19. MEGAN

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    Aperto a campainha do apartamento de Don pela segunda vez antes de escutar passos rápidos em minha direção

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Aperto a campainha do apartamento de Don pela segunda vez antes de escutar passos rápidos em minha direção.

- Surpresa... - desisto do meu grito de comemoração quando vejo uma figura desconhecida parada à porta. – Quem é você? – questiono, no tom menos acusatório possível, ainda que muito desconfiado.

   Uma mulher está na porta do apartamento do meu pai. Ela é bem pequena, talvez uns 15 centímetros menor que eu, ainda mais sem saltos. Tem a pele retinta, o corpo esguio e olhos castanho-claros, que obviamente se destacam. Seus cabelos crespos estão soltos, emoldurando seu rosto em forma de coração. Veste uma saia lápis preta e uma camisa de botões cor de rosa.

    Seus olhos se arregalam quando me vê parada ali, com uma pequena mala atrás de mim.

- Camille? – a voz do meu pai chega da sala, seus passos pesados podendo ser escutados de onde estamos. Ele não demora a nos encontrar na porta da frente.

    Donald Collins, astro premiado da Broadway e meu pai, abre um sorriso enorme quando bota íris azuis tão familiares em mim. – Meg! – ultrapassa o pequeno corpo da agora nomeada Camille para me abraçar.

    Solto um suspiro, aconchegando-me em seu corpo e cruzando os braços ao seu redor. Querendo ou não, Don tem sido um porto seguro para mim nesses nossos últimos anos de relacionamento. – Oi, pai.

    Ele afasta nossos corpos, dando uma boa olhada em mim – Você está ótima.

- Obrigada – abro meu sorriso mais brilhante, arqueando as sobrancelhas sugestivamente em seguida – Tá ocupado? – indico com a cabeça para trás, para a mulher ainda parada ali, seus olhos tímidos focados na gente.

    Don parece se tocar, o sangue subindo para suas bochechas. Dá um passo para trás, passando uma mão pelos fios escuros enquanto a outra pousa da lombar da misteriosa Camille.

- Camille, essa é minha filha Megan – aponta para mim, nos apresentando. – Querida, esta é Cami. Minha namorada.

   Tanto eu quanto a bela mulher de cerca de quarenta anos a minha frente viramos os pescoços em sua direção ao mesmo tempo. Perplexidade define minha expressão, enquanto pavor define a dela.

    Pisco algumas vezes, controlando o choque que é a novidade. – Uau. Você... namorando... - Balanço a cabeça, tentando deixar meus pensamentos mais claros.

   Meu pai está namorando depois de décadas. Não que tenha sido celibatário durante todo esse tempo, não sou ingênua para pensar isso. Sei de suas relações casuais ao longo dos anos, em parte por revistas de fofoca e em parte por ele próprio ter me contado. Mas namorar? Que eu saiba, ele nunca entregou seu coração a ninguém que não fosse minha mãe, Theresa. E mesmo assim, eles não estiveram mais juntos desde que eu era uma criancinha.

    Levanto minhas íris claras para encará-lo. Uma comunicação silenciosa é trocada entre nós. "Te explico mais tarde. Por favor, seja legal". Relaxo os ombros, quase revirando os olhos em sua direção. "Eu sou legal", é o que respondo.

Todos os dias deixados para trásOnde histórias criam vida. Descubra agora