro.
Um silêncio se estabeleceu por nós. Toga tinha os olhos arregalados, Akashi mantia-se quieto e me olhava confuso, e Compress estava calado, com a cabeça baixa.
O mágico passou seu braço direito por meus ombros, me trazendo para perto em um abraço ladino. Apoiou minha cabeça em seu peito quente e disse:
— Pai nenhum faz este tipo de coisa - e novamente, me senti acolhida no meio dos vilões que a sociedade tanto criticava.
*
Hey! é a nanda^^
(vou voltar a usar isso skskjsk)
GENTE VOCES FIZERAM ESSA FIC BATER 17K AAAAAAAAtia nanda ama vocês💕
obrigada por tudoooooo❤️uma feliz páscoa e uma boa semana💞
cap sem revisão!!!!!!!
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𝒚𝒐𝒖 {dabi}
FanfictionDepois de ser recrutada para a Liga dos Vilões, Ahmya fica tentada entre descobrir mais sobre Dabi ou manter-se quieta em seu canto. Porém, ao que tudo indica, ela não era a única curiosa. Dabi observava a garota de longe e sentia desejo ao ve...