Estupidamente Arrogante

Capítulo quarenta e seis

Acabou.

O que Hector e eu estávamos tendo, chegou ao fim.

No fundo, eu imaginei que uma hora ou outra isso iria acontecer. Eu sabia. Desde que começamos a nos envolver, minha intuição gritava para eu ir com calma, mas o que eu fiz? Me joguei de cabeça, sequer medi a queda.

E agora, estou completamente despedaçada, aos pedaços. É humilhante está situação, é tudo muito dolorido... horrível.

Eu estava começando a juntar meus pedacinhos, encaixar os cacos quebrados do meu coração. Mas a vida me surpreende sempre, só que desta vez, de um modo completamente negativo.

As pessoas dizem que quando passamos por algo ruim, tiramos aprendizado e lição de tal situação, para que assim, possamos amadurecermos. Mas eu não consigo enxergar desta maneira agora, estou cansada de sofrer, de passar por coisas ruins, estou sem forças.

Durante toda minha vida foi assim. Será que nada irá mudar? A vida e o universo vão sempre conspirar contra mim? Irei sempre sofrer?

Primeiro, foi o abandono da minha mãe. Depois, uma carreira e estudo frustado. Em seguida, veio a morte da pessoa que eu mais amo neste mundo. E agora, uma decepção amorosa.

Vida, já deu!

Eu não aguento mais!

Por um momento, eu achei que tudo iria melhorar, principalmente depois da conversa que Margot e eu tivemos.

Eu me animei, fiquei completamente feliz,  entusiasmada e extasiada. Vi ali uma oportunidade de sair de vez do fundo do poço, do lugar mais sombrio em que me encontrava.

Eu sentia que estava quase conseguindo sair, eu já conseguia visualizar uma luz, faltava pouco. Mas, depois deste maldito acontecimento, sinto que me afundei ainda mais.

Mas, tudo bem, nada como um dia após o outro.

Irei superar essa decepção amorosa, eu juro.

Já superei coisas piores.

-Hannah, eu achei que você deixaria de trabalhar aqui nas próximas semanas, como combinado com vovó Margot._Noah entra em meu quarto, receoso.

Levanto meus olhos e encaro o garoto melancólico. Jogo algumas peças de roupa dentro da minha mala e levanto-me da cama.

Caminho até Noah e paro em sua frente, analisando cada feição do seu rosto, cada detalhe seu. Bem próxima dele, vejo o quanto aquele garoto cresceu durante esses oito meses trabalhando aqui, como sua evolução foi surpreende e o quão carinhoso e amoroso ele é.

-Sim, meu amor, o combinado foi nas próximas semanas, mas aconteceram coisas que...

-Não precisa se explicar Hannah, está tudo bem._ele sorri, um pouco triste.-Você já iria partir, eu entendo, só não imaginei que seria tão...

-Rápido?_pergunto.

-Sim, tão rápido.

-Nem eu.

Nós dois entramos em um silêncio absurdamente profundo, não proferimos sequer uma palavra durante um bom tempo, ficamos apenas quietos, observando um ao outro, tristes.

Me afasto de Noah, caminho até minha cama bagunçada e cheia de roupas. Afasto algumas peças para o canto e bato na cama, chamando Noah até onde estou.

-Venha aqui._peço, carinhosamente.

O garoto caminha cabisbaixo até onde estou, com os ombros caídos e com sua postura curvada.