Capítulo 37

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Ayla Jones

Eu saio do carro com as pernas fracas por causa da adrenalina, Amber me ajuda a chegar na sala, eu me sento, fecho meus olhos e respiro fundo. Escuto a movimentação, Alex e Dylan esvaziando o carro. Amber começa a colocar algumas coisas na sala e quando eu abro os olhos vejo banheira, mamadeira, roupas... Tudo o que uma criança iria precisar. Por fim Dylan entra na sala com um móvel que parecia ser um berço. Ele me olha sorrindo, cansado e se senta ao meu lado.

- Espero que goste. - Ele me olha sorrindo.

-Dylan... Não precisava... - Falo ainda olhando as coisas.

Passamos a noite olhando cada item. Dylan olhava cada peça de roupa e ficava imaginando a criança dentro como um típico pai babão. Ele tinha certeza de que seria um menino. Grace olhava as chupetas rosas e tinha certeza de que estaria vindo uma menina para ela poder brincar. Então o time foi divido, Alex e Grace no time das meninas e Amber e Dylan no grupo dos meninos.

-Ayla já escolheu os nomes? - Amber fala animada.

-Ainda não... Não tinha pensado nisso. - Falo saindo dos meus pensamentos.

-Eu já... Luan. - Dylan fala animado.

-E se for menina? - Alex fica olhando.

-É menino. Tenho certeza. - Dylan fala decidido. - Você tinha que estar do meu lado Alex. - Ele se irrita.

-Tem noção de que o sexo da criança já está formado... Que não vai ser a nossa votação que vai mudar isso. Ayla está com cinco meses... Se não fosse o fim do mundo, já daria para saber se é menino ou menina. - Alex fala pensativo

-Tia se for menina pode ser Malu? - Grace fala com a carinha fofa.

-Malu? Porque Malu? - Eu pergunto pensando no nome.

-Malu era a minha melhor amiga... Então ela vai ser minha melhor amiga agora. - Ela fala sorridente.

-Malu... É um lindo nome. - Falo baixo.

....

Eu estava entrando no sexto mês de gravidez. Minha barriga estava muito grande. Eu sentia o bebê se mexer a todo tempo, mas ainda não acreditava.

Os cientistas pararam de fazer testes, os homens do rádio enceraram as transmissões e o rádio ficou mudo. Nossa alimentação estava reduzida, precisamos economizar a comida porque não tínhamos mais certeza de nada. E tudo isso me deixava angustiada

Eu acordava todo dia e olhava para a minha barriga me perguntando que futuro essa criança teria, se eu iria sobreviver ao parto e quanto tempo mais teríamos de vida. Eu pensei várias vezes que não seria melhor trazer essa criança ao mundo. Ela ou ele chegaria a um mundo condenado. Me diz você, seria muito egoísmo da minha parte?

....

Tudo estava frio, eu abro os olhos e não vejo Dylan ao meu lado, não sei se ele já está acordado ou se brigamos outra vez. Me levanto e saio dos dormitórios. Tudo estava calmo e silencioso. Passo pela sala e vejo Grace deitada no tapete, dormindo com alguns bichinhos de pelúcia. Me aproximo para acorda-la e percebo que ela estava pálida.

-Amber... Amberrrr- Grito desesperada.

Tento acordar Grace, mas ela nem se mexia. Me levanto rápido e vou para a cozinha. Vejo Alex e Amber debruçados sobre a mesa. Me aproximo de Amber e ela estava gelada. Levanto a cabeça dela e seu rosto estava pálido como o de Grace. Faço e mesmo com Alex e tenho a mesma visão.

Sentia meu coração acelerar e o pânico crescer dentro de mim. Vou até a dispensa e vejo Dylan deitado no chão. Ele ainda estava respirando, mas com dificuldade. Me ajoelho ao lado dele. Dylan estava pálido como os outros, mas ainda estava com os olhos abertos.

-Dylan... O que aconteceu? - Pergunto chorando.

-Acabou... A comida... a água.... a radiação... É o fim do mundo Ayla... - Dylan fala e fecha os olhos.

Começo a sentir uma pressão na barriga junto com algumas pontadas. Essas dores vão aumentando e eu caio sentada no chão. Sinto uma pressão forte na barriga e depois uma água descendo. "Minha bolsa estourou". Penso em pânico.

-Eu não consigo ter esse bebê sozinha. - Falo tentando controlar a respiração.

Encosto no corpo na parede e a dor aumenta. Olho para Dylan morto ao meu lado e começo a chorar. Coloco a mão na barriga e começo a fazer força como Amber me ensinou. Tiro o meu casaco e coloco no chão, embaixo das minhas pernas. Começo a fazer força e sinto o bebê saindo. A dor era grande, a força que eu fazia não parecia ser o suficiente. Até que eu sinto a cabeça do bebê, continuo fazer força até que tenho ele por completo em minhas mãos. Me deito no chão exausta e escuto o bebê chorar. Enrolo ele no meu casaco e olho para ver se estava tudo bem.

-Bem vinda ao fim do mundo, Malu. - Falo sorrindo e desmaio.

-Ayla....Aylaaa.... - Acordo com Dylan gritando em pé ao meu lado.

- Dylan.... Você esta vivo.... Cadê a Malu? - Falo atordoada ainda.

-Estava sonhando?? Levanta... Tivemos outra explosão de luz. - Ele fala e sai do quarto.

Me levanto ainda atordoada, tentando entender o que tinha acabado de acontecer. Passo a mão na nuca e sinto ela molhada. Pelo jeito eu suei de verdade. Passo a mão na barriga e sinto o bebê se mexer.

-Então é você Malu. Espero poder te apresentar um mundo bom. Um mundo em que você possa subir em arvores e consiga tomar banho de chuva sem medo. - Falo baixo.

-Esta tudo bem Ayla? - Amber fala em pé na porta.

-Tive um sonho. Malu estava chegando... Tive que fazer o parto sozinha. - Falo um pouco triste.

-Aonde eu estava? - Ela pergunta curiosa.

-Eu não sei. Não te achei. - Falo tentando acreditar.

-Bem... Não se preocupe. Eu vou estar aqui. Não vai ter que fazer o parto sozinha. E fica tranquila. Você está no Sétimo mês de gestação... É normal ter pesadelos com o parto. Eu tive vários. - Ela fala e sorri.

-Estou bem... Só um pouco cansada... Mas... Me fala da explosão... - Falo e me levanto.

Os olhos de AylaOnde histórias criam vida. Descubra agora