Capítulo cinquenta e três

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-Desastre, James Arthur.

Deitado no silêncio
Esperando pelas sirenes
Sinais, quaisquer sinais de que ainda estou vivo
Eu não quero enlouquecer
Eu não estou conseguindo passar por isso
Ei, eu deveria rezar?
Deveria me refugiar
Em mim mesmo, em um Deus
Em um salvador que possa

Desdizer estas palavras ditas
Encontrar esperança na falta de esperança
Me tirar desse desastre
Desfazer as cinzas
Desencadear as reações
Eu não estou pronto para morrer, ainda não...

******

Já não sei mais quanto dias fazem que estou aqui, é difícil saber, pois não tenho ideia se é dia ou noite. Não tem janelas e a luz fraca está sempre acessa. O quarto é abafado demais, difícil de respirar.

Abby e eu fomos jogadas em outro cômodo, muito menor do que o outro em que estávamos. Porém, este, tem um pequeno banheiro sem porta e sem chuveiro.

Eu mal consigo pregar meus olhos, a sensação de angústia e medo não me deixa nem por um mísero segundo.

Dolores não vem muito aqui, só veio duas vezes, jogou uma garrafa de água e pão, tratou Abby e eu como se fossemos um animal.

Mas em minha mente, logo terei meus filhos nos braços e estarei alinhada no colo de Hector novamente. Entretanto, a verdade é que não sei quando vou sair daqui, eles não dizem nada, não expressam absolutamente nada.

E mesmo não sentindo fome, eu como, como porque não tenho intenção de abandonar minha família tão facilmente, preciso ser forte, por eles.

As vezes, eu tenho a ligeira impressão de ficar sonolenta após cada "refeição". Porém, mesmo sentindo a sensação de estar sendo dopada, continuo me alimentando.

Eu penso em Hector constantemente, onde ele está? Por que ele não me tira daqui?

Eu sei que ele está atrás de mim, sei que logo irá me achar e que eu irei voltar para casa, ainda assim, você não poder saber o que irá acontecer amanhã, é uma tortura.

Eu peço para Deus todos os dias para ser encontrada, eu jamais vou jogar minha esperança em uma lata de lixo independente de qualquer coisa.

Suspiro.

Pelos poucos minutos em que consigo fechar os olhos, eu sonho com minha família e a sensação de querer abraça-los só aumenta. Meus filhos, meu homem, meus amigos...

Não tem um dia sequer em que eu não chore sempre que penso na possibilidade de nunca sair daqui, pelo menos não tão cedo.

E hoje, é mais um dos dias em que meu pensamento e o silêncio me consomem de forma degradante. É uma tortura.

Ouço passos pesado.

Ao contrário de Abby que se arrastou para um canto amendontrada, eu não me movi, apenas continuei encostada na parede, sentada na cama. A porta é aberta. Erick entrou e eu não o olhei.

É até estranho dizer que não tenho medo do homem que me sequestrou, agrediu, que me tratou como lixo, me ameaçou...mas essa é a realidade, eu não sinto medo dele, nenhum um pouco, só sinto pena, nojo e repulsa.

-Trouxe cupcake de framboesa para vocês, é o meu preferido._diz, em tom de ironia.

-Não estou com fome.

Meus lábios se contorcem em desaprovação, encaro-o com nojo.

Erick entra no cômodo, fecha a porta atrás de si e respira fundo. Ele pega o revólver de sua cintura e aponta em minha direção, sorrindo loucamente.

Estupidamente ArroganteOnde histórias criam vida. Descubra agora