14. JACOB

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   Passo a mão pela camisa uma última vez para desamassá-la antes de pegar as chaves do carro e sair de casa

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Passo a mão pela camisa uma última vez para desamassá-la antes de pegar as chaves do carro e sair de casa. Lucy está no apartamento de Chloe esse final de semana, o que me permitiu fazer a coisa menos sensata dos últimos anos: ir para um bar distrair a cabeça e, talvez, conhecer uma pessoa legal.

   Pelo menos foi isso que Liam me disse por telefone algumas horas atrás.

- O que você vai fazer em casa num sábado a noite? – perguntou meu irmão enquanto eu estava jogado no sofá, assistindo a reprise de um jogo qualquer de basquete dos Lakers.

- Não sei. Trabalhar, talvez – respondi, tomando um gole do meu refrigerante.

  Liam bufou, claramente irritado com minha resposta – Preciso ir até Los Angeles e te fazer sair de casa? Você tá divorciado agora, pode sair e tentar se divertir.

- Não tenho mais idade para isso – retruquei mesmo sabendo o quão ridículo isso soava.

- Deixe de ser estúpido, Jacob – meu irmão riu, tentando manter seu tom autoritário – Tem 28 anos e está solteiro. É sábado. Vai aproveitar.

   Passei a mão pelo rosto, coçando minha barba por fazer – Não sei mais ter esse tipo de vida, Liam. Nunca soube, muito menos com Lucy. Não sei o que é sair e ter um tempo para mim mesmo há anos.

   Não que eu estivesse reclamando; amo cada segundo com a minha filha e não mudaria nada do que passamos. Mas sejamos sinceros, quando se é pai você abdica boa parte da sua vida em função do seu filho. É a escolha que fazemos.

- Sei disso – a voz de meu irmão se suavizou – Sei que é um pai super dedicado e o admiro por isso. Mas Lucy está com Chloe essa semana e apesar de tudo, sabemos que ela é uma boa mãe. Não tem com que se preocupar.

   Permaneci em silencio, sabendo que ele tinha um ponto. Isso o incentivou a continuar – Vamos, pense nisso como uma noite só para você – argumentou, seu tom de terapeuta entrando em ação. – Vá para um bar, beba sua cerveja, assista alguma coisa ou jogue sinuca. E se encontrar alguém interessante... encontrou. Deixe acontecer. Não seja tão travado.

   Refleti por um tempo. Talvez não fosse tão ruim afinal. Eu sempre poderia pegar meu carro e voltar para casa. – Tudo bem – concordei, escutando Liam triunfar do outro lado.

   Foi assim que me meti nessa, dirigindo pelo centro de Los Angeles em busca de algum lugar em que pudesse beber, comer e ir para casa, dizendo para meu irmão amanhã que essa vida não é para mim. Que prefiro organizar o quarto de Lucy nos dias em que ela está com a mãe do que sair por aí, fingindo que sou um cara casual.

   Opto por um bar esportivo, cheio de torcedores entusiasmados para o jogo de futebol americano entre Los Angeles Rams e o New England Patriots. Acho que o que me atrai para cá é principalmente o fato de saber que esse seria um lugar que Liam frequentaria sem pensar duas vezes, mesmo sendo torcedor fissurado do New York Jets.

Todos os dias deixados para trásOnde histórias criam vida. Descubra agora