Capítulo 1

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Dylan Collins

Já estava falando a alguns dias no jornal sobre a chuva. Em um ou dois países a chuva se adiantou. Ninguém sabia ainda o que era. Mas as pessoas estavam morrendo. Corpos queimados de forma estranha, sem fogo, alguns ossos menores ou mais finos eram derretidos em alguns casos. Começaram a achar que era algum problema de pele ou vírus. Mas com exames mais avançados perceberam que os pulmões das pessoas estavam intoxicados.

Durante a semana essas notícias foram ganhando mais força. Começaram a aparecer vídeos nas redes sociais de pessoas queimando na chuva. E então veio a confirmação, era chuva ácida. As pessoas estavam morrendo por causa da chuva. O pânico foi se instalando aos poucos.

Um dia antes do pânico total, estava chovendo forte em vários países. Alguns com chuva ácida e outros chuva normal. Não existia explicação lógica para isso. Os cientistas não conseguiam explicar.Só sabíamos que a chuva era muito forte, em alguns lugares ácida e com isso, em um dia de chuva foram confirmadas 35 mortes. E assim começou o pânico.

Com isso deu início a corrida contra o tempo para achar um abrigo. Eu morava sozinho e a casa que eu tinha comprado a alguns anos tinha um Bunker. Nunca imaginei que usaria. Mas reformei a dois anos trás por capricho e falta do que fazer. Precisava ocupar meu tempo. E essa foi a melhor escolha. adaptei para ter algo avançado em termos de tecnologia. Quando acabei a reforma percebi a merda que eu tinha feito  eu nunca usaria um Bunker. Gostei dinheiro atoa. Era o que eu achava até hoje.

De família eu só tinha meu irmão. Perdemos nossos pais a 4 anos atrás. Nossos avós perdemos a 10 anos. E tios e primos eram poucos e moravam longe. Pra falar a verdade eu nem tinha contato e não fazia questão de ter. Meu irmão era Alex Collins, bem mais sociável que eu. Era casado com Amber e tinham uma filha de 5 anos, Grace. Uma menina maravilhosa, educada e muito carinhosa. Minha princesa.

Quando ouvi as notícias na televisão comecei a arrumar minhas malas. Peguei tudo o que eu poderia precisar, roupas comidas, medicamentos. Passei na cidade e comprei mais algumas coisas. Iríamos viver eu meu irmão e a família dele no Bunker e não sabia por quanto tempo. Cheguei em casa com tudo resolvido e  liguei para Alex na hora.

- Alex está vendo televisão? – Pergunto arrumando as últimas coisas na mala.

- Sim. Vai ficar aonde? – Alex pergunta preocupado.

- No mesmo lugar que você. No meu Bunker. Lembra dele? Arruma suas coisas e vem.

- Tenho que levar minha família Dylan. – Alex fala um pouco nervoso.

- Claro que sim. Traz a Amber e a Grace. – Ele escuta e suspira. – Grace está aí? Deixa eu falar com ela. – Alex passa o telefone para a filha.

- Tio Dylan oiiiiiii – Ela fala feliz. Grace não tinha ideia do inferno que iria viver.

- Oi minha princesa. Está sabendo da festa no Bunker que eu vou dar? – Falo animado.

- Mamãe tio Dylan vai dar uma festa no Bunker. Podemos ir ? – Escuto Amber falar no fundo. – Tio a mamãe quer falar com você. Pede pra ela deixar eu ir por favor.

- Vou pedir. Pode deixar minha princesa. Te amo. Beijos. – Ela passa o telefone para Amber.

- Oi Dylan. Muito obrigada, a gente não tinha pra onde ir ... Me diz o que vai precisar aí... – Amber fala sem graça.

- Oi Amber. Só preciso que vocês tragam roupa e o que tiver de comida e remédios em casa. Mas venham rápido. Estão prevendo que a chuva vai cair em 6 horas. Vocês precisam estar dentro do Bunker antes disso.

Ela confirma e desliga o telefone. Eles eram a única família que eu tinha. E fiquei afastado por muito tempo. Meu irmão aguentou muita coisa sozinho. Eu não poderia deixar ele sozinho outra vez. Ainda mais com algo desse tipo acontecendo no mundo.

Peguei o carro e fui correndo para o Bunker. Queria deixar tudo organizado para eles. Precisava ver também se tudo estava certo. Depois reforma eu nunca mais passei lá.

Chego no Bunker. Eu sei aonde fica a entrada porque já conheço. Mas ela estava escondida por uma árvore que tinha crescido perto e pelas folhas que tinham caído. Não sei se meu irmão acharia com facilidade. E ele estava bem nervoso ao telefone. Isso só iria atrapalhar a chegada.

Entrei no bunker e ligo todos os aparelhos. Confiro se o sistema de filtragem de água está funcionando. E lembro da chuva ácida. Me pergunto se teremos água. Preciso comprar mais água. Vou ter que voltar a cidade. Mas ainda tenho tempo. Confiro os quartos. Aqui consigo abrigar 6 pessoas. No máximo. Confiro os outros cômodos. O sistema de câmeras, sistema de trava, aquecimento e ar. Tudo funcionando perfeitamente. Guardo tudo em seus devidos lugares e volto correndo para a cidade.

Compro o resto da comida que meu dinheiro consegue e o resto que ainda sobrou nos mercados. Passo por uma loja de brinquedos e vejo na vitrine um unicórnio de película. Grace ama unicórnios, entro na loja rápido e compro o presente. Ela merece.

Olho o relógio. Faltam 2 horas para eles chegarem e para a chuva cair. Olho para o céu. Tudo escuro. As nuvens densas. As pessoas correndo pela cidade. Entro no carro e volto correndo para o Bunker. Paro meu carro na garagem, só cabem dois carros. Guardo o carro na garagem .Meu telefone toca. Era Alex. Atendo

- Aonde você está? – Pergunto ansioso. – Quero ver linha sobrinha logo.

- Estamos chegando. Me espera na porta. Não lembro mais aonde era o Bunker. – meu irmão fala tentando esconder o nervosismo.

Deixo tudo dentro do Bunker. Coloco o presente da Grace na cama dela. Vou para a porta do Bunker. Vejo o carro deles chegando e fico acenando. Ele para o carro em frente a porta. Cumprimento Amber. Ela estava bem nervosa. Grace sai carro e pula no meu colo. Que saudade dela. Dou um abraço bem apertado.

- Tem uma surpresa pra você em cima da sua cama. Vai lá buscar. – coloco ela no chão e ela sai correndo.

- Entra Amber. Pode deixar que nos descarregamos o carro. – Ela me olha sem graça.

- Eu ajudo Dylan. – abraço Amber, beijo a testa dela.

- Vai ficar com a sua filha. – Ela sorri, agradece e entra.

Meu irmão está nitidamente preocupado. Abraço ele e ajudo a descarregar o carro. Colocamos tudo na escada do Bunker. Escuto Grace falar do presente com a mãe. Terminamos que tirar tudo do carro. E mostro a garagem para Alex. Ele guarda o carro e antes de entrar olho o céu, a cena é assustadora. Entramos no Bunker.

Começamos a organizar tudo. Separar os quartos, deixo o maior para eles. Guardar os alimentos, roupas e medicamentos.

Grace corria pelo Bunker com seu unicórnio novo. Como as crianças são inocentes. Ela não tinha noção do que estava acontecendo no mundo e como isso iria mudar nossas vidas pra sempre. Mas eu estava feliz por ela estar feliz. Sem ter consciência de todo esse caos. Era melhor assim. Ela era só uma criança.

Os olhos de AylaOnde histórias criam vida. Descubra agora