[31] O Diretor Decide

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Mérula Snyde sentiu quando estava sendo levada para algum lugar. Não sabia onde era, já que ficou desmaiada durante o caminho todo, e ainda possuía um saco enorme na sua cabeça para lhe tirar a visão. Sua respiração estava fraca, o corpo cansado e dolorido. Só queria saber onde estava sendo levada.

Mérula se lembrava muito bem o que tinha acontecido antes: seu pai havia sobrevivido ao Fogomaldito que fora lançado por sua mãe aquele dia na Invasão a Hogwarts promovida pelo não-tão-distante Lorde Kars, enquanto se escondia na sala comunal da Sonserina. Achou que os dois realmente tinham perecido naquelas chamas, mas viu que não. Lázaro estava vivo e comandando novamente os Sequestradores.

Só sabia que Tulipa Karasu estava ao seu lado quando aconteceu a invasão no Largo Grimmauld. Não poderia deixar de sentir o horror assim que aquele monte de bruxos sem cérebro começaram a invadir. Tulipa fez errado de novo! Ela tinha que fugir com os outros. Agora estava ali, como ela, sendo levada para, possivelmente, as masmorras de Hogwarts.

O que teria se transformado a escola? Severo Snape não ganhou o título de braço direito do Lorde das Trevas à toa. Cometeu muitos crimes... matou e torturou muita gente. Mérula sempre gostou dele, e não escondia sua admiração pelo agora, ex-mestre de poções principalmente pela bravura que teve na invasão em defender a pessoa que mais amava na vida. Por que mudou tão de repente? Tinha mesmo que se submeter às ordens de Voldemort?

— Estamos chegando? — Mérula ouviu a voz de um dos Sequestradores que estava a carregando.

— Não falta muito. Vamos para a passagem que o diretor Snape indicou ao nosso líder. Ela vai nos levar direto para as masmorras sem que a gente tenha que passar pelas crianças...

Mérula ouviu um dos Sequestradores pigarrear.

— Não acredito... o cara simplesmente mata o velho Dumbledore do alto da Torre de Astronomia para todo mundo ver e ainda tem consciência de que as crianças não podem ver prisioneiras sendo levadas para o interrogatório nas masmorras... hipocrisia mandou abraços.

Mérula concordou com aquele Sequestrador. Snape é um hipócrita! Hipócrita e mentiroso. Jurou proteger Erina a todo custo no passado e agora abandona a própria esposa e filha para se tornar um tirano. Todos estão certos... a não ser...

— ... que ele esteja fingindo...

Mérula sentiu que o Sequestrador que estava a carregando parou e a arremessou em uma poça d'água. Rapidamente o saco que cobria seu rosto foi removido com brutalidade e ela pode ver onde estava; um local escuro sem absolutamente nada a não ser grades de proteção para que elas não escapassem. Tulipa estava junto com ela dentro da cela e tinha um hematoma horrível no olho esquerdo. Ela deve ter reagido a eles no caminho.

Do outro lado da cela, a bruxa conseguiu observar quem estava fazendo a proteção: os dois Sequestradores que tinham carregado as duas e óbvio, Lázaro Snyde. O homem se aproximou para ver a filha, mas Mérula virou o rosto.

— Saiba que... eu não estou feliz em fazer isso...

Mérula bufou em deboche; Tulipa não parava de tocar no seu olho inchado.

— Não venha com este papo para cima de mim...

— Estou falando a verdade. Se você tivesse passado para o nosso lado, nada disso estaria acontecendo. Ainda dá tempo de colocar a Marca Negra no seu braço e ser uma de nós.

— Pois eu me recuso a, como a Erina diz, vender minha alma para o diabo.

As duas ouviram um som forte de portão de metal se fechando e logo se levantaram e ficaram juntas, sabendo quem poderia estar chegando. A visão de Severo Snape diante delas não era das melhores; a imagem que mostraram dele confiante em ser o diretor não refletia a realidade... seus cabelos negros lisos estavam espalhados e desarrumados e os olhos negros não tinham vida, pelo contrário. Pareciam inchados e cansados demais ou até mesmo poderiam se resumir a noites sem dormir. Mérula deu um palpite de que ele estivesse chorando, mas não tinha como saber.

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