twenty three

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gatilho de violência


Andei pelas ruas movimentadas de Tóquio, tendo como objetivo o bairro onde atualmente eu morava. Me dava desgosto lembrar que eu dormia no mesmo teto que aquele velho psicopata.

Tentei me acalmar, afinal, eu já procurava por imóveis por um tempo e alguns me agradaram ao ponto de eu ligar para imobiliária. Estava tudo sobre controle, eu não precisava me preocupar.

Parei na frente da casa tradicional japonesa, respirando fundo antes de abrir o portão e entrar no lugar. Meus pés batiam nas pedrinhas brancas que tinham no chão, me deixando levemente irritada.

Corria até o assoalho, onde tirei meu tênis para entrar dentro da casa. A mesma estava silenciosa e não havia nenhuma movimentação dentro dela. Estranhei, porém continuei meu caminho.

Andei pelo corredor que levava ao meu quarto, prestando atenção em minha volta. Todas as lâmpadas estavam desligadas e as cortinas tampavam a iluminação que vinha da lua. Um clima melancólico se estabelecia na atmosfera.

Respirei fundo. Eu estava enlouquecendo, com certeza. Não tinha o porquê de eu ficar ansiosa, a casa só estava desse jeito porquê Katsuo saiu. Relaxei os ombros, abrindo a porta de correr de meu quarto.

Não dei mais nenhum passo. Minha mente trabalhou mais um pouco e então me coloquei em posição se alerta. Se Katsuo saiu, por que a porta estava destrancada quando eu cheguei?

Minha respiração ficou acelerada e uma ansiedade dominou meu corpo. Esperei por algum movimento estranho das sombras, e bolei uma estratégia em dois segundos na cabeça.

Me enfiei no quarto, trancando a porta de correr logo após o ato. Peguei meu celular digitando rapidamente meu endereço e mandando na primeira conversa que havia no aplicativo de mensagens. Joguei o celular em qualquer canto do quarto, o que fosse para ser, será.

Escutei uma gargalhada do lado de fora do cômodo. Não me era familiar, então julgava ser um desconhecido.

— Sua filha é inteligente, Ueno-san - uma voz masculina, grossa e falha disse.

Escutei algo bater de encontro com a entrada do quarto. Deduzi que o homem que estava com meu pai queria arrombar a porta. Respirei fundo, esperando pelo baque.

— Vocês não precisam arrombar a porta - ouvi uma voz familiar, mas não era de Katsuo.

Uma voz jovial, baixa e grave. Um arrepio passou por meu corpo e me amaldiçoei de tantos nomes possíveis que comecei a tremer de arrependimento. Eu queria nunca ter ido na festa de ontem.

— Ei, Ueno-chan. Se lembra de mim, certo? - escutei um tilintar e então a porta foi aberta, revelando a cabeleira azul de Mitsuki - Ou devo dizer, Ahmya?

   Dois homens vieram atrás do garoto, um era Katsuo e outro era um careca alto, todo musculoso. Eu estava levemente ferrada.

— Você deu tanto azar de ter ido para uma balada junto com aqueles vilões - lamentou falsamente.

— Agora quem está em minhas mãos é você, querida - meu pai acenou com a cabeça e observei o outro homem avançar em minha direção, me dando um chute forte na barriga.

𝒚𝒐𝒖 {dabi}Onde histórias criam vida. Descubra agora