Capítulo 3

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Ayla Jones

Sinto a arma nas minhas costas. Não acredito que esse babaca vai me deixar pra morrer.

Que tipo de cara ele é? Assumo que eu estou errada em algumas partes. Mas não vou pedir desculpa. Ele que começou. Ele apontou uma arma pra mim. Quem deixa uma arma com um louco?

A criança entra correndo na sala brincando e se assusta. Olho pra ela analisando. A mulher pega a menina no colo, deve ser filha dela. Elas estão muito assustadas. A criança abraça o unicórnio de película. E volto a olhar pra fora. O babaca nem se mexe pra olhar para a criança. Tenho pena dela por estar no mesmo ambiente que ele. Na verdade tenho pena do casal também. Então a menina quebra o silêncio.

- Tio Dylan ela vai ficar na chuva? – o babaca olha para a menina saindo o transe dele – Papai disse que não pode mais brincar na chuva. Essa arma é de verdade ? – A menina olha para o pai – Papai é de verdade a arma ? – o babaca abaixa a arma e coloca na cintura.

- Entra, mas vai ficar sentada na escada. E quando a chuva acabar você vai embora. – O babaca fala fecha a porta.

A mulher suspira, entrega a menina ao outro homem. Sento na escada encosto a cabeça na parede. O babaca puxa uma cadeira e senta na minha frente, cruza os braços. Dou uma risada de deboche.

- Vai ficar sentado me vigiando? – falo rindo.

- Claro que sim. Eles são a minha família. Você é uma estranha que estou aqui. Então sim, vou ficar te vigiando. – ele fala de maneira rude. Ele é sem dúvidas um homem das cavernas.

- Acha mesmo que vou fazer mal a sua família ? – reviro os olhos – Claro que não. A moça ali me abrigou. E tem uma criança aqui. Que tipo de pessoa faria mal a uma criança? Ah sim.. pessoas que usam armas na presença delas. – Olho pra ele de cara feia – Só pra te avisar, estou falando de você e ela ficou com medo.

Ele continua me olhando sério. Encosto a cabeça na parede de novo e fecho os olhos. A chuva estava muito forte. Acabo pegando no sono.

Sinto alguém me cutucando, abro os olhos. A criança estava em pé em encarando de frente pra mim. Ela fez um sinal para eu não falar nada. Apontou para o babaca. Ele estava dormindo sentado na cadeira, ótimo vigia por sinal, é assim que ele vai cuidar da família dele? Está de parabéns. Ela fez um sinal para eu acompanhar ela. Andamos até um cômodo que parecia ser uma cozinha. A mulher estava sentada na cadeira com o outro homem. A menina vai para o colo da mãe e eles fazem um sinal para o sentar.

-Desculpe pelo meu irmão. Ele não costuma ser assim. Mas passou por uns tempos difíceis. E toda essa tensão está deixando ele assim. E.. ele tem os motivos dele.

- Seu irmão?? – Me assusto – Impossível, ele é um homem das cavernas babaca e você é assim... Educado, civilizado. – O homem ri.

Eles se apresentam e nós ficamos conversando por um tempo. Eles eram casados a 6 anos tinham a Grace que tinha 5 anos. O babaca se chamava Dylan, mas vou continuar chamando de babaca. Ele era o dono e Rei do Bunker e tinha chamado o irmão para se abrigar. A pessoa que eles me apresentaram como Dylan não era o mesmo babaca rei do Bunker.

A menina começa a desenhar, e eu fico desenhando com ela. Ela me conta como o tio dela é. Todo mundo resolveu fazer propaganda positiva dele. Cansada disso.

Amber está preparando algo pra gente comer e Alex foi fazer alguma coisa. Eu Grace ficamos na mesa desenhando. Ficamos perdidas no tempo. Estou encantada por essa criança. Ela é um amor.

Me assusto quando vejo o babaca entrar de forma silenciosa no cômodo,  olho para ele apontando a arma pra mim. De novo, reviro os olhos, ele não cansou de brincar? Porque eu já. Eu faço a Grace olhar para o desenho assim ela não ver a arma. Ele se assusta ao ver a menina e guarda a arma de novo.

- Oi Rei do Bunker – Falo com um tom de deboche.

- Tio vem ver, a Ayla desenhou você dormindo. – ela fala de forma inocente.

- Como assim? – ele pergunta um pouco irritado.

Grace pega o desenho e mostra pra ele. Assumo que sou boa desenhando. Desenhei ele sentado na cadeira dormindo e Grace pintou. O desenho ficou muito bom.

- Vou guardar de lembrança – A menina fala tirando o desenho da mão do tio – Vou pendurar no meu quarto. Fala e sai do cômodo.

O babaca senta do meu lado. Arrasta a cadeira pra ficar de frente pra mim. E fica me analisando.

- Não vai ficar aqui – Ele fala sério.

- Seu irmão me convidou pra ficar e a chuva não passou. Qual o seu problema comigo ? – Falo sério pra ele.

- Não te conheço, você não trouxe nada e pode colocar minha família em risco.

- Risco de que? Olha pra mim, como vou fazer mal a vocês ? Não tenho nem corpo pra isso. Não tenho uma arma. E já disse que não vou fazer. Estou dando a minha palavra.- tento explicar.

- Não te conheço. Como vou acreditar na sua palavra. - Ele me olha dos pés a cabeça -E sua família cadê? – ele fica me encarando.

- Não tenho. – desvio o olhar.

- Ninguém? Está sozinha no mundo? – ele pergunta sem acreditar e dá uma risada.

- Sozinha no mundo. – repito as palavras dele irritada. - Sorte sua ter uma família.

- Você veio de onde? Aonde estava antes da chuva – Ele continua o interrogatório cansativo.

- Na floresta. – Falo cruzando os braços.

- Morando na floresta ? – ele ri de deboche.

- Sim. Como eu disse, eu não tenho ninguém. Estou vendo que você é surdo sóbrio também, devia ver isso. – falo irritada.

- Você é muito abusada. Estou te dando abrigo e você fala comigo assim. – Ele se irrita e levanta.

- Quem está me dando abrigo é o seu irmão não você. – falo mais alto que ele e levanto.

- Mas o Bunker é meu. Eu te deixei ficar – ele fala e coloco o dedo na meu rosto quase. Meu sangue ferve.

- Foda-se o seu Bunker. – Falo e viro as costas, vou andando em direção a escada. Ele vem na minha direção, puxa meu braço.
- Se vai ficar aqui vai me respeitar. Você está maluca? – Ele fala com muito ódio.

- Mãe eles vão brigar corre – Grace fala e vem em nossa direção – Tio não bate nela por favor. – a menina fala chorando.

Pego ela no colo. Limpo as lágrimas dela. Odeio ver criança chorar. Beijo o rosto dela e arrumo o cabelo.

- Não chora. Ele não vai me bater. Seu tio é maluco mas nem tanto – vou andando com ela para a sala, sento no tapete – Está tudo bem. Além de desenhar eu também sei fazer penteados. Você gosta ? - ela limpa as lágrimas e confirma com a cabeça- Vamos fazer uma trança no cabelo?

-Pode ser igual a da Elsa ? – a menina fala limpando as lágrimas.

-Pode – sorrio e ela tenta sorrir, solto o cabelo dela e começo a fazer a trança.

Os olhos de AylaOnde histórias criam vida. Descubra agora