2. Anabel

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A segunda-feira começou movimentada, todos na empresa estavam agitados e loucos para conhecerem o novo chefe. Eu não estava curiosa, apenas com medo do que ele acharia de mim.

No trigésimo andar, ando de um lado a outro, checando se tudo está no lugar para a recepção do tão falado sobrinho distante de Robert LeBlanc.

Ouço o elevador, então paro de circular como uma barata tonta e respiro fundo, ansiosa e trêmula. Eu devia mostrar firmeza e determinação, então camuflei minhas reações reais com um sorriso discreto e educado.

Porém, meu disfarce não parecia suficiente para esconder meu choque com o que vi.

Não imaginei que meu novo chefe seria tão bonito. Ele veste roupas maravilhosas e anda como um deus, imponente e confiante. Seus olhos reluzem em um azul de tirar o fôlego, os cabelos castanhos e penteados para trás o deixa sério e elegante.
Prefiro não comentar sobre o rosto, porque consigo me sentir ainda pior quando penso na minha própria imagem novamente.

Ai, meu Deus!

Limpo a garganta e pisco rapidamente, tentando raciocinar mais rápido que seus passos firmes.

— Bom dia, senhor, seja bem-vindo à LeBlanc – digo, parecendo mais com um robô programado.

— Eu não deveria ser recebido pelo meu tio? – Questiona, seco.

Sua voz é firme e grossa, com um leve fundo rouco e intimidador, como ele todo. Uau!

— Ele não pôde comparecer, pediu desculpas.

— Venha comigo até a minha sala – ordena, já na porta.

Engulo a seco e o acompanho, agarrando as novas agendas que comprei para reorganizar tudo.

— Me diga, há quanto tempo trabalha aqui?

Fico envergonhada imediatamente, me sentindo um peixe fora d'água. Meu falecido marido não me deixava sair de casa com muita frequência, então só consegui o emprego depois que ele se foi e compreendi que precisava de uma renda mensal.

— Três meses – murmuro.

Vejo suas sobrancelhas subirem, mas seu olhar não é crítico ou debochado, apenas surpreso.

— Ao menos passou pela fase de treinamento, e conheço meu tio, ele não escolheria qualquer uma para um cargo tão importante. Imagino que saiba disso, pois comandará meus negócios, programará tudo o que farei de agora em diante.

— Acho que nunca fui vista assim. – Baixo a cabeça, um pouco incomodada com seus olhos que parecem ver minha alma.

— Então passará a ser. Estudei sobre muito da empresa, é claro, estou sempre por dentro, mas me diga, já notou algo com que eu deva me preocupar por aqui?

Volto a olhá-lo, mas agora ele está mexendo em alguns papéis que estão sobre a mesa.

— Como o senhor mesmo disse, seu tio parece bastante seletivo com os funcionários e regras, então não tenho nenhuma acusação. Todos mantém uma boa relação e um ótimo desempenho.

— Perfeito. – Ajeita um pouco a gravata.

Ficamos em absoluto silêncio por alguns instantes, então limpo a garganta, chamando sua atenção para mim novamente.

— O senhor tem alguma exigência quanto ao meu trabalho? – Sinto que minha pele fica quente e meu rosto dolorido.

— Qual é sua rotina por aqui?

— Eu abro meu horário às sete e cinquenta para organizar a mesa, que agora é sua, com os minutos que me restam antes das oito. Dou prioridade às suas coisas, antes de iniciar meu trabalho. Depois disso, atendo à telefonemas, anuncio entradas, agendo seus compromissos e fico a seu dispôr para o que precisar que eu faça. – Suspiro, nervosa com o olhar intenso sobre mim.

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