Capítulo 42

748 60 7
                                    

Ayla Jones

Separamos tudo que seria necessário. Algumas roupas. Toda a comida, todas as armas e munições, medicamentos e galões de gasolina. Colocamos tudo em bolsas as e arrumamos na mala do carro. Apagamos todas as luzes do bunker e ficamos olhando uma última vez.

Entramos no carro Alex dirigindo e Amber no carro ao lado. Atrás eu com Malu no colo, Dylan e Grace. Alex fez uma oração silenciosa e seguimos viagem olhando o mapa. Na primeira hora a gente só viu destruição. Tudo estava sem vida e cinza. Dentro da Bunker a gente não tinha essa visão e isso nos fez cair de fato na realidade.

Depois da primeira hora Grace já estava dormindo no colo de Dylan e Malu nos meus braços. Os adultos estavam atentos na estrada, tentando ouvir qualquer som estranho ou perceber qualquer movimento. E com uma hora e quarenta de viagem nosso pior pesadelo aconteceu. Viramos em uma curva e encontramos um carro. Alex reduziu a velocidade e o carro também.

Dylan pediu para eu me abaixar e me proteger e pegou uma arma. Quando paramos na lateral do carro percebemos que era a família do mercado, que encontramos a alguns anos atrás. Eu me lembrava que ela se chamava Lívia e estava grávida. O homem logo nos reconheceu e acenou. Nos paramos o carro e Dylan abaixou a arma.

-Lembra da gente? No mercado. Fred. – O homem fala sorrindo apontando para si mesmo.

-Lívia... eu estava grávida. – Ela fala e mostra a criança dormindo no colo dela. – Ela já está com 1 anos. Mariah.

-Também tive uma filha. – Mostro o bebê no meu colo. – Malu.

Eles nos olham sorrindo e explicam que também ouviram a notícia no rádio, mas que ficaram com medo de vir. Ela nos apresenta ao outro casal que estava no carro que era a irmã dela, o marido e o filho de dez anos. Olhamos para o céu e não estava limpo. Então decidimos seguir viagem.

Faltava uma hora para chegar no ponto de encontro. Meu coração estava acelerado, eu estava muito ansiosa com esse novo lugar. Poderia ser a nossa salvação. Mas ao mesmo tempo eu ficava me perguntando se ainda existiam muitas pessoas no mundo e se teria espaço e comida para todas as pessoas que chegassem.

Depois de três horas e meia de viagem nos chegamos. Um grande muro alto e de ferro com um portão enorme. Na frente dele três homens armados com roupas camufladas, capacete e óculos. Eu não conseguia ver nenhum pedaço do corpo deles. Dylan pegou a arma e deixou na altura do banco, pronto para atirar se fosse necessário.

Alex se levantou e saiu do carro. Foi andando até os caras junto com Fred. Eles conversaram por alguns minutos e então os três homens abaixaram as armas. Um ficou em frente ao portão e os outros dois vieram até o carro, tiraram uma bolsa de pano do bolso da calça e nos mostraram.

-Quero todas as armas aqui. TODAS. – O homem falou nos olhando.

Eu fiz um sinal para Dylan e com muita resistência ele entregou. Colocamos toda as armas e munições. Eu entreguei as minhas facas. Alex abriu a mala, pegou as últimas armas e mostrou que não tinha mais nada. Fizeram o mesmo com o carro de Fred, mas eles não tinham nem metade das armas que a gente tinha. Os dois homens levaram as armas até uma abertura do muro, falou alguma coisa e jogou o saco para dentro. O homem que ficou no portão observando tirou o capacete e nos olhou. Era uma mulher, de cabelo preto encaracolado, ela nos olhava sorrindo. Alex e Fred voltam para dentro do carro.

-Bem vindos a Saratov. Nosso novo mundo. Fiquem tranquilos. Não é perdido armas a população. Mas nós podemos garantir a sua segurança. Assim que entrar vocês vão receber uma ilha que será a casa de vocês. Cada um vai receber uma função, aqui trabalhamos com colaboração. E para crianças temos atividades recreativas e escola. Nada é como antes. Mas esse foi o nosso meio de sobreviver ao fim do mundo, de reconstruir a sociedade. – Ela fala de forma gentil.

A mulher faz um sinal e os portões se abrem. Dylan ainda estava pronto para atacar alguém. Conforme o portão foi abrindo eu pude ver crianças correndo e brincando. Adultos conversando e sorrindo. Ela fez um sinal para a gente entrar com o carro. As pessoas pararam e começaram a nos olhar com felicidade. Grace acordou e ficou olhando tudo encantada.

-Mãe tem crianças aqui. – Ela ala sorrindo.

-Sim filha... Mas fica sentada por favor. – Amber fala analisando tudo.

Paramos o carro no pátio e quatro enfermeiros se aproximaram. Eles nos olhavam sorrindo e sempre muito educados. Eu segurei Malu bem perto do meu corpo e não sai do carro. Amber puxou Grace para o banco da frente. Eu olhei para o carro da Lívia e elas estava fazendo o mesmo com os filhos. Eu estava feliz, mas ao mesmo tempo com medo.

-Calma... Eu sei que estão com medo. Mas foram três anos de chuva acidade, má alimentação. Estou vendo que tivemos bebês que nasceram no meio disso tudo. Só precisamos saber se está tudo bem com vocês. De que vitaminas precisam, se estão doentes... – O homem fala de forma gentil.

-Está tudo bem agora. Vocês estão seguros. – Um outro homem fala.

Dylan sai do carro e fica observando tudo. Fred fica nos olhando como se também não confiasse neles. As pessoas a nossa volta ficam nos olhando com um pouco de pena. As crianças se aproximam dos seus pais. Eu estava morrendo de medo, mas a gente já estava aqui dentro. As pessoas não pareciam estar aqui contra a vontade.

-Tudo bem. Mas não vãos soltar nossos filhos e vocês não vão colocar nenhuma medicação sem a nossa autorização. – Falo tentando ficar calma. – E não vai nos separar.

-Tudo bem. Podem só estacionar o carro na garagem. – O homem fala e aponta para o lado.

-E nada de chips. Não quero nenhum chip em mim ou na minha família. – Fred fala nervoso.

- Não vamos colocar nenhum chip em vocês senhor. – O homem fala tento acalmá-lo.

-Fred. Fica calmo. – Lívia fala envergonhada.

Entramos em um lugar que parecia ser uma grande fabrica adaptada. O salão de entrada parecia ser uma grande recepção. Alguns médicos se apresentaram e nos levaram para a enfermaria. Eles tiraram nosso sangue e identificaram as vitaminas que faltavam. Ninguém estava doente, mas estava com todas as taxas desorganizadas. Não tinha como ter uma dieta balanceada no fim do mundo. Depois disso nos entregaram roupas confortáveis e nos mostraram o banheiro. Tomamos banho e cuidados da higiene das crianças. Quando eu terminei de colocar a roupa me senti verdadeiramente limpa em três anos. Essa era a melhor sensação.

Eu saí do banheiro e encontrei Dylan e Alex. Nos dirigimos a uma sala que parecia ser uma diretoria. Nos foi apresentado o diretor do lugar. Ele nos contou como essa ideia nasceu, que no momento que caiu a primeira gota de chuva ácida o eles se organizaram para tentar salvar ao máximo da população, dos animais e da natureza.

Os estudiosos se reuniram em dois grupos. Os que salvariam a terra e os que iriam garantir que ela s matéria depois do fim do mundo. Então eles criaram uma fazenda para abrigar o maior número de animais que conseguiriam, criaram uma enorme estufa para garantir a plantão. E cada cidade teria um centro desse que se chamaria Saratov, em homenagem ao homem que pensou em tudo isso.

Os olhos de AylaOnde histórias criam vida. Descubra agora