Juliana: Não veio me ver, palhaçada viu, a última vez que eu vi tu foi no postinho, falou que ia passar aqui na pensão e nunca mais botou a cara, eu não sei o que eu faço com tu e o com o leo não sinceramente.
— Com essa vida que eu levo, o tempo é curto eu confesso... — Cantarolo uma música do poze, e ela me encara feio.
Juliana: Leo só aparece aqui quando quer e mesmo assim pra brigar com a Evelyn tu nem pra isso aparece, eu quero ver quando eu morrer...
— Ih dona Juliana vira essa boca pra lá, tem essa não — Abraço ela por trás, que mexia o arroz na panela.
Juliana: O que tá acontecendo princesa? — Encaro ela por um tempo, não tem como esconder nada dela papo reto.
Puxo um banquinho e me sento perto dela descascando o alho.
— As vezes eu acho que sou muito impulsiva...
Juliana: Você acha? — Fecho a cara escutando a risadinha dela.
— Juliana eu quero trazer a Lívia pra cá — Vejo seu corpo se enrrigecer e ela coloca água na panela tampando a mesma, enchuga a mão com o pano de prato se encostando na pia e me encarando.
Juliana: Lívia, Lívia? Aquela do orfanato?
— Sim — Coloco o alho no socador junto com sal e começo a amaçar. Ela respira fundo puxando uma cadeira e se sentando bem mais perto de mim.
Juliana: Vivian, criança não é boneca — Reviro os olhos e ela me dá um tapa no braço — Revira essa merda pra mim de novo pra tu ver se eu não arranco.
— Eu sei que criança não é boneca Juliana, porém eu sinto que eu tenho que trazer ela pra perto de mim sabe, você já sentiu isso? O dever de cuidar de uma criança que não é sua? A necessidade de dar do bom é do melhor pra ela? De querer ela do seu lado? — Ela ri se levantando e pegando uma carne de sol na geladeira, e a tábua de cortar carne no armário e voltando a se sentar do meu lado de novo.
Juliana: Eu já senti isso, a alguns anos atrás, eu tinha acabado de me mudar para o Rio de Janeiro, saído de Osasco e vindo pra cá, no primeiro dia que eu abri a pensão eu vi uma menininha, adolescente na idade do Leo mais ou menos, ela entrou na minha pensão, se sentou em uma das cadeiras do fundo e ficou mais de uma hora olhando para o porta guardanapos, preparei uma quentinha, dei minha vida naquela quentinha e levei pra ela, enquanto a comida ficava pronta eu a observei de longe, usava calças Jens sujas e uma blusa branca com três abacaxis um amarelo outro rosa e um azul, tinha uma mochila nas costas, mais não parecia ser de roupas e sim com material escolar, fiquei me perguntando da onde ela era, e o porque de eu nunca ter visto ela no morro, teve uma hora que meu coração se apertou, que foi quando ela amarrou o cabelo em um coque bagunçado, e o Leo entrou junto com a Evelyn eles estavam chegando de um jogo de futebol, ambos gritaram "Mãe" quando entraram, e me deram um beijo na bochecha subindo pra tomar banho, aquela garota olhou tudo atentamente, com um sorriso no rosto, porém um lágrima desceu, você conhece uma pessoa destruída por dentro, quando ela ama a felicidade dos outros, quando ela vê os outros felizes, porque ela não quer que mais ninguém sinta aquilo que ela tá sentindo.
❄Cinco anos atrás Juliana narrando❄
Leo e Evelyn subiram para tomar banho, é ela voltou a encarar o porta guardanapos, como se aquilo fosse mais importante do que tudo.
Vou até a cozinha colocando a comida em um prato, e pegando um copo de coca-cola, e caminhando até ela que não percebeu a minha presença, puxo a cadeira e ela enfim me nota, me sento ao lado dela e coloco a quentinha e a coca, ela encara tudo e me encara de volta..
: Eu não pedi isso — Ela diz com a voz baixa e embargada de longe dava pra se notar que o choro estava na garganta.
— Eu sei, é por conta da casa — Ela me encara por um tempo.
: Eu não posso...
— Por favor,e seu — Ela da um sorriso de lado, mais tava na cara que não tinha emoção nenhuma ali, além de gratidão.
Ela pega o garfo e começa a comer.
— Você é daqui? Nunca te vi pelo morro — Ela termina de comer e toma um pouco da coca.
: Não, vim de saguarema — Faço uma careta, vila dos lagos? O que essa garota tá fazendo tão longe de casa?
— O que te trás ao Vindigal? — Ela da de ombros — Tem onde ficar? — Ela se encostando na cadeira abaixando o rosto envergonhada, e sem nem olhar na minha cara ela balança a cabeça em negação — Qual seu nome princesa?
: Vivian
❄Hoje em dia Vivian Narrando❄
— Aquela foi a melhor quentinha que eu comi na vida — Passo a mão no rosto limpando as lágrimas teimosas que insistiam em descer.
Juliana: Se você for trazer a Lívia pra cá, saiba que tem meu apoio total, porém tu tem que preparar tudo Princesa, uma casa melhor, e deixar ela o mais longe possível de tudo isso que tu meche — Balanço a cabeça confirmação.
— Rd me chamou pra morar com ele — Ela solta a faca de uma vez fazendo um barulhão e me encara com os olhos arregalados.
Juliana: E tu aceitou?
— Falei que ia pensar.
Juliana: Ce sabe que se tu aceitar, vai ter que sentar com ele pra conversar — Ela fica quieta por um tempo —Você realmente gosta dele?
Respiro fundo porque que eu não sei descrever meus próprios sentimentos?
— Talvez — Dou um sorriso incerto e ela balança a cabeça em negação.
Juliana: Pensa melhor, porque esse talvez não segura relacionamento, isso não pode se basear em um talvez, e sim em uma certeza.
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Envolvida (EM REVISÃO)
Teen Fiction📍𝑭𝒂𝒗𝒆𝒍𝒂 𝒅𝒐 𝑽𝒊𝒅𝒊𝒈𝒂𝒍 - 𝑹𝒊𝒐 𝒅𝒆 𝑱𝒂𝒏𝒆𝒊𝒓𝒐 Porque ela aprendeu com a vida que ser feliz é mais fácil, então ela não dá voz ao choro e aos maus pensamentos. Desobedece a tristeza dez vezes ao dia. E não pensa duas vezes antes de...