33. Anabel

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Já faziam cinco dias que Marcus estava em uma viagem para Miami. Ele precisou ir, até insistiu para que eu o acompanhasse, mas decidi ficar para passar mais tempo com os gêmeos.

Acabei permanecendo na agência, como secretária, mas LeBlanc já fazia planos de contratar uma substituta quando eu completasse sete meses de gestação. Segundo ele, a partir dali, eu repousaria e receberia massagens safadinhas.

Não reclamei.

Meu celular tocou sobre a mesa, ao lado do meu notebook, o alcancei e sorri com o nome de Elena no visor.

— Que surpresa! – Digo, referindo-me ao seu sumiço.

Eu sei, sou uma péssima amiga e madrinha. Juro que comprei muitos presentes para Alicia desde o último, de aniversário.

Tudo bem, ela amou aquela boneca. – Sorrio. — Colocou seu nome nela.

Não preciso dizer que o presente favorito da minha filha foi a casinha gigante que Marcus presenteou. Achei um exagero, mas Alicia ficou deslumbrada e não parou de falar dela um só minuto.

Tenho a afilhada mais fofa do universo. Mas não é sobre isso que quero falar, quero falar sobre o seu aniversário.

— Ah, não estava me lembrando, para ser sincera.

— Estou aqui para fazer este favor! Nós vamos fazer uma viagem para a Costa Rica!

Arregalo os olhos, pensando na besteira que ela está dizendo.

— Elena, você perdeu completamente o juízo! – Giro na cadeira, me levantando. — Costa Rica? De onde você tirou esta ideia maluca?

Não é uma ideia maluca, é um presente de aniversário adiantado. Você pode espernear o quanto quiser, nós vamos.

Suspiro alto, entendendo que concordar será o mais saudável no momento. Ela é teimosa ao extremo, se eu negar, vamos ficar o resto da noite contrariando uma à outra.

— Tudo bem, eu posso pensar em como vou encaixar a viagem na minha vida de mãe? – Ironizo, lembrando-a das crianças. — Além disso, preciso falar com Marcus, ele vai pirar. A gravidez está mexendo mais com ele do que comigo.

Minha amiga ri.

Ninguém é perfeito. Ele é gostoso demais para não ser um pouco neurótico. – Zomba, arrancando um riso meu.

— Tudo bem, eu mando uma mensagem mais tarde para combinarmos tudo. Beijos.

Ela encerra a chamada, então deixo meu celular no lugar de antes e ando de um lado a outro, achando a tal viagem uma loucura.

O som do elevador chama minha atenção, então olho para trás e minha respiração some quando vejo Marcus ali, de volta para mim. Seus cabelos estão bagunçados, precisando de um corte, e a gravata afrouxada. Os olhos lindos estão focados na tela do celular, onde o polegar bate rapidamente, provavelmente digitando alguma ordem.
Quando levanta a cabeça, depois de sair do elevador, ganho toda sua atenção. O celular vai direto para o bolso e a maleta de couro fica sobre o balcão acoplado à minha mesa.

O corpo grande vem em minha direção como um furação, mas não fujo, muito pelo contrário, o recebo com um beijo sôfrego e cheio de saudade. Odiava ficar longe dele por tanto tempo.

— Senti sua falta. – Sussurro, envolvida em seus braços.

— Sentiu, é? – Me aperta, segurando em meus cabelos para cheirar meu pescoço como um dependente. — Se comportou bem enquanto estive fora?

LIBERTE-MEOnde histórias criam vida. Descubra agora