Capítulo 7

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Ayla Jones

Vejo o babaca entrando correndo para sala com cara de assustado, Alex segura meu braço na porta.

-O grito foi de felicidade – Alex fala rindo. - Calma cara.

-Esquece o passado, Dylan. Isso não vai se repetir. Você precisa seguir em frente – Amber fala calma e baixo.

-Desculpem. - Dylan fala e Respira fundo.

Grace estava com uma camisa de unicórnio, mochila, alpargata, cobertor e lençol. Tudo de unicórnio. Ela pulava de felicidade na sala. Ela começou a mostra tudo para os pais.

-Olha o que eu ganhei – Grace mostra tudo feliz.

Esse é um momento de família e pela primeira vez me sinto estranha no meio disso tudo. Levanto e vou para a sala a dispensa. Sento no chão em frente ao rádio, ligo o rádio e escuto com um pouco de interferência um homem falar.

-Perdemos as contas de quantas mortes já tivemos por causa dessa chuva. Na verdade, paramos de contar. É muito triste. - O primeiro homem fala.

-Mais de 3 mil pessoas mortas nesses primeiros meses de chuva. Em um ano não sei como vai ser. Toda a vida da terra vai se tornar extinta.

-É Hall...os cientistas não puderam prever com tanta antecedência, e não sabem quanto tempo mais isso vai durar. Só sabem que tudo está morrendo e no momento não tem o que fazer. Grandes nomes da ciência estão tentando resolver esse problema, mas parece que não vai ter solução. Esse pode ser o Fim do Mundo.  Fim da vida na terra.

Dylan desliga o rádio e me assusto. E estava tão concentrada que nem percebi que tinha entrado na despensa.

-Para de ouvir isso, não vai te ajudar em nada. - Ele senta de frente pra mim e limpa uma lagrima que caiu sem que eu tivesse deixado ela cair. - Você tinha alguém la fora?

-Já disse que não. Sou sozinha. - Falo irritada.

-Não tinha família? Pai, mãe irmão? - Nego com a cabeça - Marido? Namorado? - Suspiro e levanto

-Ninguém para me importar. Porque tanta preocupação com isso? - me irrito.

-Porque eu já me senti sozinho, mas eu tinha meu irmão e a família dele. Não consigo imaginar como seria estar totalmente sozinho... E no fim do mundo.

-Não estou sozinha no fim do mundo...- Vou saindo da despensa – Agora eu tenho vocês.

-A Grace amou os presentes, obrigado. - Ele fala e eu momento os ombros fingindo não me importar.

Nossa rotina era dividida entre limpar e organizar o Bunker, conferir os sistemas, e cuidar da plantação. Não tinha muita coisa para fazer. Então eu brincava com Grace a maior parte do tempo para que eu não percebesse esse caos que o mundo estava. Ela era só uma criança, não merecia psssar por isso.

Já era a noite e eu resolvi comer um dos doces que peguei. Peguei uma embalagem e fui para a sala. Alex e Amber estava no quarto e Grace no chão da sala com Dylan desenhando, ele era bom com crianças. Deitei no sofá e comecei a comer.

-Me dá um pouco aí – Dylan fala.

-Pega lá na dispensa, tem vários. Mas o meu eu não vou dividir. - Falo e continuo comendo o pacote cheio de chocolates.

-Preguiça de ir até lá. Só quero um. - Ele fala de vira de frente pra mim e tenta pegar o pacote.

Ele ficou tentando pegar o pacote e eu empurrando-o com as pernas. Ele segurou minhas pernas e esticou o braço para pegar. Vi Grace sair correndo da sala rindo e isso tirou a minha atenção. Dylan conseguiu pegar o pacote e levantou rápido, começou a comer, meu sangue ferveu e eu pulei em cima dele. Prendi minhas pernas na cintura dele e fiquei tentando pegar o pacote, com uma mão ele tentava me soltar do corpo dele e com a outra esticava o pacote para o mais longe possível de mim. Ele desequilibrou e caiu no chão, eu fiquei por cima dele e tirei o pacote da mão dele, comecei a comer e ele me jogou para o lado e ficou por cima de mim tentando tirar o capote da minha mão, eu já estava ficando irritada, a única maneira dele parar era se eu mordesse ele, na hora isso pareceu ser a única opção e uma ideia boa, quando eu vi eu estava mordendo o braço dele que estava com o pacote. Ele prendeu meu corpo com as penas, senti o corpo dele bem perto do meu, e com uma das mãos ficou segurando meu rosto e soltou o pacote no chão. E eu parei de morder ele.

-Não acredito que me mordeu. - Ele fala olhando a marca da mordi – Por causa de um doce. - Ele começa a rir.

-Era o MEU doce – Pego o pacote. E ele ainda esta cima de mim. Começo a comer deitada mesmo. E apoio a mão na perna dele.

-Você é maluca. - Ele fica rindo e tira o chocolate que estava na minha mão, coloca na boca e prende entre os dentes me mostrando. Arranco da boca dele e como. Ele se assuta.

-Sou insana e você babaca. - Pisco e ele ri.

Alex, Amber e Grace estavam nos olhando da porta.

-Vão namorar no quarto por favor, tem uma criança aqui. - Alex fala implicando com nós dois.

Dylan levanta sem graça e eu também. Prendo meu cabelo e vou para a cozinha. Alex e Dylan ficam falando algo na sala. Alex devia estar implicando com ele, porque o Rei do Bunker estava bem irritado e o irmão rindo muito.

Quando Alex saiu da sala, Dylan colocou a mão na nuca e sorriu, virou para vir na cozinha e nossos olhos se encontraram, ele tentou disfarçar o sorriso e eu olhei para o outro lado. Amber me olha e estala os dedos na minha frente rindo.

-Pelo jeito a resposta é sim. - Ela senta ao meu lado.

-Qual foi a pergunta? - Falo abanado meu rosto.

-Foi uma afirmação. Está gostando do Dylan. - Ela fala me olhando.

-Claro que não. Ele é um babaca, machista e arrogante. É Rei de tudo aqui dentro. - Falo tentando passando a mão na nuca.

-Então porque ficou vermelha quando ele te olhou? - Amber pergunta me olhando como se soubesse a resposta.

-Porque ele me irrita. Fiquei vermelha de raiva. Ele comeu meu doce. Vou ter que pegar outro. - Levanto, pego um pacote de doce.

Vou até a garagem, vejo que não está chovendo. Abro o portão e fico um pouco do lado de fora respirando o ar ácido. Tudo estava queimado do lado de fora. As plantas mortas, o sono sem vida alguma. O céu escuro. E os cientistas não sabiam como resolver. Parece que o nosso fim estava perto. O inverno iria durar mais tempo do que o normal. Os homens do rádio achavam que a gente não iria sobreviver ao fim o inverno. Além das consequências da chuva ácida, ainda teria das chuvas normais, como alagamento, deslizamento e tudo mais.
Será que a gente estava protegido no Bunker? Será que a gente iria sobrevier ao inverno. Termino de olhar a paisagem morta, entro e fecho a porta.

Os olhos de AylaOnde histórias criam vida. Descubra agora