— Eu não vou deixar você usar estas coisas horríveis com um chefe gostoso daqueles desejando você!Exausta de tanto discutir, apenas me jogo em minha cama ao lado dos meus filhos que estão alheios ao assunto.
— Ele não está me desejando, Joe.
— Você é cega, é a única explicação. Ele estava babando em você, Ana. – Puxa-me pelas mãos, me mantendo sentada. — Por favor, vamos fazer compras!
— Eu só quero ficar deitada com as crianças, hoje é sábado, aquela rua deve estar lotada – choramingo.
— Vamos logo, não aceito não como resposta. Crianças, nós vamos passear.
E a guerra está perdida quando os três comemoram, pulando pelo quarto e gritando o quanto amam passeio.
Me jogo para trás outra vez, desejando apenas fechar os olhos e dormir.
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Passamos grande parte do dia em lojas, que como imaginei, estavam abarrotadas. Mas foi divertido, assistimos uma peça e depois um filme infantil, além de termos tomado sorvetes em casquinhas de chocolate e comido pipoca doce. Acho que meus filhos nunca se divertiram tanto, e eu não ria daquele jeito há muito tempo.
Chegamos em casa suados e risonhos, com as mãos cheias de sacolas de todos os lugares.
— Preciso urgentemente de um banho. – Paro de rir, procurando minhas chaves do apartamento dentro da bolsa em meu ombro.
— Para quem não queria sair da cama, você estava bem animadinha – comenta, Joe, me provocando.
— Não pensei que fosse me divertir tanto.
Consigo abrir a porta, os gêmeos entram em disparada e correm direto para seus devidos quartos, imagino que também queiram um banho e roupas limpas.
— Podíamos fazer isso com mais frequência.
Olho para Joe, que já está jogado no sofá.
— Obrigada, foi muito bom. – Sorrio, me sentindo maravilhosamente bem.
— Eu sei, meu bem, você estava precisando encarar a realidade. Seu marido abusivo morreu, e você está ótima, cuidando dos seus filhos, trabalhando e se sustentando.
Aceno devagar, pensando dessa forma.
— Sim, eu estou.
— Não precisa mais fazer tudo como se dependesse daquele homem, você só depende de si mesma, entenda. Você é forte, linda, e precisa acordar antes que a vida passe e seja tarde. Acredite, Ana, você não vai querer acordar um dia e perceber que perdeu seu tempo vivendo de acordo com os abusos de um homem que só te machucou. Esqueça aquela mulher, ela não existe mais.
Acabo indo até ele e me aninho em seus braços, mesmo que ele seja enorme e ocupe o sofá todo.
— Você tem razão, Joe, obrigada. Eu te amo.
— Também amo você, mas vou te matar se não agarrar aquele chefe delicioso. Ele deve ter gosto de pecado com chocolate.
Rimos até doer a barriga, mas tive que me levantar para dar banho em Noah e Alicia. No fim, estávamos todos banhados e juntinhos no tapete da sala, assistindo outro filme infantil.
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No domingo de manhã, ouvi batidas na porta e precisei fazer muito esforço para levantar da cadeira, na sala de jantar.
Fiquei surpresa ao ver meu vizinho, já que não nos encontramos durante semanas.
— Bom dia, vizinha, peço desculpas por incomodar a esta hora, mas preciso saber de recebeu uma caixa no nome de Jonas Brother. – Sorri, com todo seu charme.
— Jonas Brother? – Sorrio também. — Não, não recebi nada.
— Aquele porteiro está me fazendo de idiota.
Seu tom de voz não mostra nenhuma preocupação, muito menos sua expressão facial. E assim como nos vimos semanas atrás, ele está sem camisa, usando apenas um shorts de tecido mole.
— Quero me desculpar pela forma que tratei você naquele dia, sou um pouco rabugenta, às vezes. – Faço careta, me recordando de como fui grosseira quando tentou puxar assunto comigo no corredor.
— Sem problemas. Então, vou continuar minha busca pela caixa perdida.
— Está bem, Jonas Brother.
— Meu nome é mesmo Jonas, minha irmã enviou um presente, sabe como é. – Sorri de canto, se afastando do batente da porta.
— Compreendo, ela me parece muito criativa. – Sorrio. — Boa sorte na sua busca.
Ele acena, se afastando lentamente enquanto fecho a porta e ergo as sobrancelhas, me sentindo uma garotinha. Obviamente meu vizinho é um sem vergonha, mas muito bonito e sexy.
Com toda certeza é sexy.
Sorrio, voltando para a sala de jantar um pouco mais disposta. Sinto que estou começando a ser a Anabel de antes, mais segura com as pessoas e menos parecida com um bichinho domesticado.
A sensação é boa.
De repente, penso no meu chefe e como ele desencadeou algo que estava preso em mim. Parece bobo e simplório, mas depois que passei a ter confiança ao me tocar, algo dentro de mim se tornou curioso e inclinado a novas descobertas. Meu corpo parece mais leve, como se correntes estivessem presas em mim até então.
Claro que ainda sinto medo de me entregar de corpo e alma a algo ou alguém, mas agora é diferente, porque sei que consigo se tentar, antes eu não possuía nenhuma esperança, nada.
Com os sorrisos que meu vizinho lançou para mim desde que nos vimos pela primeira vez, eu sabia que podia ter sexo com ele, mas não passaria disso. Se eu estava pronta para ser tão rasa a ponto de me envolver e não me apegar, era uma coisa que eu teria que descobrir na prática.

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LIBERTE-ME
Romance(18+) violência, palavras de baixo calão, gatilhos mentais, sexo explícito. Postagens aos domingos, terças e quintas-feiras.