[29] A Devoção de R.A.B.

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Erina nunca pensou que a aparência de sua mãe pudesse estar pior do que ela se lembrava. Sempre fora uma mulher muito jovem e bela em seus quase cinquenta anos, mas naquele instante tinha mudado completamente, mesmo que tenha passado pouco tempo.

O rosto da senhora Thompson tinha várias rugas perto dos olhos e algumas no rosto, além de olheiras tão roxas que parece que ela não andou dormindo direito por dias. Seus cabelos castanhos escuros, que eram ondulados e bem curtinhos, estampavam um grisalho acima do couro cabeludo que até lhe davam certo charme, mas ainda assim... a aparência não era uma das melhores.

— Erina? O que está fazendo aqui?

— Será que eu poderia entrar? E-eu queria conversar com a senhora...

— Até imagino sobre o que é. — ela se afastou para que Erina entrasse — Venha.

A sala de estar da fazenda estava do mesmo jeito desde a última vez em que pisou os pés no seu antigo lar; os sofás encostados na parede perto da entrada, a televisão de tubo pequena — que, no momento passava alguma novela... Erina não se esqueceu o quanto a sua mãe amava ver novelas — a pequena estante de livros e a mesa de cabeceira com o toca-discos e os vinis cobertos com plástico para não estragar, mas já tinha bem ao lado uma pequena coleção de CDs, que é a mais nova tecnologia no que se refere a música na sociedade dos trouxas.

— Mãe... eu vou direto ao ponto: quero voltar a morar com a senhora.

Felizmente, a senhora Thompson não se surpreendera.

— Imaginava que iria voltar... principalmente depois do que aconteceu... — Erina abaixou a cabeça e ameaçou chorar, mas sua mãe se aproximou e tocou no seu ombro — eu estou sabendo de tudo... do que... seu marido fez com Dumbledore... imagino que esteja querendo se separar dele...

— É pior, mãe. É a maldição da nossa família. Aconteceu comigo também. — Erina não conseguiu segurar as lágrimas e começou a chorar — Severo tinha motivos de sobra para assassinar Dumbledore, m-mas nunca pensei que ele seria capaz disso. Foi a maldição, mãe. Ela nos separou.

— Quer a minha opinião sincera sobre isso? — Erina fez sim com a cabeça — Não foi a suposta maldição que ronda as mulheres de nossa família. Aliás, eu nunca acreditei que ela existisse.

Erina enxugou as lágrimas, pois não estava entendendo absolutamente nada do que a mãe queria dizer. Como não tinha sido a maldição? Até agora, mesmo nos piores momentos possíveis, onde eles tinham grandes chances de se separar, a maldição não tinha entrado em voga, e só apenas naquele instante... ela resolveu dar as caras.

— Tanto eu quanto o professor Flitwick te avisamos, Erina. E olha o que aconteceu.

— Mãe...

— Só me responda: seu marido veio te procurar depois do que aconteceu e lhe dizendo a versão dele dessa história toda... porque até agora... só temos as versões do Harry Potter e do Ministério. — Erina fez não com a cabeça — Está vendo? Ele te abandonou. Não quis nem saber se você estava bem ou então se tinha acontecido alguma coisa com a criança. Este homem é um egoísta.

— Ou talvez... ele só não esteja conseguindo se comunicar por estar sendo perseguido...

A senhora Thompson olhou sério para a filha.

— Está querendo defender aquele canalha?

— Não, mãe. Eu só acho que... bem, melhor eu não dizer mais nada. — Erina olhou para Cassiopeia — Só quero mesmo é poder ficar aqui com a senhora... até tudo isso passar... a não ser é claro que não queria que eu fique. Sei que está magoada por não ter te ouvido no dia do casamento. No fim das contas, a senhora estava certa. Severo foi muito... — mas as palavras não saíam de sua boca. Alguma coisa a trava para querer justificar sua esperança no marido ou então sua acusação.

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