Capítulo 8

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Ayla Jones

Já estava na metade do inverno. E ninguém tinha morrido. Nossos dias passavam lentos. Eu passava muito tempo na horta para preencher meu tempo. Dylan não tinha dormido bem esses dias. Ele estava sempre cansado. E peguei ele bebendo alguns dias.
Faltavam 2 meses para o fim do inverno e nossa comida já estava na metade. Eu não tinha mais nenhum doce. E todo mundo estava entediado. Alex e Amber nem tanto, porque eu ficava brincando com Grace eles ficam no quarto aproveitando a vida de casal.

Estava a tarde. Grace acabou dormindo no chão do meu quarto enquanto brincava, coloquei ela na minha cama. Alex e Amber estavam no quarto. E Dylan andando pelo Bunker. Fui para a horta ver minhas plantas. Sinto um cheiro de álcool forte. Era Dylan. Eu odiava bebida. Tinha trauma para falar a verdade. Pai alcoólatra. Dylan sentou em um sofá perto da horta, encheu um copo de alguma coisa e virou, encheu de novo. E eu continuei mexendo nas plantas.

- Eu achei que você iria matar minha família

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- Eu achei que você iria matar minha família. Por isso que não te queria aqui. Mas você é legal. Não o tempo todo. - Ele fala nitidamente bêbado.

Continuo plantando. E ignoro. Não vou conversar com um bêbado.

- Seu defeito é que você é muito abusada. Fala palavrão, e fica me desafiando. Não devia me desafiar ruiva. - Ele começa a rir.

- você está bêbado. Vai para o seu quarto. - Falo seca.

Paro de mexer na horta. Não vou brigar com ele bêbado. Guardo as ferramentas. E lavo minhas mãos. Dylan vem na minha direção e me coloca contra a parede.

- Estou falando com você, não finja que não está me ouvindo. - Me sinto presa, o cheiro de bebia toca conta do ambiente e eu sinto pânico.

- Me solta por favor Dylan. - Quando vejo meus olhos se enchem de lágrimas e uma cai.

- Está chorando por que? - ele se afasta.
Saio da sala e vou correndo para o meu quarto, vejo Grace deitada na minha cama.

Vou para o quarto de Dylan e tranco a porta. Respiro fundo. Vejo minha roupa suja de terra. Tiro, dobro e deixo em cima da cadeira. Abro o armário dele e pego um casaco e uma calça de moletom. Ficam enormes. Mas está ótimo para dormir. Deito na cama dele tento dormir.

Começo a sonhar com os passado. Estou na minha antiga casa. Escuto um homem gritar, e eu sei bem quem é. Sinto meu corpo doer. Eu lembro desse dia o cheiro de bebida invade minha memória. O homem se aproxima e levanta a mão pra mim. Acordo gritando.

- NÃO POR FAVOR....

Vejo que não estou na casa. Estou no Bunker, segura. Tento respirar mas me falta ar por causa do pânico. Alex bate na porta.

- O Dylan está aí? O que está acontecendo ? - Alex grita preocupado.

Logo depois escuto a voz do Dylan perguntando o que aconteceu. Eu levanto da cama segurando as lágrimas e destranco a porta. Volto para a cama e deito, passo a mão no cabelo.

- Porque ela está no seu quarto - Alex me olha - E com as suas roupas?

- Grace está na cama dela. - Dylan fala um pouco mais sóbrio.

- Estava bebendo de novo ? - Vou jogar no ralo todas essas bebidas.

- Faça isso por favor. - Digo com os olhos fechados ainda.

- Você está bem ? - Alex pergunta - Dylan fez algo?

- Sim, foi só um pesadelo. Desculpe pelo susto. - falo e viro para a parede.

Dylan entra no quarto, senta ao meu lado na cama. Coloca a mão no meu ombro.

- Desculpe por antes. Não queria te assustar.

- Deixa pra lá Dylan. - digo ainda recuperando do ar.

Eu acabei apagando. Nessa noite eu dormi no quarto de Dylan e ele no meu. No dia seguinte não falamos no episódio da bebida. Na verdade, ficamos nos evitando. Era melhor assim. Grace percebeu e veio me perguntar.

- Tia.. você e o tio Dylan Brigaram ? - a menina perguntava preocupada.

- Não meu amor.- abraço ela.

- Vocês não se falam mais. Nem brigam. Você nunca mais chamou ele de babaca. - não duas sorrimos. - Ele sente falta. Tá triste.

- Vai ficar tudo bem. Não de preocupe - falo e começo a desenhar com ela.

(....)

O inverno acabou, os 8 meses passaram se arrastando. Mas estamos vivos e isso era uma grande vitória. Os homens que antes transmitiam no rádio não falavam mais. Podem ter morrido, tentamos achar outro canal de informação mas ninguém transmitia mais nada. Comecei a pensar que só a gente podia estar vivo na terra, mas é óbvio que não, tinha outras pessoas escondidas como nós.

Eu e Dylan nos preparamos para mais uma viagem. Precisamos de alimentos e itens de jardinagem. Nossa horta estacas começando a melhorar.

Nós arrumamos e entramos no carro. Eu estava evitando contato com Dylan depois do episódio da bebida. Fui nessa viagem porque Alex tinha família. Não posso deixar Grace sem o pai. Fui calada na viagem, não queria e não tinha o que conversar. Estava boa essa distância, mas eu percebia que as vezes ele me olhava, como se quisesse conversar. Eu fiquei olhando a paisagem pela janela. Tudo estava morto. Sem animais na estrada. Sem vida em lugar nenhum. Sem nenhuma pessoa. Só corpos. Dylan tenta puxar assunto.

- Meu casaco ficou bem em você. - ele olha e sorri.

Fiquei com o casaco dele, tinha esquecido de devolver. Ela um casaco preto. Fechado. Sem zíper. Confortável, e como estava muito frio eu não tirava ele.

- Esqueci de devolver, desculpe - Falo tirando o casaco do corpo.

- Não. - Ele segura minha mão. - Não precisa tirar o casaco.

Ele fica segurando minha mão por uns segundos e eu solto.

- Depois eu peço outro pra você. Na volta passamos no shopping. - Falo seca e volto a olhar para a janela. Ele não ficou muito satisfeito.

Paramos em frente ao mercado. Comecei a encher o carrinho e Dylan estava do outro lado pegando mais coisas. Colocando tudo no carro e entramos.

Decidimos passar rapidinho no shopping. Pegamos mais casacos e roupas de frio. E voltamos para o carro. Eu lembrei da camisa que ele queria. Não sabia se ainda estava lá.

- Já volto. Esqueci uma coisa. - Falo e vou andando para a entrada. A loja ficava perto da entrada do estacionamento.

- Esqueceu o que Ruiva ? Está tudo aqui. - ele fala se. Paciência.

- Sua blusa. - Falo sorrindo.

Escuto ele falar que não precisava. Vou correndo até a loja. E encontro. Estava no mesmo lugar. Era uma blusa feia. Quem iria querer. Entro na vitrine e começo a tirar a blusa do corpo do boneco.

- Sei que não te chamei pra jantar e já estou tirando a sua roupa. Mas meu amigo gostou da sua blusa. Então eu vou levar. - Falo com o boneco. - Esse vai ser meu acordo de paz.

Vejo um homem atrás de mim, não me importei achei que era o Dylan.

- Oi amor - reconheço a voz e sinto meu corpo tremer.

Os olhos de AylaOnde histórias criam vida. Descubra agora