43. Anabel | Capítulo Final

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Se alguém me dissesse, meses atrás, que eu estaria feliz e com uma nova família, eu não acreditaria. Tive um começo de vida difícil, com um casamento forçado e uma gravidez precoce. Não me arrependo, faria tudo outra vez só para ter o amor dos meus filhos, mas não foi fácil passar pelo que passei.

Eu imaginava que jamais confiaria ou me entregaria para um homem depois de Thomas, ele me marcou de formas terríveis e me deixou por meses isolada em mim mesma. Mas é como dizem: o amor verdadeiro não é complicado, ele simplesmente acontece, fluindo livre e naturalmente.

Olhando para o meu eu refletido no espelho do nosso quarto, consigo entender pelo sorriso em meu rosto que é fato. O amor é simples e gostoso, mesmo nas desavenças.

— Mamãe, você está triste?

Uma ruivinha fofa está me encarando com uma expressão nada feliz.

— Não, meu amor, pelo contrário. Estou muito feliz.

— Então por que está chorando? – Franze o narizinho.

Sorrio, secando minhas lágrimas com cuidado para não borrar tudo, mesmo sabendo que no final da cerimônia estarei horrível.

— Meu choro é de alegria, querida. – Me abaixo à sua altura. — Hoje é um dia muito especial.

— Você vai se casar com o papai Marcus. – Sorri, satisfeita.

Aceno, acariciando seus cachinhos enfeitados com pequenas flores brancas.

— Onde está seu irmão?

— Lá fora, com a vovó.

— Vá e fique ao lado dele, a mamãe já vai descer também. – Beijo sua bochecha.

Ela fica saltitante e sai correndo, balançando seu vestidinho branco como o meu.

Me olho no espelho novamente e respiro fundo, me sentindo verdadeiramente incrível. Toco minha barriga e abro um sorriso gigantesco, ansiosa pela surpresa que preparei para todos, mas principalmente para Marcus.

— Está na hora. – Suspiro, nervosa.

Dou as costas para o meu reflexo, deixando o quarto. Encontro meu pai subindo as escadas, tão ansioso quanto eu.

— Oh, aí está você! Seu noivo está prestes a ter um ataque do coração lá embaixo! – Ri, me olhando com carinho. — Como está linda, minha filha.

Nos abraçamos por um tempo precioso, que me deixou mais tranquila e relaxada. Seus abraços sempre tiveram esse efeito.

— Obrigada, pai.

— Vamos, você está atrasada!

Ele me ajuda com a calda do vestido e o véu, tagarelando sobre como o jardim está bonito. Planejei tudo às pressas, mas com tanto amor e dedicação que sei que ficou perfeito, como sempre sonhei. Tudo do meu jeito, não de terceiros.

Atravessamos a área da piscina, que está enfeitada com balões transparentes, e passamos pela tenda onde será a festa mais tarde. A decoração está encantadora, minha ficha parece realmente cair e fico emocionada mais uma vez, com os olhos cheios de felicidade.

— Eu disse. – Meu pai se diverte, me fazendo rir.

Paramos na frente de um arco de flores e galhos secos coberto por um tecido branco. Os músicos iniciam uma marcha nupcial suave e posso ouvir o levantar dos convidados, então engulo a seco e aperto o terno do meu pai, que acaricia minha mão.

— Está na hora, querida. – Estende a mão, abrindo nossa passagem pelo arco.

Prendo minha respiração e dou o primeiro passo, me equilibrando nos saltos, com medo de cair. É estranho sentir algo tão diferente da primeira vez, como se eu nunca tivesse passado por isso.

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