Dylan Collins
Ayla estava com oito meses de gestação. Eu estava começando a ficar maluco. Daqui a um mês eu estaria segurando meu filho nos braços. E as coisas estavam começando a melhorar. As chuvas estavam caindo com mais frequência, mas duravam menos tempo. Agora seria impossível sair porque a qualquer momento a chuva poderia nos pegar na rua.
É obvio que isso não era bom, mas eu estava tentando pensar positivo. Eu precisava, meu filho chegaria em um mês, 30 dias e Ayla já estava pensando negativo por todos nós. Eu estava fazendo o máximo para não brigar. Então comecei a escutar radio sozinho, enquanto ela estava brincando com Grace.
Repassava com Amber diariamente tudo o que eu precisava fazer no dia do parto. Até que ela se irritou e brigou comigo, então comecei a repassar sozinho. Arrumei o berço no quarto de Ayla e separamos as fraldas que ela usaria primeiro.
Os dias passavam correndo, eu estava o tempo todo pensando no dia do parto e Ayla preocupada com trazer a criança ao mundo no fim do mundo. Eu estava tentando ser paciente, mas Ayla estava sendo pessimista demais.
-Dylan... Estou falando sozinha? - Amber me traz de volta a realidade.
-Sim... Desculpe. - Falo olhando para ela.
-Está preocupado com o que? - Ela fala e senta na cadeira ao meu lado.
-Ayla e o pessimismo dela. Não quero brigar, mas não estou mais conseguindo ficar perto dela. - Falo desanimado. - Não sei mais o que fazer. Vou ser pai, estou feliz. Mas ela não está.
-Ela é mãe. Está preocupada com o bebê que está vindo no fim do mundo. Ela só está tentando proteger essa criança de algo que ela não tem controle. Isso é angustiante. Só fique do lado dela e de apoio. - Ela fala e me bate.
-Obrigado Amber. - Falo e sorrio.
-Você vai ser pai. Precisa entender a sua esposa. - Ela fala e a frase fica repetindo na minha cabeça.
Me levanto e vou andando lentamente até o quarto. "Entender a minha esposa." eu até hoje só pedi Ayla em namoro. Precisava mudar isso, eu quero mudar isso. E entender Ayla é algo quase impossível. Ela é esquentada, se irrita fácil, me irrita fácil. Mas eu não vivo mais sem ela. Eu mudei, estou tentando ser mais paciente hoje e menos explosivo.
O fim do mundo me mudou, Ayla me mudou e nosso filho me mudou. Pela primeira vez eu realmente quero ter uma família. Vou andando até o quarto e vejo Ayla sentada de barriga para cima ouvindo atentamente uma historia de Grace estava contando. E pela expressão delas, dessa vez a história era de terror.
-Então o monstro rosa de flocos de espinafre entra na sala e PEGA O UNICORNIOOOOOO. - Grace fala e Ayla finge se assustar.
-Como o mostro é rosa se é de espinafre? Eu nunca vi espinafre rosa. - Falo entrando no quarto e rindo.
-Dylannn.- Ayla me repreende.
-Tioooooo. - Ela suspira. - Você não conhece. Eu vi. - Ela fala irritada e deita ao lado de Ayla. - Ele sempre acaba com as minhas histórias. - Ela coloca as mãos no rosto.
-Eu falo a verdade. Não existe espinafre rosa. - Falo e pego ela no colo.
-Tio você tem que usar a imaginação. Você é chato, não tem imaginação. Tia Ayla tem. Ela é mais legal que você. - Ela fala e sorri para Ayla. - Espero que Malu tenha imaginação também.
-É Luan. Seu primo. E quando eu me tornei chato? Eu era o melhor tio do mundo. - Falo e sento na cama ao lado de Ayla.
-Você era o único tio. Agora não é mais. E quem está aqui dentro é a Malu. Tia Ayla sonhou. - Ela fala com a mão na barriga de Ayla.
-Sonho. Igual a sua história do espinafre rosa. - Falo para irrita-la. - Vamos apostar. Se for menino eu fico com tudo o que você tiver com estampa de unicórnio. - Estendo a mão.
-E se for a Malu... Que eu tenho certeza que é. Eu fico com o seu...- Ela pensa um pouco - Carro.
-Meu carro? Você nem tem idade para dirigir. - Falo rindo e ela aperta a minha mão.
-Eu amo unicórnio e você ama seu carro. Quando ele for meu vou encher de adesivos de unicórnio que eu tenho guardado. -Ela fala sorrindo.
-Eu vou colar os adesivos nos pneus quando forem meus. - Falo e o sorrio dela some.
-Ok. Já entendi que vocês dois tem cinco anos. Chega. - Ayla fala sorrindo. - Grace eu preciso conversar com o seu tio... - Ela nem termina a frase e Grace sai correndo do quarto.
Eu me levanto, fecho a porta e ela se deita outra vez. Deito ao lado de Ayla e beijo o pescoço dela. Ayla se contorce, começa a sorrir e me empurrar. Eu me abaixo e beijo a barriga dela com carinho. Ela fica me olhando sorrindo com o sorriso que me desarma.
-Sabe filho. Sua mãe é muito abusada e esse jeito dela já contaminou as outras pessoas. Sua prima de oito anos, três anos de convivência com ela já está assim. Achando que pode levar meu carro. Espero que você seja mais parecido comigo. Preciso ter alguém ao meu lado. Porque sua mãe já corrompeu todo mundo. - Falo rindo e ela me bate.
-Espero que você não seja parecido com seu pai minha filha. Ele é doido, esquentado e me tira do sério. Ele acaba com a minha sanidade. - Ela fala rindo.
-Que sanidade? - Falo e ela me bate outra vez. - Mas independe de qualquer nível de loucura eu te amo. Sei que tudo vai dar certo no final. E a minha vida já está sendo maravilhosa por te ter durante esses três anos. E espero que venham muito mais. - Falo e dou um beijo para não dar tempo de ela falar nada.
Passamos a noite falando do parto e eu fiquei fazendo planos para o futuro. Ayla foi apenas acompanhando e rindo das loucuras que eu falava. Eu dizia que o fim do mundo iria acabar, que tudo voltaria ao normal e que a gente iria morar na casa da floresta, começaríamos do zero, mas que seria perfeito porque agora a gente não estaria mais sozinhos.
...
Os dias foram passando em um tedio sem fim. Segundo Amber o tedio estava maior por causa da Ansiedade. Eu estava deitado no tapete da sala ouvindo a história de "amor" de Grace. O unicórnio azul e o unicórnio rosa. Que era uma cópia descarada da minha história com a Ayla, mas ela não assumia isso.
-Agora ele vai ajoelhar e pedir ela em namoro. - Falo adiantando a história.
-Não tio. Eles brigaram e cada um foi dormir no seu quarto. Você quer contar a história no meu lugar? - Ela fala irritada com as mãos na cintura.
-Dylan a deixa contar a história dela. Depois escutamos a sua. - Ayla fala rindo.
Ela conta a história por mais alguns minutos até que Ayla coloca a mão nas costas como se estivesse sentindo dor, ela tenta se levantar e Amber olha para ela preocupada.
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Os olhos de Ayla
ActionA terra estava passando por grandes mudanças, e não eram boas. Uma chuva ácida estava chegando e todos precisavam se proteger. O clima de pânico estava ativo na terra e as pessoas tinham medo de sair de casa, mas ao mesmo tempo tinham medo de ficar...