14. Anabel

76 9 0
                                    

Uma nova semana se iniciou, eu estava com medo de como o senhor LeBlanc estaria depois do que fizemos.

No elevador da agência, meu celular toca dentro da bolsa. O pego rapidamente, por medo de ser algo com Frida e os gêmeos, mas suspiro aliviada ao ver o nome da minha mãe.

— Mãe, oi!

Oi, querida. Você sumiu.

— Eu sei, acabei me distraindo com o trabalho – resumo, me sentindo culpada por não visitá-los.

Entendo, mas sentimos saudades. – Suspira.

Sei que meus pais se sentem solitários, mas deixar os gêmeos com eles já seria demais. Minha mãe é uma ótima avó e ama as crianças, assim como meu pai, mas não quero preocupá-los.

— Jantaremos com vocês hoje, assim que eu chegar do trabalho.

Ela comemora, arrancando um sorriso meu. As portas do elevador se abrem e dou de cara com um homem delicioso encostado em minha mesa.

Ficarei ansiosa o dia todo, meu bem. Até mais tarde! – Se despede.

— Até, te amo.

Coloco o celular de volta na bolsa e dou passos incertos até onde LeBlanc se encontra, de braços cruzados e cenho franzido.

— Bom dia, senhor LeBlanc. – Coloco minha bolsa perto da cadeira. — Parece preocupado.

Ele calcula seus passos, dando a volta até mim. Prendo a respiração e não evito olhá-lo inteiro. Está lindo, como desde a primeira vez que o vi.

— Realmente, estou pensando na forma perfeita para castigar você.

— Me castigar? – Arrepio-me toda. — E por que o senhor faria isso?

Sua mão toca minha cintura e me segura firme, deixando minhas pernas bambas e a respiração descontrolada.

— Por ficar tão gostosa neste vestidinho.

Sinto algo ruim no peito e dou um passo para trás, recuando. Um gosto amargo se acumula em minha boca, engulo com dificuldade e coloco a mão no pescoço.
Lembro-me de quando Thomas me enforcou contra a parede por usar um vestido mais curto, fomos para uma festa e um homem me assediou, a culpa acabou sendo minha, no final.

— Ei, Ana!

Marcus está com os olhos atentos, com as mãos entendidas para mim, como se mostrasse ser indefeso.

— O que aconteceu? – Sua voz está baixa e contida, preocupada.

Engulo a seco mais uma vez e balanço a cabeça, forçando um sorriso que não deve tê-lo convencido.

— Nada, só fiquei um pouco enjoada, não comi nada pela manhã – minto.

— Fique sentada, vou pedir um café da manhã reforçado para você. Quer voltar para casa?

— Não é necessário, senhor LeBlanc. – Sorrio. — Obrigada, vou aceitar o café.

Ele puxa a cadeira para mim e beija meu ombro com carinho, subindo pelo pescoço.

— Tem certeza que está bem?

— Claro, foi só um mal estar passageiro. – Fico arrepiada novamente.

Sua língua brinca em minha pele e já não me lembro mais do passado, pois o tesão que aquece minhas coxas não deixa espaço para pensamentos inoportunos.

— Oh, isto não estava aqui.

Sorrio, suspirando quando seus lábios beijam a pele não cicatrizada do meu pescoço.

LIBERTE-MEOnde histórias criam vida. Descubra agora