thirty three

5.5K 585 653
                                    


Eu olhava a figura retorcida a minha frente, imaginando o que se passou na cabeça do pintor para fazer uma obra tão bem colocada e desenhada. O verde ressaltava o cinza e o amarelo trazia vida ao vermelho. Eram um misto de linhas que se encontravam naquela pintura.

Imaginava se os sentimentos das pessoas se conectavam como naquele quadro do corredor da cabana. Mesmo sendo uma especialista em emoções, eu preferia não me envolver demais com sentimentos, sempre causavam confusões.

Depois de duas semanas desde o encontro com Katsuo, eu sentia meu corpo leve e recuperado. E consequentemente, as emoções estavam estáveis em certo nível. Porém algo me incomodava.

Dúvidas percorriam minha mente. As lembranças de Dabi me desejando e de quando o mesmo disse que eu não era "nada demais" passavam por minhas veias como um ácido quente. O que realmente ele queria comigo?

Eu sentia vontade de ser dele, sempre senti. O momento em que vi ele pela primeira vez eu já sabia que algo aconteceria entre mim e o maior. E eu queria explicações para tudo isso, queria ouvir da boca dele que o moreno me amava, que me queria tanto ao ponto de explodir.

Suspirei, passando as mãos pelo cabelo bagunçado. O quadro em minha frente continuava me chamando a atenção e eu me sentia tentada em descobrir o porquê uma obra abstrata me abalava tanto. Ignorei aquela sensação, indo para o local de encontro que Tomura disse.

Mais cedo naquele dia, Shigaraki mandou que nos encontrássemos na sala, pois teria que nos comunicar de algo. Eu sentia um leve nervosismo, por não fazer ideia do que o líder iria querer de nós.

Meus passos cessaram quando cheguei no cômodo dito. Todos estavam ali, o tamanho de pessoas diminuído por conta do último conflito com heróis. Kurogiri ao centro acompanhado de Tomura.

A maioria estava sentada nos sofás e poltronas da sala, eu me mantia em
pé, encostada na parede enfeitada de mais quadros abstratos. Dabi encontrava-se na porta, de costas para nós, observando a noite fria do lado de fora. Via o mesmo brincar com as chamas em sua mão, que ficavam iluminadas pelo azul cintilante.

Escutei Kurogiri chamar nossa atenção, fazendo com que meus olhos batessem no líder da Líga.

— Bom... - demorou para dizer o resto - A última vez que enfrentamos os heróis, a maioria de nós foram presos.

Inspirei o ar, já sabendo o que o mesmo iria dizer, então completei sua frase:

— Iremos buscar por mais pessoas, certo?

— Sim - Shigaraki respondeu minha pergunta.

Concordei com a cabeça, esperando mais explicações do mesmo.

— Porém não quero que todos se envolvam nisto. Apenas eu, Dabi e Compress iremos atrás de recrutas - Kurogiri tomou a posse de fala.

   Prendi o ar. Pelo jeito não conseguiria falar com Dabi tão cedo assim.

— O resto pode ir embora, apenas os dois que falei ficam - os membros se entreolharam, começando a se levantarem dos próprios lugares e circularem pela casa.

Fiz o mesmo, andando em direção ao jardim, onde a noite fria me esperava.

Sentia o vento bater fortemente por entre as árvores. A brisa era gélida, porém morna na solidão. Era como um abraço silencioso, que esquentava meu peito de escuridão e insegurança.

Doía existir, doía estar aqui. Doía lembrar do passado e pensar nos meus próximos passos. Eu estava doida de não ter certeza das coisas, de não ter certeza das palavras dele, de não saber se seus atos eram reais ou apenas golpes.

Ele me puxava com tanta facilidade para seu poço sem fundo, e eu não tinha medo de me entregar ao moreno. Queria-o tanto, queria-o comigo, feliz comigo, chorando comigo, gemendo comigo, gritando comigo, sorrindo comigo e sofrendo comigo.

Era dificil me concentrar em outras coisas quando Dabi era apenas meu foco naquela sufocante vida sem soluções e respostas. Porém não era tão ruim assim quando me lembrava de seu toque e presença. Ele é meu porto seguro, minha dependência emocional e minha sensação de estar viva.

— Por que está tão triste olhando para a lua assim? - as mãos quentes passaram por minha nuca.

Sua voz grossa bateu rente ao meu ouvido, fazendo-me arrepiar por inteiro.

— Está assim por que vou ficar fora por uns dias? - beijou meu ombro coberto pelo sobretudo preto.

Minhas pernas tremeram, por sua aproximação e calor repentino. Dabi continuava por trás de mim, seu cheiro de canela e mel imundando o ambiente com rapidez.

Ele me rodou, ficando em minha frente. Os olhos azuis mostravam um tom provocativo, a boca puxada em um sorriso ladino e o cabelo caído sobre a testa alva. Suas roupas pretas phe caíam bem — como sempre —, as botas longas lhe dando um ar bad boy rotineiro. Tudo nele era atraente.

— Dabi - pronunciei seu nome, sussurrando devagar cada sílaba na palavra.

— Ahmya - proferiu, me imitando.

Seus dedos brincaram com minha pele diáfana, subindo pela bochecha avermelhada e indo até a mecha de cabelo que caía sobre o olho.

— Eu gosto tanto do seus olhos - se aproximou, me observando com cuidado - Gosto de quando eles mostram que você é submissa à mim.

— Perdão? - interrompi suas carícias perversas, segurando a mão quente enquanto o encarava com indignação.

Dabi riu, achando graça de minhas reações. Esse era o problema, eu sempre era engraçada para ele.

— Você entendeu, meu amor - entrelaçou os dedos nos meus, puxando meu braço e dando um selinho em minha mão. Os olhos ainda me observando.

— O que você quer? - perguntei, não me importando em continuar nossos toques.

O moreno permaneceu em silêncio por alguns segundos, pensando no que deveria dizer.

— Espere por mim - a voz grave saiu baixa, quase como um suspiro dos últimos segundos de vida.

— Como assim esperar por você? - senti ele se aproximar, deixando nossos lábios a poucos centímetros de distância.

Sua respiração batia no alto de meu nariz, a boca roçava com minha parte superior. O calor de seu corpo começava a me esquentar na noite gélida da ilha. As mãos continuavam juntas, Dabi a apertando com urgência enquanto tentava dizer as palavras sem hesitação.

— Não se esqueça de mim enquanto eu estiver fora - aquela simples frase ressoou com suavidade entre nós dois, os olhos dele batendo de encontro com os meus - Não desista de...

Eu o interrompi, grudando os meus lábios com os deles. Sua boca quente batia contra a minha, que era gelada e seca. Os movimentos aos poucos iam se intensificando e esquentando o meu corpo. Ele se movia devagar enquanto nosso beijo molhada se aprofundava. O mesmo puxava-me com força em sua direção, em um ato de urgência.

Separamos o contato depois d eum tempo, minha respiração instável acompanhando a do mesmo. Dabi tinha as duas mãos em meu rosto, me encarava com cuidado, o azul cintilante brilhando na escuridão da noite.

— Até mais - me deu um selinho, distanciando-se e indo até a cabana.

*
autora escreveu esse cap tendo uma crise de ansiedade

me desculpem a demora, me deu block de criatividade:/

queria agradecer a todo apoio de vocês! a fic anda crescendo a cada dia por conta de vocês, leitores! espero que todos estejam gostando, de verdade :)

amo muito vocês!!
beijocas da nanda

mais uma coisinha!! a Ahmya não é baixinha não viu, gente? ela tem 1,67, Dabi só é mais alto.

cap sem revisão!!!!!!!

𝒚𝒐𝒖 {dabi}Onde histórias criam vida. Descubra agora