15. JACOB

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- Se acontecer qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, é só me ligar – digo para minha mãe, entregando Lucy em seu colo na porta da casa na qual cresci

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- Se acontecer qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, é só me ligar – digo para minha mãe, entregando Lucy em seu colo na porta da casa na qual cresci.

- Jacob Jackson, já é a terceira vez que você me fala isso – pega minha filha em seus braços, acariciando os fios loiros de sua cabeça enquanto dorme. – Se continuar com isso, ficarei ofendida. Criei você, não?

A culpa se insta-la em meu peito – Desculpe, mãe.

O olhar da mulher a minha frente amolece. Ela levanta a mão para meu rosto, dando dois tapinhas suaves em minha bochecha – Pode sair tranquilo, querido. Aproveite a noite com sua esposa. Estaremos bem.

Relaxo os ombros, concordando – Sim, é o que espero. – Dou um passo para trás, determinado a voltar para o carro em que Chloe me espera. – Não a deixe acordar muito tarde amanhã. Venho buscá-la no almoço.

- Tchau, filho – é a resposta de Natalie, fechando a porta logo em seguida.

Caminho pela grama em frente a sua casa, entrando no carro em seguida e passando o cinto de segurança.

- Ela não acordou quando saiu do seu colo? – minha esposa pergunta, sentada ao lado.

Viro o pescoço em sua direção, no banco do passageiro, admirando seu corpo no vestido tomara que caia laranja, num tom semelhante ao do pôr do sol. É um contraste interessante com seus fios loiros que caem como ondas por suas costas.

- Não, ela continuou dormindo – digo, manobrando o carro para tirá-lo dali.

Lucy sempre teve esse costume de dormir no carro, mesmo que só estivéssemos andando por dois minutos. Era um ciclo: ela ficava irritada ou chorona, nós a levávamos para dar um passeio (não importa o horário), ela dormia, eu a pegava no colo para levá-la ao seu quarto. O problema é que no segundo em que deixava meus braços, suas pálpebras se abriam e o ciclo recomeçava.

- Você está linda – elogio Chloe, apoiando uma das minhas mãos em sua coxa esquerda.

Estamos indo para a festa de aniversário de um de seus colegas de trabalho da editora, em sua uma boate no centro. É verão, Lucy está de férias e com mais de dois anos. Por isso optamos por tentar... sair mais. Somos jovens, afinal. E quando comentamos sobre essa festa para minha mãe e Paul, eles logo se prontificaram para passar a noite com nossa filha. "Será bom para se distraírem. Não saem juntos como casal desde que ela nasceu", foi o que meu padrasto me disse. Eu nem tinha reparado nisso, para ser sincero. Acabamos caindo na rotina, mais uma vez.

Preciso salvar meu casamento.

Porque é isso que está em jogo nos últimos meses: meu relacionamento com Chloe. E por mim e por Lucy, não posso deixá-lo escorrer por entre meus dedos.

Estaciono ao lugar que mais se parece um formigueiro, pessoas entrando e saindo a cada segundo. Passamos pela porta da frente com os dedos entrelaçados, abrindo caminho pela multidão até o segundo andar – local onde Terry, amigo do trabalho Chloe e aniversariante, nos disse que ia estar. Subimos as escadas de madeira do lugar, chegando a um ambiente amplo, cheio de poltronas confortáveis e mesas cheias de pessoas.

Todos os dias deixados para trásOnde histórias criam vida. Descubra agora