• Capítulo Quinze •

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Por todo caminho Mariana ficava quieta, apenas olhando pra baixo, e nesses momentos eu percebia ações que pareciam comigo.

Ou com quem eu julguei ser um dia, pra entrar pro crime você tem que ter peito, confesso que no início eu não tive, pra falar a verdade eu nunca tive.

Mais você aprende a ser daquele jeito, agir daquele jeito, e quando você percebe você não é mais você, você se olha no espelho e não se reconhece mais.

Paro em frente de casa e ela me encara, olho o carro do embuste ainda lá na frente e já fico puta.

Abro o porta entrando e dando espaço pra ela passar, entro em casa olhando ao redor e nem sinal dele.

– Me espera aqui – Digo e nem escuto a resposta dela.

Quando eu ia saindo da sala ele aparece.

– Trouxe minha comida? – Encaro ele serio, e ele olha pra trás – Orgia gostei – Faço uma careta e bato com a sacola no peito nu dele, molhado. Me fazendo me perguntar se ele tomou banho.

– Vaza – Apontei pra porta e ele fechou a cara.

– Nem fodendo – Ele se vira de costas e caminha por uma certa distância, mais depois vira de uma vez me encarando – Acho que tô te dando muito liberdade, olha como tu fala comigo po – Reviro os olhos, e ele volta pro meu quarto.

Minha vontade é ir lá e jogar ele pela janela, pra ele descer morro a baixo, filho da puta.

Encaro a Mariana e faço sinal pra ela se sentar no sofá, ela senta e eu me jogo em um puf que tinha ali e ela me encara, e fica quieta, respiro fundo já não querendo me irritar.

Ultimamente tô muito sem paciência, pra nada, uma folha cai no chão e eu já começo a Surtar.

– Desenrola logo, que eu tô começando a me estressar – Ela pisca algumas vezes e respira fundo.

– Bom, e que – Ela coça a cabeça e eu percebo nervosismo – Nosso.... Bom eu tenho um irmão, o nome dele é David, nos últimos anos as coisas começaram a aperta lá em casa, minha mãe sofreu um acidente e está em cadeira de rodas, meu pai até arrumou outro emprego e trabalhava o dia todo e metade da noite, e eu também tinha arrumado um, só que poucas horas de sono e muito trabalho físico acabou afetando meu pai, e ele perdeu um dos empregos, e pra acabar de piorar nas últimas semanas descobrimos que o David, estava com câncer no estômago – Vejo o RD se encostar no batente da porta com um copo de não sei o que, reviro os olhos e ele mantém a atenção na Mariana – Resumindo, a gente precisa de ajuda... – ela fica toda sem graça lá e encara o chão, e o RD me encara.

– Eles mandaram você aqui? – Ela me encara de imediato e eu mantenho a cara fechada, prestando atenção em cada movimento do corpo dela.

– Não – Assinto respirando fundo e abaixando minha cabeça.

– Eles sabem quem eu sou? – Perguntei no ódio mesmo – Sabe onde eu moro? O que eu tive que me tornar? Onde eu tava nos últimos meses? – Ela me encara por um tempo.

– Sim – Dou um sorriso irônico, e Encaro o RD.

– É só dinheiro que vocês querem né? Beleza então...

– Princesa... – RD me corta é eu o corto imediatamente.

— Se você for falar pra me acalmar eu esqueço o respeito que eu tenho que ter com o meu chefe e te mando tomar no cu — Ele fecha a cara, e eu me levanto indo até o meu quarto.

Puxo uma caixinha que tava em cima do guarda roupa, e respiro fundo antes de abrir.

— Princesa não é bem assim cara — Ele se aproxima e eu fecho os olhos, preciso de maconha.

— Porque você ainda tá na minha casa mesmo? — Ele fecha a cara, e pega a blusa dele que tava em cima da cama.

 Aprende a controlar essa tua ignorância, ela vai te matar um dia — dou uma risada debochada.

— Te digo o mesmo — Ele pega as coisas dele e sai do quarto, abro a caixinha vendo o dinheiro que eu tinha juntando por um tempo.

Até parece que eu estava adivinhando, porque eu nunca fui dessa de guardar nada, sempre gastei, gastei e gasto mermo, não sei o dia de amanhã.

Fico guardando as parada aí depois eu morro, eu não vou levar comigo, bagulho e gastar o que nois tem hoje, e correr atrás do triplo pra amanhã.

Era bastante dinheiro, deveria ter uns vinte mil ali. Pego um blusão e um shorts moletom dentro do guarda roupa.

Abro a primeira gaveta da cômoda e pego a ceda junto com a maconha, e caminho até a sala.

— Tô, se saberem usar certinho da pra muito coisa isso aí — Ela arregala os olhos e eu dou de ombros — Pode passar a noite aí, banheiro no final do corredor, pode usar essa roupa aí — Ia saindo mais volto de novo e ela me encara — Não me procura mais não, beleza? — Saio de casa sem nem ouvir a resposta dela, olho na rua e nem vejo o carro do outro lá.

Caminho até as escadas da minha laje e subo até lá em cima, que tinha um sofá velho que eu coloquei lá, as vezes eu passo horas nesse lugar.

Me sento e começo a bolar um, boto pra subir e observo a favela lá de cima.

Tá na hora de eu procurar saber da Evylin o que a mãe dela me falou mais cedo tá martelando na minha cabeça, essa garota tem que ter um rumo.

Boto terror nela bunito, não sou igual o irmão que amassa ela feio, eu esculacho mais e nas palavras, Evylin não tem jeito. Eu não digo e nada, falar com o Leozin amanhã, botar ela numa faculdade, e pra fazer ela terminar aquela porra.

Quero esse futuro meu pra mais ninguém não, ouço o barulho da descarga lá em baixo e reviro os olhos.

Esse Bagulho tá mexendo comigo po, sensação mo estranha.

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Envolvida (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora