23. Marcus

55 8 4
                                    

A viagem para Madrid foi estressante, apesar de ter tirado cochilos pelo trajeto. Eu teria trabalho para colocar a bagunça que fizeram em ordem. Alguns funcionários são tão incompetentes, e ser o chefe nem sempre é uma vantagem, pois sobra para o idiota aqui limpar a sujeira.

Eu não permito falhas.

Ao descer do jatinho, avisto logo o carro que será meu por esta semana e sigo até ele, acenando para o motorista que pega minha mala das mãos do meu segurança particular. Ele vai em outro carro, de olho em tudo com seu parceiro de trabalho.

Minha família é extremamente rica, e sou um homem próximo da casa dos bilhões, desde pequeno aprendi que precisaria ser forte, inteligente e observador. Já trabalhava à frente de uma das filiais, em Los Angeles, e meu tio ficou orgulhoso o suficiente para me deixar no comando, mesmo tendo outros sobrinhos. Eu sou bom no que faço, simples assim.

A caminho do hotel onde ficarei hospedado, pego meu celular e verifico se perdi alguma chamada importante. Nada. Vejo o nome de Anabel na lista de contatos, abro o mesmo e penso em ligar, mas meu dedo trava antes de fazer alguma merda, não posso ser fraco de pensar demais nela.

Eu não a mereço.

Além disso, lá está tarde da noite, ela deve estar descansando e não quero incomodá-la.

×××

Algumas horas depois, sou obrigado a me levantar para ir até a filial, o fuso-horário me deixou morto, em Nova Iorque são três da manhã, deveria estar dormindo agora.

Ao adentrar o prédio, noto que muitos ficam tensos, mas não perco tempo observando ninguém. Entro no elevador, ao lado do chefe de segurança, enquanto o outro ficou no térreo.

Quando as portas se abrem, a diretora fica pálida, me encarando por trás dos óculos de grau quadrados. Analiso-a rapidamente, estudando-a.

— Bom dia, Sr. LeBlanc! – Estende a mão para mim.

Retribuo, sentindo sua pele gelada e suada. Está nervosa, o que infla meu ego.

— Já estão todos aqui? – Pergunto, olhando para os lados rapidamente.

— Sim, na sala de reuniões. Me acompanhe, por favor.

Sigo-a, como me pediu. Entramos em uma sala pequena, mas arejada o suficiente. Vejo alguns homens e duas mulheres reunidos, parecendo tensos com a minha presença. É bom que fiquem.

Deixo minha maleta sobre a mesa e afrouxo a gravata, o dia vai ser longo.

×××

Fazemos uma pausa para almoçar, não saio do prédio para ir a algum restaurante, apenas me acomodo na diretoria e espero meu pedido de aplicativo.

— Não sei como chegaram a este ponto – digo, tendo a atenção de Dulce García, a diretora. — Quero o culpado atrás das grades.

— Alguns investigadores estão a caminho, vão recolher o necessário para desvendarem o que aconteceu.

— Algum palpite? – Questiono, pensativo.

— Hum, não sei... alguém ambicioso, com certeza. Foi um desvio muito grande.

— Um rombo no financeiro da empresa.

LIBERTE-MEOnde histórias criam vida. Descubra agora