Entretida com o filme que passava na televisão, aproveitava o momento sozinha enquanto meu marido não chegava do trabalho. Ele estava estranho ultimamente, e eu já não me sentia mais tão confortável ao seu lado, não depois de ter levado um empurrão forte que me deixou desequilibrada e estatelada no chão.
Engolindo a seco, me ajeito no sofá sorrateiramente, vendo dois corpos nus se perderem em um sexo contido na tela. Faziam dias que Thomas não me esperava atingir o orgasmo, então minha única opção era fazer sozinha.
Espalmei minha mão direita sobre minha pele umedecida e afundei dois dedos no meu ponto mais sensível, movendo-os em círculos. Acabei fechando os olhos e ficando perdida na sensação gostosa de tesão, me concentrando apenas nas reações do meu corpo.
Foi naquele momento que a porta se abriu em um rompante, e um Thomas irado veio em minha direção enquanto meu corpo paralisava de medo.
— Que porra é essa, Anabel?!
Não fui capaz de dizer nada, sendo puxada bruscamente pelo braço, onde senti uma dor aguda e irritante.
— O que pensa que está fazendo? – Pegou o controle da televisão, desligando-a e jogando o pequeno objeto longe.
— Thomas... – finalmente disse, com medo.
— Cala a porra da boca, caralho! – Gritou. — Você só goza quando eu deixar, mulher minha não fica se masturbando como uma vagabunda!
Foi a primeira vez que um homem levantou a mão para mim e me acertou no rosto com força, deixando um hematoma por dois dias. Foi o começo de todo o inferno, e o dia em que pensei que nunca mais teria coragem de me tocar.
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— Senhorita Masucci?
Desperto de repente, sentindo meus dedos abraçarem uma xícara cheia de chá quente. Movo os olhos até a figura máscula e imponente diante de mim.
— Senhor LeBlanc, bom dia! – Forço meu melhor sorriso. — Me desculpe pela distração, eu estava longe. Precisa de algo?
Noto seus olhos seguirem o movimento que faço com a boca para sugar o líquido doce e saboroso, deixando a louça de lado rapidamente.
— Minha agenda, por favor. Falamos sobre ela, certo?
— Na verdade, são elas. – Solto um riso, sem graça. — A preta para compromissos de extrema importância, e a vermelha para as banalidades. Passeios familiares, coisas do tipo. Eu posso cuidar de tudo.
— Isto é ótimo, senhorita Masucci, mostra que é organizada. Eu gosto. – Me analisa, deixando-me envergonhada.
— Ana já está bom – digo em um suspiro.
— Muito bem, Ana, as agendas, então.
Meu apelido saiu forte e sedutor de sua boca, me deixando acalorada de imediato. É extremamente errado eu me sentir atraída pelo meu chefe, mas inevitável. Algo que eu vou manter em segredo, é claro, pois seria vergonhoso se alguém soubesse, sou apenas uma secretária feia e sem graça, não há nada de atrativo em mim, e mesmo que tivesse, meu lugar não é ao lado de um homem como ele.
Até mesmo pensar nisso é ridículo.
— Me acompanhe, por favor – ele pede.
Levanto-me rapidamente e pego as duas agendas a que me referi, o seguindo até sua sala com cheiro de café, que trouxe comigo da cafeteria que costumo passar.
— Obrigado pelo café. – Senta-se em sua poltrona.
Abro na primeira página, vendo algumas anotações já feitas desde ontem.
O senhor LeBlanc – tio –, também gostava que eu anunciasse seus compromissos do dia pessoalmente, já que alguns preferem emails com tudo organizado.— O senhor tem uma reunião marcada em meia-hora com alguns espanhóis que desejam fechar contrato com a agência. Seu tio se reuniu com eles algumas semanas atrás, então só precisam fechar um acordo. – Umedeço os lábios, lendo e olhando nos olhos do homem atento. — Em seguida, um almoço importantíssimo com os Salvatore, imagino que tenha conhecimento do assunto.
— Claro, prossiga.
— Outra reunião no meio da tarde, às quinze horas, para tratar de detalhes das divulgações com a marca de Magnus Lehmann.
Às dezessete, uma designer de interiores de confiança virá até a agência para visitar sua sala, como me pediu ontem. – Respiro fundo, nervosa por ele ficar tão quieto enquanto falo sem parar.— Perfeito, o dia será produtivo. Pode se retirar, Ana, obrigado.
— Disponha. Com licença. – Me viro nos saltos baixos, freando os passos ao chegar na porta. — Senhor LeBlanc, quase me esqueço. – Volto-me a ele com um sorriso sem graça.
— Pode falar. – Não me olha mais, encarando algo em seu celular.
— Natalia Collins ligou, se queixou de não ser atendida pelo número pessoal e me pediu para informa-lo sobre um jantar.
Ele franze o cenho, mas não se incomoda em demorar na resposta. Fico constrangida, me sentindo invasiva por me meter em seus assuntos pessoais. Tento varrer o pequeno incômodo no meu peito para debaixo do tapete.
— Tinha me esquecido – parece comentar para si mesmo, mas ouço, — Faça reservas em algum restaurante chique da região para oito da noite, só me avise depois.
— Claro, com licença – digo, quase sem voz.
Deixo sua sala e praticamente corro até minha mesa, me jogando em minha cadeira giratória. Encaro meu chá, já frio, engolindo o pequeno sentimento de inveja que me acomete por alguns segundos, apenas. Além de outra coisa estranha.
Fecho os olhos e me repreendo por ficar irritada com o tal jantar, mas pesquiso um restaurante à altura do casal e alcanço o telefone, discando o número disposto na internet, malditamente contrariada.— Restaurante Asiate, bom dia!
— Bom dia, gostaria de fazer duas reservas no nome de Marcus LeBlanc.
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LIBERTE-ME
Romance(18+) violência, palavras de baixo calão, gatilhos mentais, sexo explícito. Postagens aos domingos, terças e quintas-feiras.