[11] Três Anos Depois

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Dentre as vielas da Cidade Velha de Edimburgo, na Escócia, acontecia uma festa.

Poderia ser qualquer comemoração, mas esta era especial. Seu nome? O Show da Meia Noite. Ela estava acontecendo em um prédio antigo em formato de cilindro e telhado triangular. Era um subúrbio até com certa importância, e pessoas usando roupas coloridas não paravam de chegar. Parecia mesmo com um evento mega importante, mas os ditos "comuns" que andavam para lá e para cá pareciam não se importar com o enorme barulho no prédio.

Na verdade... eles não poderiam enxergar o que acontecia. Para eles, era apenas um prédio velho e abandonado que a prefeitura da cidade teve preguiça de reconstruir por sair "caro demais". Mas então... o que era aquela festa?

Uma comemoração, da sociedade bruxa. Com regalias, sexo e drogas. Muitas drogas. Circulava por aí, que existia uma droga sintética chamada Lazuli Azul, um pózinho azulado em que a pessoa cheirava e via "gnomos de jardim para todos os cantos". Muitos achavam que era um boato, mas nas vielas das cidades grandes e do interior da Grã-Bretanha, ela já era consumida e conhecida.

Uma moça de salto alto dourado, usando um vestido de seda azul sem mangas, tendo os cabelos enormes de cor azul escuro e portando um colar dourado caminhava na direção do prédio. Ela parecia estar vendo o que acontecia lá, então continuou. A porta estava entreaberta, sem nenhuma proteção e com certeza, qualquer bruxo poderia entrar lá — se soubesse exatamente onde estava se metendo.

Ela tocou a porta e abriu-a delicadamente. Suas mãos pareciam ser mais velhas do que a idade aparentava, porém com unhas compridas em formato stiletto e pintadas com um forte tom azul. As costas das mãos tinham uma cicatriz terrível puxada para dentro, como se tivesse sido perfurada.

E naquele instante, Erina Thompson começava sua nova missão.

Objetivo: encontrar um dos revendedores da Lazuli Azul, e fazê-lo falar quem faz essas doses.

O lugar até que era muito bonito, havia um bar ao lado direito da recepção e do lado esquerdo, um sofá cor vinho onde viu casais bruxos se beijando, todos usando máscaras carnavalescas no intuito de esconderem seus rostos. Erina olhou para um corredor, e viu um casal fazendo sexo sem se importar com nada.

Erina não era contra essas festas, e já até pensou em levar seu namorado em uma delas — e ele não se importaria — o problema é que a maioria delas sempre tinha como regalias drogas e álcool. Ninguém nunca vai lá realmente com o objetivo de foder e acabou. Sempre haverá algo para apodrecer tudo.

Erina foi até o bar, onde a barwoman estava fazendo algumas misturas no ar para servir aos clientes. Ela colocava diversos ingredientes com lindeza e maestria, que até deixou Erina surpresa, mas nem tanto. Sentou-se em uma das cadeiras e esperou. A barwoman a encarou com certo desejo e se aproximou.

— E aí, gata? — Erina deu um sorriso — Vai querer algo?

— Um whisky de fogo iria bem...

— Bela escolha... com gelo ou sem?

— Sem gelo, por favor.

Enquanto a barwoman fazia a mistura, Erina usava suas unhas para fazer alguns desenhos aleatórios na madeira, murmurando algumas palavras bem baixas. Ao sentir que ela estava se aproximando, parou e deu um sorriso. O whisky de fogo estava cristalino e extremamente quente. A barwoman não parava de encará-la, como se quisesse fazer algo a mais do que whiskys de fogo ou rums de framboesa com toques de hortelã.

— Primeira vez no Show da Meia Noite?

— É. Queria saber se... aqui tem mesmo toda a fama que possui...

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