Capítulo 22

1K 97 6
                                    

Ayla Jones

Suspiro, Amber me olha sorrindo como se estivesse me encorajando a falar.

-Não vou te julgar, não vamos , nenhum de nós. - Ela fala tentando me deixar tranquila.

Acredito nela, preciso acreditar, então tomo coragem e começo a falar.

-Calvin me forçou algumas vezes a me deitar com ele. Eu tentava fugir ao máximo, mas nem sempre conseguia. Era os piores momentos da minha vida. E com isso eu acabei engravidando, mas não sabia. Calvin sempre deixava um homem tomando conta de mim, Caleb, para que eu não conseguisse fugir porque já tinha tentado uma vez, e como resultado ganhei um corte na costela - Mostro a marca para Amber, ela passa a mão na cicatriz e faz uma cara de tristeza - Eu comecei a passar mal e então ele chamou um médico da confiança dele para me examinar, e foi assim que eu descobri que estava grávida, presa a minha cama pela perna e depois fiquei trancada no quarto até o dia seguinte. Fiquei surpresa com a felicidade de Calvin por ser pai no dia seguinte, parecia outra pessoa, ficou alisando minha barriga e dizendo que seríamos uma familia. Achei que tudo iria mudar, mas não aconteceu, só a minha alimentação que melhorou, continuei presa, ele era o mesmo homem seco e grosso.

Paro e respiro fundo. Agora seria a pior parte da minha história. Olho para Amber que fica esperando que eu continue.

-Então um dia Caleb que me vigiava, começou a me cantar, tentou passar a mão em mim e eu entrei em pânico, senti um nojo, uma vontade de vomitar, misturado a angustia. Veio tudo ao mesmo tempo. Então eu o empurrei, ele ficou revoltado. Era como se eu fosse obrigada a ter algo com ele, como se devesse isso. Ele saiu do meu quarto naquele dia com muita raiva. Calvin chegou tarde nesse dia, eu já estava dormindo. Acordei no susto com Calvin abrindo a porta de uma vez, dizendo que eu não prestava e que tinha dado em cima do amigo dele, que eu era só dele, não teria mais ninguem. Naquela noite ele me bateu muito. Quando ele acabou eu sentia sangue na minha boca e eu corpo estava todo dolorido. Eu nem conseguia sair do chão. Passei a noite toda acordada, chorando baixo e deitada na mesma posição. O choro era de dor, medo, raiva de tudo.

Paro e fico olhando a Amber chorando, o olhar dela é de tristeza, não de julgamento, e isso me conforta, eu me sentia segura para contar tudo. Então ela segura a minha mão. E eu continuo.

- Então no dia seguinte Caleb abriu a porta, me olhou no chão começou a rir, ele me levantou de uma vez só e me jogou na cama dizendo " Você teve o que mereceu" e então me agarrou, me lembro de sentir a força que ele segurava meus braços, machucava muito porque eu já estava toda dolorida, eu não sabia o que fazer, então vi a arma na cintura dele, não pensei duas vezes, puxei a arma de uma vez só e apontei para ele, que se afastou. Mas sem medo, ele começou a debochar de mim e dizer que eu era tão burra que não saberia aonde era o gatilho da arma, e que não saberia atirar bem. Eu estava com tanto medo e raiva ao mesmo tempo, eu não aguentava mais nada daquilo, mas que fechei os olhos e soltei a arma.

Limpo as lagrimas, respiro fundo. Preciso continuar a contar. Falta pouco.

-Ele saiu rindo do quarto. Dias depois eu tive sangramento, Calvin chamou o mesmo médico. Ele disse que eu tinha pedido o bebe. Pra mim foi o fim. Meu mundo tinha acabado ali, eu queria ser mãe. Não de um filho dele, mas era o meu filho. Então decidi que não seria mais fraca e que iria embora. Esperei o dia seguinte Caleb entrar no quarto como sempre, confirmei que Calvin não estava em casa. Então no momento em que Caleb se distraiu eu peguei a arma dele e sem falar nada dei um tiro no peito dele. Por culpa dele eu tinha perdido meu filho. Então eu o matei. E fugi para a floresta, por estar presa eu não sabia o que estava acontecendo, sabia que tinha algo errado, mas não sabia que era o fim do mundo. Eu apenas sai correndo sem saber o que fazer e então encontrei vocês.

Antes que eu termine a frase escuto um carro parar na porta do Bunker, Alex e Dylan sempre paravam na garagem, que era mais afastado da porta. Minutos depois alguém bate na porta como se tentasse abrir. Olho para a cara da Amber, ela já estava assustada. Levanto e vou até meu quarto, pego duas armas e uma faca. Coloco uma arma na cintura e uma faca nas costas. Volto correndo até Amber. Grace esta na sala assustada.

- Se esconde no armário de ferramentas junto com Grace, não gritem nem falem nada. Não importa o que aconteça. Não vão achar vocês la. - Falo baixo

-Abre a porta, estamos precisando de ajuda. - Um homem fala.

-Mamãe ele precisa de ajuda. - Grace fala alto. -Vamos abrir.

-Me ajude por favor. - O homem fala de novo

Amber coloca a mão na boca de Grace, concorda com a cabeça e vai correndo com a menina para o esconderijo. Olho o relógio. Falta pouco para eles chegarem. Fico na porta esperando. Não tem como eles invadirem, mas estão fazendo muito barulho na porta. Estão tentando abrir. O homem fala outra vez. Não posso ficar aqui esprando, eles não vão embora.

Vou correndo para a garagem, não vou ficar esperando para saber o que era, mas pela garagem saio na lateral e tenho um ponto para me esconder, abro a porta e fecho tentando não fazer barulho. Escuto os dois homens conversando. Vou caminhando lentamente apontando a arma.

Quando tenho a visão total dos homens vejo que meu pesadelo voltou. Era Caleb e um outro homem. Quando ele me reconhece abre um sorriso.

-Olha quem está aqui... Aquela criança lá dentro é sua filha? Já está falando? - Ele fala debochando. - Não sabia que estava viva. - Ele se aproxima e eu dou um tiro no chão perto dele. Caleb se Assusta e para levantando as mãos.

-Achei que você estava morto. Atirei em você. Vazo ruim não quebra já dizia o ditado - Falo olhando pra ele seria.

-Olha a mulher que você se tornou, mas linda e decidida do que antes. Gostei. - Ele ri - Cadê seu marido para te defender? Sei que está com alguém, você não tinha nada e agora está nesse Bunker. - Ele fala rindo.

-Eu não preciso de homem para defender. Sempre fiz isso sozinha. Caso não lembre, eu não precisei de um homem para atirar em você - Falo seria.

-É não atirou direito, estou vivo. Se tivesse um homem te defendendo eu estaria morto. - Ele fala com ironia.

Meu sangue ferve mais do que o normal. Me irrito e me deixo levar pela situação. Atiro na perna de Caleb, na coxa. Ele cai no chão sem acreditar.

Os olhos de AylaOnde histórias criam vida. Descubra agora