PRÓLOGO

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   Estou correndo.

   Meus pulmões queimam à medida que abro espaço pela multidão de pedestres, empurrando-os desajeitadamente com os braços.

   Preciso chegar até ele.

   Por favor universo, me faça chegar até ele a tempo.

   Tento aumentar o ritmo da corrida, mas minhas pernas não são longas o suficiente para preencher a distância que preciso percorrer no menor tempo possível. Estava vindo de táxi até ficarmos parados num congestionamento por malditos trinta minutos.

   Trinta minutos desperdiçados.

   Joguei uma nota de cinquenta dólares para o taxista, prendi meus cabelos, tirei a jaqueta de couro vermelha e comecei a correr, não me importando com as caretas confusas e olhares tortos.

   Deveria ter optado por meus all stars preto ao invés dessas botas de cano alto. São lindas, mas nada práticas quando se está correndo atrás do amor da sua vida, o impedindo de ir embora.

   Porque esse imbecil, definitivamente, é o amor da minha vida.

   E não posso perdê-lo, não de novo.

   Por isso corro, o vento gelado de janeiro queimando meu rosto. Sinto meu celular vibrar em meu bolso, mas não posso me dar ao luxo de atendê-lo. Com certeza é Samantha, querendo saber sobre a "tarde decisiva", como ela mesma nomeou.

   Não tenho tempo para isso. Não agora. Preciso continuar correndo.

   Se deixá-lo ir dessa vez, será para sempre. 

Todos os dias deixados para trásOnde histórias criam vida. Descubra agora