48. JACOB

114 16 4
                                    

Estou jogado numa das cadeiras cobertas com tecido branco e laço vermelho, bebendo um licor mais do que merecido enquanto assisto Dylan e Megan dançarem através das portas de vidro que dividem o salão do jardim

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Estou jogado numa das cadeiras cobertas com tecido branco e laço vermelho, bebendo um licor mais do que merecido enquanto assisto Dylan e Megan dançarem através das portas de vidro que dividem o salão do jardim. Já larguei meu paletó e gravata em algum canto, o calor de Honolulu me fazendo transpirar mais do que o normal. Somando ao fato de estar sendo plateia do momento romântico entre os dois melhores amigos – supostamente -, as coisas não estão boas para o meu lado.

O péssimo humor tomou conta do meu corpo após a conversa com o jogador de hóquei. Ouvi-lo falar daquela maneira, com tanta propriedade sobre a dor de perder Megan... Parece que ele se esquece de que eu já a perdi uma vez, também. Mas estava certo em dizer que eu pediria para que se afastasse. Foi isso que me propus a fazer quando o enxerguei com os olhos atentos em Meg cantando. Há sempre paixão em suas íris azuis-escuras ao observá-la, porém isso me incomodou mais essa noite do que usualmente o faz. E, num impulso, quis lhe implorar para tirar seu time de campo.

O que, segundo ele, não irá acontecer de forma alguma, caralho.

- Papai, papai – a voz animada de Lucy faz meus olhos se desviarem do homem e da mulher na área arborizada, minha última visão deles sendo um maldito beijo que Dylan deposita na cabeça da jornalista.

Lucy, que está em seu vestido branco de daminha do casamento, corre até meus braços, imediatamente subindo em meu colo e abraçando meu pescoço com seus braços pequeninos.

  - Quero comer bolo – pede, fazendo sua melhor cara de cachorrinho pidão.

- Pelo que eu saiba você já comeu três pedaços hoje, mocinha – faço cócegas em sua barriga para vê-la gargalhar. Vê-la feliz é como um remédio para qualquer desconforto que possa estar sentindo em meu coração.

- Pai! – minha filha grita, sem fôlego, enquanto tenta se desvencilhar dos meus braços.

Lucy se debate em meu colo, seus pezinhos nas sapatilhas chutando o ar em busca de algum apoio para lutar. É somente um pedaço de tecido vermelho que automaticamente faz meu corpo parar.

- Vocês dois parecem estar se divertindo.

Subo o pescoço, encontrando uma Megan com o canto dos lábios erguidos ao nos analisar. Ela está com as mãos apoiadas no encosto de uma das cadeiras ao redor da mesa, a cabeça pendida para o lado no que parece ser uma pose de reflexão. Suas íris claras parecem carregar uma nuvem de preocupação.

O que pode ter acontecido entre ela e Dylan no jardim?

- Megan! – Lucy aproveita minha surpresa para pular para o chão, saltitando até a mulher morena e puxando seu vestido até tê-la ajoelhada diante si.

- Oi, princesinha – responde a jornalista, agora encarando a garotinha de 4 anos e sorrindo abertamente.

- Quero bolo – repete o pedido que fez para mim poucos segundos atrás.

Todos os dias deixados para trásOnde histórias criam vida. Descubra agora