12. Anabel / Marcus

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Jantamos entre uma conversa e outra, sobre assuntos banais, não revelamos nada profundo sobre nossas vidas.
Eu estava encantada, meu coração se agitava no peito toda vez que Marcus abria aquele sorriso preguiçoso e ladino, o que era perigoso para mim.

Ele se mostrou ansioso enquanto o garçom trazia a conta, mas não posso julga-lo, eu também mal podia esperar para o que aconteceria no decorrer da noite.

Nos levantamos e seguimos para o carro, o manobrista foi ágil e pareceu satisfazer o homem ao meu lado.
Nos acomodamos no veículo e fiquei o caminho todo nervosa, olhando a cidade pela janela. Quando chegamos em um condomínio luxuoso, não pude evitar a surpresa com o lugar chique e bem-cuidado.

— Nossa – sussurro, olhando a casa enorme para qual Marcus virou o carro.

Ele estaciona na frente da garagem, provavelmente sabendo que não ficarei para dormir.

Minha família vêm de italianos, e sempre foram ricos o bastante para impressionar, mas os LeBlanc estavam muito além daquilo.

— Você mora sozinho aqui? – Pergunto depois de descermos do carro, quando ele segura minha mão.

— Tenho uma governanta, Elizabeth, mas ela é quase como um fantasma.

Olho para cima, vendo vidros e luzes por todo o lado. É realmente uma bela casa, devo admitir.

Paramos de frente para uma porta com muitos metros a mais que eu, muitos mesmo, e o vejo colocar a palma da mão estendida sobre um painel pequeno, onde sua digital é reconhecida.

Uau!

Tento disfarçar meu espanto quando tenho visão da sala gigante, com sofás brancos, de couro, móveis modernos com cores neutras e um piano maravilhoso. A decoração é impecável, com quadros famosos e estátuas em pontos estratégicos.

— Fique à vontade, vou pegar algo para beber. Alguma preferência?

— Não, o que você quiser. – Sorrio para ele, que baixa o olhar pelo meu corpo e se afasta, sumindo em algum lugar.

Caminho vagarosamente pela sala, olhando o piso brilhante que é quase um espelho. Me aproximo do instrumento grande e lindo, que também brilha de tão bem-cuidado, sem nenhum arranhão.
Arrisco afundar os dedos em algumas teclas e produzo alguns segundos de uma música clássica que aprendi ainda criança, quando tive aulas de piano. Estou enferrujada, mas poderia praticar novamente.

— Você toca?

Dou um pulo com o susto, colocando uma mão no peito. Boto meus cabelos para trás da orelha e umedeço os lábios, sem graça.

— Toco, mas faz muito tempo que não vejo um desses.

Ele me entrega uma taça com vinho tinto, enquanto segura um copo com uísque. Parece que é sua bebida favorita.

— Você tem bom gosto – digo, me referindo a sua decoração.

— Obrigado. – Me analisa novamente, descendo os olhos azuis e queimando minha pele.

Dou um gole generoso no vinho, me sentindo esquisita. Estou um pouco trêmula e meu estômago parece ter vida própria.

Não tenho tempo de beber muito, porque Marcus tira a taça de mim e coloca sobre o piano ao nosso lado. Suas mãos envolvem as minhas, levando-as até seus lábios.

— Não quero que fique nervosa.

— Acho que é impossível – murmuro.

— Eu posso levar você para casa, se não estiver a vontade.

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