Dylan Collins
No dia seguinte acordo e Ayla ainda está dormindo. Acaricio o cabelo dela, ela nem parece ter o sangue quente enquanto dorme. Se bem que ela está com remédio, sorrio pensando nisso. Me aproximo pra dar um beijo na cabeça dela e sinto o perfume do cabelo, tenho que assumir que gosto desse cheiro. Sento na cama e fico lembrando, a um ano traz me lembro de pensar que Ayla veio para fuder a minha mente. E eu estava certo, ela faz isso de muitas maneiras. Mas hoje, até que eu estou gostando. Fico olhando pra ela por mais um tempo e vejo a porta abrir lentamente. Alex fica me olhando preocupado e faz um sinal pra eu sair do quarto. Saio do quarto e vou para a cozinha com ele.
-Dylan como está a Ayla? Estou preocupada com ela. - Amber fala preocupada - Ontem eu não a reconheci. Ela estava assustada...
-Eu não sei. Ela está dormindo desde ontem. - Sento na cadeira e passo a mão no cabelo.
-Sobreviver ao fim do mundo mexe com todo mundo. É fato, mas ter que matar alguém é pior - Alex dá uma pausa - Ainda mais com uma facada no peito. E ela fez isso pra se proteger e fez porque ficou no meu lugar. Era pra ser eu matando aquele cara, não ela.
-Sou muito grata a ela, por salvar a vida de Alex. - Ela suspira - Vou cuidar dela.
-Nós vamos. - Falo
Ayla acordou tarde. Vou até a cozinha com a mesma roupa que eu tinha colocado nela, mas com a sapatilha de pano que ela tano gosta, dessa vez sem se preocupar se a cor estava combinando com a roupa, mesmo a roupa sendo um pijama ela sempre teve esse cuidado, estava com o capuz do casaco e andava sem fazer barulho. Passou por nos sem falar nada como um fantasma. E foi até a horta.
-Não sei o que fazer - Respiro fundo e passo a mão nos cabelos. - Quero ajudar a Ayla, mas ela tem uma barreira invisível, não sei até aonde posso ir.
-Deixa de ser babaca Dylan. Vocês ficaram - Amber fala com raiva
-E depois disso ela ficou estranha e nunca mais falou nada. - Puxo o cabelo irritado e respondo no mesmo tom - Nunca corri atrás de mulher, não acredito que vou ter que fazer isso no fim do mundo.
-Então vai perder ela. Tomara que em uma de suas viagens ela encontre alguém. Eu vou deixar o cara ficar no Bunker. - Escuto e me irrito
-É o meu Bunker Amber - Falo alto e bato na mesa - Só entra aqui quem eu quiser.
Ayla entra na cozinha, fica na porta me olhando de braços cruzados.
-Teremos visita Rei do Bunker? Quem vai entrar? - Ela fala apática.
Sem o deboche de sempre, sem a ironia. Dessa vez Rei do Bunker saiu como uma palavra qualquer. Me bateu um sentimento ruim.
-Eu disse que estou torcendo que na próxima viagem você encontre um cara bem legal, gostoso, maravilhoso e que você pode trazer pra cá pra ficar com você. - Eu fico irritado olhando pra Amber mas preciso ouvir a resposta da Ruiva.
-Não vou mais sair... Nunca mais. - Ela suspira.
-Pode achar um homem legal lá fora. - Amber continua e eu cutuco ela por baixo da mesa.
-Não nada pra mim la fora. Tudo o que eu preciso está aqui dentro - Nesse momento eu fico feliz, eu estou aqui dentro. - Temos comida, nossa plantação, remédios ..
-Amor? Carinho? Afeto? - Amber fica olhando e Ayla fica sem reação - Sexo??? - Nesse momento Ayla olha pra mim e fica vermelha.
-Vou deitar um pouco. A horta já está vista por hoje. - Ayla fala e sai da cozinha rápido sem graça.
-Sério Amber? Que porra que você estava fazendo? - Falo puto
-Agora você já sabe que ela gosta de você. Quando falei em sexo ela nem disfarçou, te olhou na hora e você fez o mesmo. Não perca ela Dylan. Ayla é uma boa menina. Esquece seu passado, faz diferente dessa vez. Estamos no fim do mundo, não sabemos mais quanto tempo vamos durar. Aproveite o tempo que ainda tem.
Confirmo com a cabeça, vou para a garagem, olhar o carro e ver se precisa de algo e tentar distrair a minha mente. Amber estar certa, o fim do mundo chegou. A chuva ácida está aqui, é real, os cientistas não falam mais nada, não temos mais notícias no radio como antes. Ninguém nos conta como vai ser os próximos dias. Precisamos viver os dias como se fossem os últimos. Antes a chuva tinha uma regra pra cair, mas ela nos surpreendeu no mercado e olha no que deu. Quase morremos.
São muitos perigos que precisamos tentar sobreviver. Cada dia é uma novidade, temos que nos proteger da natureza e dos outros humanos. Seria mais fácil sobreviver se todos se unissem, mas com o caos instalado ninguém quer saber. Deixamos o desespero tomar conta e se a natureza não nos matar, os humanos vão matar uns aos outros.
E no meio de tanto caos eu ganhei dois presentes. Hoje eu tinha minha família de volta, mesmo fazendo as merdas que eu fiz, sou muito grato por Amber me deixar voltar para a vida deles. Está perto de Grace é a melhor coisa que poderia me acontecer. E o meu segundo presente do fim do mundo foi Ayla. Tenho que aceitar essa ruiva e suas sardas não saem da minha cabeça. Fico lembrando como foi no início e fico sorrindo sozinho, o quanto ela era abusada, me desafiava e me xingava, ela ainda faz isso. Ainda bem que não expulsei ela do Bunker naquele dia.
Meu relacionamento do passado era diferente, ela me amava, fazia de tudo pra ficar comigo e eu não dava valor, só fui perceber o quanto a amava quando ela foi embora, morreu pra falar a verdade, e a morte dela foi culpa minha, isso eu nunca vou esquecer. Passei por um momento complicado da vida, trouxe problemas para o meu irmão e a família dele. E depois resolvi morar sozinho, isolado. Na tentativa de me punir de todo mal que causei a minha família. E então o fim do mundo chega e nos uni de novo, mas traz também as lembranças tristes. Mas foi como Amber falou, ela está certa, estamos no final do mundo.
Alice não vai voltar infelizmente, e eu não vou poder me desculpar com ela. Mas posso fazer diferente com Ayla, começar de novo. Sei que ela também tem um passado triste, então vamos com calma. Mas não quero mais me afastar dela, estamos mais de um ano nessa, e não mais quanto tempo vamos durar. Ontem, quando ela entrou no carro poderia ter sido a última vez que eu veria aquele cabelo ruivo e entrei em desespero por isso, então não vou mais perder tempo.
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Os olhos de Ayla
ActionA terra estava passando por grandes mudanças, e não eram boas. Uma chuva ácida estava chegando e todos precisavam se proteger. O clima de pânico estava ativo na terra e as pessoas tinham medo de sair de casa, mas ao mesmo tempo tinham medo de ficar...