[1] O Primeiro Encontro

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— Erina! O café está pronto.

Erina Thompson acordou até que bem em uma manhã qualquer de Agosto de 1991, apesar dos rugidos de sua mãe no andar de baixo a avisando que o café da manhã estava pronto, ela saiu rapidamente da cama e foi para o espelho ver como estava sua aparência. Hum, nada boa. Abaixo dos olhos havia duas olheiras roxas, como se tivesse "fracionado" o seu sono. Os cabelos ondulados cinza azulados — que chegavam a ser quase negros de tanto que o azul refletia e causava uma cor meio camaleão — estavam bem embaraçados, e seu rosto tinham duas novas acnes que inflamaram no queixo, e doíam demais. Nem mesmo quando já tinha saído de sua adolescência essas coisas lhe deixavam em paz.

Bem, ela precisava de um banho. Erina pegou roupas limpas do seu guarda roupa — seu conjunto favorito: regata preta com saia xadrez azul e preto, e sapatinhos de salto baixo de pano da mesma cor. Começou a gostar mais de usar preto graças às influências de seu namorado, o professor e mestre de poções de Hogwarts Severo Snape... ou ex-professor, já que estava prestes a se demitir do cargo — e foi ao banheiro, tirando delicadamente cada peça e colocando ao lado. Entrando no chuveiro, ficou refletindo um pouco sobre como seria sua vida agora que não pertencia mais a Hogwarts. Aquela rotina de acordar, comer no Salão Principal enquanto conversava com os seus amigos, assistir às aulas e jogar quadribol... não existe mais. Agora, teria que lidar com a "vida adulta", e começar a ganhar marcas por todo o corpo ao combater bruxos das trevas.

Literalmente, iria se iniciar a vida louca, mas não ligava e estava fazendo o que gostava, e isso era o que importava. Não há nada pior do que fazer uma coisa que você odeia. E nisto, ela sentia que o amor de sua vida passava por quase todos os dias em que tinha que entrar em Hogwarts. Ele odiava ser professor — mesmo que, sua excelente dicção e habilidade para explicar as coisas falassem ao contrário.

Mas será que a demissão era mesmo necessária? Pelo que saiba, Harry Potter estaria começando os seus estudos este ano, e alguém deveria protegê-lo de todo o mal que estaria lhe esperando. Ainda existem Comensais da Morte soltos e pouco se sabe o que realmente houve com Voldemort... Erina não confiava em Dumbledore, pelo contrário. Achava que o diretor de Hogwarts seria uma péssima influência para o menino.

— Se o Sevie entendesse que ele não tem nada a ver com o que o pai fez... — comentou sozinha enquanto terminava de se enxugar.

A verdade que Erina não assumia, era que a sua maturidade chegou como ela não queria: carregando o fardo de ter lutado com o bruxo das trevas mais poderoso que, até então, existia e vivia às sombras daqueles que tinham verdadeira famosidade e destaque. Lorde Kars, ou Raffish Le Fay, ainda assombrava seus pesadelos. Vira e mexe, ela sonhara com o bruxo gritando e se agonizando no fim do Universo, um local horrendo, sem vida, parecendo com um deserto... sem dia e sem noite.

Kars não morreria, mas o sofrimento era como a própria morte.

Erina também questionava se aquilo era realmente necessário... ele poderia ter se arrependido e seguido um caminho diferente. Apesar de Azkaban não ser um "hotel de luxo", seria mais risório do que passar toda a eternidade em um buraco sem fim.

Mas o que está feito... não pode ser desfeito.

Terminou de se trocar e desceu as escadas para tomar café da manhã. A sua mãe, a senhora Thompson, uma bela mulher de 42 anos, assim como Erina, também gostava de usar roupas que combinavam com o azul — no caso dela era o branco — e sempre usava o chapéu em cone com uma pluma de pavão ao lado (herança de família, ela dizia, que passaria para Erina após sua morte) — e do outro lado, sua irmã-felina Greta Thompson.

Erina achava antes que Greta era apenas uma gatinha siamesa de estimação que achou ferida no verão de 1985 enquanto passeava pelas áreas da fazenda, mas que, enquanto estava sendo perseguida por Kars, revelou-se muito mais do que seus olhos poderiam enxergar. Greta contou sua história: seu nome era Violeta, e tinha nascido no Brasil por volta do século XIX, tendo Kars como seu pai biológico. Ela puxou muitas características dele como a imortalidade e os cabelos roxos, que nela eram de cor lavanda. Greta fora perseguida por seguidores de seu pai, até encontrar abrigo e permanecer como um gato durante todos aqueles anos. Quando viu que a pessoa que a amava passava por todo aquele sufoco sem ter feito absolutamente nada, revelou-se para ela e assim... se tornando a irmã adotiva de Erina — tendo, inclusive, registro no Ministério da Magia e fazendo parte da árvore genealógica das mulheres Thompson — Erina ficou tão feliz quando sua irmãzinha mais velha ganhou um novo nome e uma nova família, coisa que seu pai de sangue sempre tentou fazer, mas das piores formas possíveis, aproveitando-se da habilidade de metamorfomago para roubar identidades.

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