twenty five

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"I guess what I'm trying to say is I need the deep end
Keep imagining meeting, wished away entire lifetimes
Unfair we're not somewhere misbehaving for days
Great escape, lost track of time and space
She's a silver lining, climing on my desire"

A melodia era tocada ao fundo, agressiva enquanto acompanhava a bateria e a guitarra. O som era reconhecido por mim e a primeira lembrança que tive enquanto escutava aquela música foi de Dabi e eu.

Lembro-me de seus toques por meu corpo e de sua boca colada na minha. Ainda conseguia sentir sua respiração batendo em meu ouvido quando perguntava se eu era dele.

Escutei um sussurro distante, como se fosse o sopro do vento. A voz rouca e baixa ecoou por minha mente, me instigando a abrir os olhos, porém era difícil demais tal ato. Os músculos em volta de minhas orbes doíam quando eu forçava a abertura dos mesmos.

A música continuava tocando, alguém a cantando suavemente ao fundo. Dedos quentes passavam por meu rosto, me fazendo sentir leves pontadas de dor.

Eu queria abrir os olhos, queria poder ver o que realmente estava acontecendo, queria ver quem cantava aquela canção em súplica. Conforme eu forçava minhas pálpebras, meu ouvido ficava mais aguçado e os sentidos voltavam aos poucos.

Minhas mãos estavam dormente, a cabeça latejava um pouco, a respiração estava defeituosa, minha boca tinha gosto de sangue e um cheiro familiar preenchia minhas narinas. Canela misturada com mel e uma pontada de ervas no meio.

Escutei a letra da música com cuidado. Tentando traduzir palavra por palavra enquanto a melodia era tocada nos últimos minutos.

"I go crazy, 'cause here ins't where I wanna be
And satisfaction feels like a distant memory
And I can't help myself, all I
Wanna hear her say is: Are you mine?
Well, are you mine?
Are you mine?
Are you mine?"

Sim, eu sou sua. Sou inteiramente sua. Cada partícula em meu corpo te pertence. Todas as minhas células obedecem os seus comandos. Todos meus movimentos te envolvem. Somos como ímãs, quando você se mexe, eu me mexo. Quando você fala, eu escuto. Quando você pergunta se sou sua, meu peito dói para que eu consiga te responder na mesma urgência em que você questiona.

Os movimentos da mão quente pararam em minha testa, onde os dedos percorreram pelas laterais de meu rosto. Tirou fios de cabelo que tampavam sua visão de mim, os colocando atrás da orelha.

Forcei novamente minhas pálpebras, conseguindo levantá-las lentamente. A visão ainda turva não me dava certeza do que eu estava vendo. Era escuro e frio, borrado e sem forma, confuso e incompreensível.

Com os olhos ainda entreabertos, eu tentava a todo custo poder abri-los de uma vez, para acabar com a inquietação em meu peito. Eu precisava ver o dono daquela voz, que agora já estava calado.

Quando finalmente consegui ter a visão total de antes, uma lágrima desceu por meus olhos cinzentos. O lugar em que eu estava era irreconhecível, eu nunca havia estado ali antes.

Forcei minha cabeça para a direita, escutando uma nova música começar no telefone aos meus pés na cama. Foquei meus olhos na figura surpresa ao meu lado. As sobrancelhas arregaladas, a boca meio aberta e as mãos estáticas ao ar.

O moreno soltou uma chama inconscientemente, que subiu por seu braço e desapareceu nos cabelos. Faíscas ainda brincavam em seu corpo, minúsculas e rápidas. As orbes azuis vibrantes combinando com sua própria quirk.

𝒚𝒐𝒖 {dabi}Onde histórias criam vida. Descubra agora