capítulo 23

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Ayla Jones

-Vadia. Você atirou em mim? - Caleb fala gritando e colocando a mão no ferimento.

O amigo dele pega uma arma e aponta pra mim. Estou em desvantagem, são dois contra um. Mas preciso defender Grace e Amber, preciso defender a minha família.

-Abaixa a arma Ayla. Ele vai te matar - Caleb fala sentado no chão.

-Se for me matar atire na minha testa. Vou ter sete segundos de vida. Porque se eu tiver mais que isso vou te matar Caleb e vou descansar em paz. - Falo decidida olhando para ele.

Por dentro eu estou morrendo de medo. Em pânico, mas preciso manter a minha pose. Por fora estou decidida e um pouco insana. Mas isso é bom, sustenta a credibilidade. Mas eu sei que eu preciso de um milagre. Continuo apontando a arma pra ele. E então escuto alguém atrás de mim. Estou ferrada sem dúvidas. Engulo  seco e vejo eles olhando sem reconhecer a pessoa o que era ótimo pra mim. Mas estamos no fim do mundo, não teria uma pessoa de passagem do nada aparecendo para me defender.

-Deixa a Ayla em paz babacas. - Escuto a voz da Amber e rezo para não escutar a de Grace.

Ela se posiciona ao meu lado, pisca pra mim e fica apontando a arma para o outro homem. Era ótimo ter a ajuda dela. Mas Amber tem uma filha, era pra ela estar protegida dentro de casa. Ela não deveria ter saído. E se Grace aparecer? Isso não daria certo. E porque alex e Dylan estão demorando tanto?

-Ahhh já entendi. - Caleb fala rindo. -Virou lésbica.

Amber bufa e atira na barriga do outro homem sem paciência. Ela não sabe atirar, mas pelo menos acertou. O homem cai no chão colocando a mão na barriga. Me aproximo de Caleb e dou um tapa na cara dele.

-Nunca mais apareça aqui, e nunca mais faça mal a mulher nenhuma. Você e entendeu?  - Falo irritada.

-Você não é mulher. - Ele ri - É uma vadia, um objeto e tem dono. - Meu sangue esquenta.

Não quero matar Caleb, mas sei que ele vai voltar. E vai vir com o Calvin, dai eu vou estar ferrada e vou colocar em risco Amber já que eles já sabem da existência dela e já viram o rosto. Não posso deixar isso acontecer. O outro homem vai morrer sem dúvidas, já deve estar morrendo. Ele está perdendo muito sangue, mas Caleb já levou um tiro e não morreu. Não posso deixá-lo sobreviver dessa vez, mas não sou uma assassina. Não quero ser, não posso ser.

-Amber vira de costas. - Falo tentando ser fria e forte.

-Eu não vou te deixar. Estamos juntas nessa. - Ela fala seria e decidida.

-Vai me matar Ayla? Duvido, você é muito fraca e burra, não tem estomago pra isso. - Caleb fala rindo.

Respiro fundo. Mas dessa vez fico com os olhos abertos. Aponto a arma para a cabeça dele e fica me olhando rindo. Como se duvidasse, mas para falar a verdade, até eu duvido que vou conseguir fazer isso. Mas precisa ser feito. Olho pra ele e atiro na cabeça.

Vejo o sangue espirrar e ele cair de lado. Fico imóvel na mesma posição encarando o corpo e começo a tremer. Amber confere se o outro homem morreu. E me puxa pelo braço pra eu entrar no Bunker. Entramos, ela fecha a porta coloca as mãos no meu rosto e fica me olhando nos olhos. Ela me entendia muito bem, como se pudesse ler a minha mente.

-Você fez o que tinha que ser feito. Você protegeu a sua família. Você não é uma assassina. Entende isso Ayla? - Confirmo com a cabeça, mas as lágrimas começam a descer. Ela limpa minhas lágrimas, beija meu rosto. - Você não é uma assassina. Estamos no fim do mundo, foi necessário e eles eram homens ruins, mereceram.  Repete comigo, Eu não sou uma assassina.

-Eu não consigo. - Falo chorando.

-Diz Ayla. Eu não sou uma assassina. - Amber fala seria pra mim.

-Eu não sou uma assassina. - Eu me forço a acreditar isso.

Agora sim, são duas mortes nas minhas costas. Eu sou uma assassina, não tem como pensar diferente. Passo a mão no cabelo. Sinto um desespero dentro de mim.

Amber corre para a porta, confere se foi bem fechada e vai correndo buscar Grace.

Sento no chão da garagem e tento respirar. O fim do mundo está acabando comigo. Nunca pensei em machucar ninguém, nunca tive a intenção e nunca consegui. E agora acabo de matar a segunda pessoa. O que está acontecendo comigo? Me sinto uma pessoa ruim, mesmo sabendo que foi para me defender e eles era pessoas bem piores que eu. Mas o que eu sou agora? O que estou me tornando? O fim do mundo esta mexendo comigo.

Amber para ao meu lado. Se abaixa ficando de frente para mim. Ele segura a minha mão e me ajuda a levantar.

-Vamos tomar um banho quente para relaxar. - Ela fala se forma carinhosa.

Levanto e vou com ela. Entramos no banheiro ela me ajuda a tirar a roupa. Entro no chuveiro, ela fica encostada na pia e fica me olhando.

-Esquece o que aconteceu. E não pense que você é uma assassina. Você não é. - Ela fala.

-Eles vão chegar e vão ver o corpo na porta. - Fico pensativa.

-Queria enterrar? Eles não merecem. E não se preocupe com o que eles vão achar. Vão pensar que você fez o que tinha que ser feito. E aqueles idiotas não merecem um enterro.  -Ela fala me olhando irritada.

-Vou pensar dessa forma. Ele mereceu por todo mal que me fez. E agora não vai machucar mais ninguém... Nunca mais... - Tento acreditar nisso. Mas matar alguém é pesado.

-Isso mesmo. Só relaxa. Vai ficar tudo bem. - Ela sorri, olha meu corpo - Você tem muitas sardas... No corpo todo. - Ela fala para descontrair. Nos duas rimos. - Só Relaxa Ruiva. - Ela pisca e sai do banheiro.

Termino do banho. Saio nua, só tem mulher na casa e Grace está no quarto. Vou até meu quarto coloco um short curto, uma camisa de alça sem sutiã e uma alpargata. Vou até o quarto de Dylan pego um casaco o cheiro dele. Sinto o cheiro e abraço. Queria que ele estivesse aqui agora. Queria que eles estivesse antes para me proteger, para poder ser fraca e não ter que matar alguém. Queria que eles estivesse aqui para eu me sentir protegida.

Olho para a cama dele e lembro de quando ficamos deitados. Olho o relógio, faltam 40 minutos para a chegada dele. Assim foi combinado, mas preciso contar com os atrasos. Não vejo a hora do Dylan chegar. Ele faz falta mesmo me irritando muito. Me sinto estranha sem ele aqui. Sem ele me perturbando ou me tirando do sério. Fico pensando no que estou vivendo com ele, não sei o que é, mas estamos nessa a um ano. Não sei se quero rotular o que sinto. Mas sei que é forte. E que gosto do que estou sentindo. Gosto de estar com ele. Preciso do Dylan.

Deito na cama dele e fico olhando para o teto pensando em tudo o que aconteceu na vida nesses últimos anos. O inferno que foi com o Calvin e o Caleb e como está sendo agora com os Collins. Agradeço a Deus por esse presente. E peço para o fim do mundo acabar. Não aguento mais tudo isso. A chuva, assassinos, falta de comida. Todo esse desespero.

Acabo caindo no sono deitada na cama dele.

Os olhos de AylaOnde histórias criam vida. Descubra agora