31. JACOB

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Eu ainda estou completamente anestesiado quando me sento na mesa com Lucy e meus pais

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Eu ainda estou completamente anestesiado quando me sento na mesa com Lucy e meus pais.

   Megan... Deus, ela está ainda mais linda do que eu me lembrava. A curva dos lábios cheios, os brilhantes olhos azuis, os cabelos escuros sedosos. Não há um único defeito, ainda que o rosto não tenha mais aquela característica jovem de antes.

   Tê-la ali, a poucos metros de distância de mim, depois de tantos anos, e não poder abraçá-la, beijá-la ou sentir seu cheiro foi um inferno. Não sei porque essas foram as primeiras coisas que pensei quando a vi, mas foram. Num primeiro instante, não quis saber de mais nada. Só cruzar o espaço que nos separava e nos juntar novamente. Anos, quilômetros, metros... tudo reduzido a nada. O meu coração só queria saber se era ela ali mesmo, se era real.

   Mas então Lucy veio até mim, chamando minha atenção. Não podia ignorá-la, ela estava preocupada comigo. Poucas vezes na vida me senti tão reação quanto naquele momento. E então Dylan Foster saiu da porta de madeira atrás de Megan e uma parte de meu coração se despedaçou ao imaginá-los naquele quarto, juntos. Não consegui controlar meus movimentos, minhas mãos tremiam e meu cérebro foi tomado por uma enxurrada de lembranças dos meses que passei em New Haven.

   Megan pareceu em choque completo e absoluto. Tentei manter uma conversa com Dylan para aliviar as coisas, deixar aquele clima melhor do que de fato estava. Não passou despercebido por mim a mão que ele repousou na cintura dela aproximando-os. Nem como ela se inclinou em direção ao corpo dele, sem ao menos reparar que estava fazendo isso, em busca de apoio. Mas então Megan Elizabeth Collins falou comigo após cinco anos.

Bem, não comigo exatamente. Com Lucy. O efeito que sua voz aveludada provocou em mim, no entanto, foi o mesmo de tantos anos atrás.

   Um arrepio percorreu minha espinha enquanto ela e minha filha conversaram. Parecia que estávamos em outra dimensão. Aquele sorriso leve tomou forma nos lábios da mulher de olhos azuis a minha frente e meu coração quis pular pela boca.

   Eu precisava falar alguma coisa para ela. Qualquer coisa.

   Foi quando Lucy se inclinou para mim e murmurou em meu ouvido se podia se aproximar de Megan novamente. Fixei minhas íris escuras na mulher em questão, acenando afirmativamente para minha filha.

    Vi elas se cumprimentando educadamente, o sorriso de Megan falhando por um segundo, imperceptível para qualquer outra pessoa, quando ouviu o sobrenome com o qual Chloe e eu batizamos Lucy. Mas ela disfarçou, subindo a muralha de indiferença.

  E então... então minha filha falou sobre os olhos dela. Sobre como lembram o mar. Sinceramente, não poderia concordar mais. Isso não impediu que um sentimento sufocante tomasse conta do meu peito, uma dor visceral se espalhando por ele.

   Dylan rapidamente se dispôs a intervir, nos chamando para almoçar. Neguei sem hesitar. Eu precisaria absorver aquele encontro. Sequer sabia se tinha sido real.

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