20. Anabel

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No dia seguinte, o tempo amanheceu chuvoso. Coloquei roupas quentinhas nos gêmeos e partimos para a casa dos meus pais, eu os deixaria lá até terminar as fotos para a Emerald Schulman.

— Eu volto assim que acabar. – Beijo minha mãe, que veio até o carro buscar os netos que mal se despediram para brincarem com o vovô divertido.

— Não se preocupe, querida, a casa fica iluminada com eles aqui.

— Obrigada. – Sorrio. — Estou indo, pode me ligar se algo sair dos eixos. Beijos.

Ela acena e eu dou partida, dirigindo para o endereço que me mandaram por email, da agência que fotografa as peças todos os anos para a Emerald.

×××

Ao entrar no prédio com poucos andares, sou recebida por uma mulher alta, de pele bronzeada e cabelos azuis. Ela sorri de forma educada, conferindo meus documentos antes de entregar-me um crachá para ser identificada no último andar.

Pego um elevador e subo, um pouco mais nervosa agora que estou aqui. Sorrio ao constatar que jamais faria isto se ainda estivesse presa ao casamento terrível que vivi, e então percebo que estou cada vez mais distante daquele passado.

As portas se abrem e vejo uma pequena movimentação no estúdio, ficando um pouco perdida. Porém, logo uma outra mulher vem até mim, com um sorriso afobado nos lábios pintados de um rosa bem forte.

— Ah, você chegou! – Parece aliviada. — Se apresse, você precisa fazer o cabelo e a maquiagem.

Sou praticamente arrastada até um canto com profissionais de beleza, vendo uma das modelos sendo preparada também.

— Qual o seu tamanho, Anabel? - Pergunta, já sabendo meu nome.


— G – digo, um pouco intimidada pelo espaço agitado.

— Tudo bem. Sente-se, alguém virá arrumar você. – Sorri.

Aceno e me acomodo na cadeira confortável, olhando-me no espelho à minha frente. Respiro fundo, não tendo de esperar muito, já que um homem se aproxima com um sorrisinho para mim.

— Você deve ser a Anabel, muito prazer, meu nome é Paul. – Toca meus ombros.

— O prazer é meu, mas me chame apenas de Ana.

— Muito bem. Não se reprima perto de mim, querida. Podemos falar de homens enquanto realço sua beleza.

Fico um pouco surpresa por entender que ele é gay, mas sorrio de forma nostálgica ao lembrar do meu amigo, Joe. Faz algum tempo que não nos vemos, sua viagem está quase no fim.

Começamos o trabalho, conversando animadamente, como se fossemos íntimos. Mal vejo o tempo passar, e quando me olho no espelho, ele está terminando de ondular meus cabelos.
A maquiagem em meu rosto me deixa com uma pele incrível, com um contorno suave e iluminação nos lugares certos. Meus olhos parecem maiores com o esfumado marrom, tão sutil quanto o batom nude em meus lábios. Minhas sobrancelhas estão perfeitamente desenhadas, e os cílios postiços cheios, porém pequenos, dá um ar de naturalidade.

— Uau! – Exclamo, me sentindo bonita. — Você é muito bom nisso, Paul.

Ele termina meus cabelos e se inclina, se apoiando em meus ombros de forma carinhosa.

LIBERTE-MEOnde histórias criam vida. Descubra agora