Uma semana após minha decisão sobre os gêmeos, aproveito meu horário de almoço para passar pela escola e matricular os dois.
Converso com a diretora, que de início se mostrou bastante prestativa e gentil. Falo sobre a relação das crianças e explico como os dois se adaptam rápido a tudo. Conto também o que aconteceu com o pai deles, sem entrar em detalhes, digo apenas o necessário para que ela entenda se meus filhos ficarem cabisbaixos ou revoltados com algo.
— Mas são crianças ótimas, eu garanto. – Sorrio.
— Imagino que sim, senhorita Masucci. Nos esforçamos muito para o aprendizado e conforto dos alunos, você não vai se arrepender de ter nos escolhido.
Trocamos um aperto de mão, depois andamos por todo o colégio para que eu conhecesse as áreas em que Noah e Alicia estarão por todo o ano. Esclareço algumas dúvidas e, depois de concluir que o lugar é perfeito para eles, assino alguns papéis e me despeço de Rosely Cusack, a diretora atenciosa.
Aliviada por ter uma preocupação a menos, dirijo de volta para a agência com um sorriso no rosto.
×××
Sentada em meu lugar, olho de minuto em minuto para a porta da sala do meu chefe. Não o vi chegando do almoço, então imagino que não tenha saído. Não sei se tenho a liberdade de ir até lá, nos aproximamos na última semana, mas fico insegura.
Consultei com a médica que ele indicou, que é ótima. Aproveitei para fazer meu exame anual e tomei uma injeção, em vez de optar por pílulas ou algum outro contraceptivo.
Estava tão distraída que acabei levantando a cabeça rápido demais para olhar a porta que abriu, revelando uma mulher de cabelos médios, volumosos e pretos. A mesma que vi outro dia com... a boca em meu chefe.
Senti algo estranho quando reparei sua blusa um pouco amarrotada, e piorou assim que ele saiu também, com alguns fios de cabelo desgrenhados, como se estivessem bagunçados minutos atrás, mas dedos nervosos tentassem colocá-los no lugar.
Não olhei muito, apenas engoli com dificuldade e sorri discretamente para ela, que caminhou até o elevador e acenou para Marcus antes de partir.
Houve um silêncio ensurdecedor antes que ele se aproximasse de mim em passos contidos, como se esperasse alguma reação minha. Eu não era tão tola de acreditar que não tinha acontecido nada entre os dois, sei que trocaram ao menos beijos, estava nítido.
— Não sabia que já estava aqui.
Fecho os olhos enquanto mantenho minha cabeça baixa, mas tento me recompor o mais rápido possível para olhá-lo sem vacilar. Suspirei profundamente, admirando toda sua beleza, ainda mais com os cabelos sem toda a formalidade de sempre. Bagunçados por outra mulher.
— Temos uma reunião em cinco minutos com Luther e Dominic Schulman, são muito exigentes com horários, então...
— Não me ignore.
— Não estou – digo, seca. — Vou para a sala de reuniões preparar tudo para recepcioná-los. – Me levanto, mostrando o quanto estou desinteressada em suas desculpas.
Pego algumas cópias que fiz em duas pastas diferentes e saio de trás da bancada onde fico pelo lado direito, para não ter que passar por ele.
Caminho com um pouco de pressa até a sala de reuniões, fechando a porta atrás de mim para finalmente respirar. Coloco a mão no peito e reprimo a vontade de chorar e espernear como uma criança, me recompondo antes que todos cheguem.

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LIBERTE-ME
Romantika(18+) violência, palavras de baixo calão, gatilhos mentais, sexo explícito. Postagens aos domingos, terças e quintas-feiras.