Capítulo 10

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Karla Salvatore

Me encosto no balcão e respiro fundo tem uma garrafa aqui fico olhando para ela enquanto sinto tudo girar, me sinto ser observada e olho para os lados mas  não vejo ninguém, suspiro e pego a garrafa. Saio pela porta da cozinha e fico contente quando vejo que não tem ninguém me sento encostando na parede abro a garrafa de vodka e bebo um gole.

- Argh credo - sinto meus olhos lacrimejando - Aposto que não era disso que Aurora estava falando sobre diversão - solto uma risadinha e bebo outra vez fazendo careta.

Eu costumava gostar de festas, eu gostava de sair com meus amigos, gostava de falar sobre coisas bobas e irritar Owen, eu amava lugares cheios de gente, gostava observar as pessoas e ir a parques de diversões, eu era do tipo festeira e sem vergonha assim como Aurora. Mas agora só de pensar em ficar em um lugar cheio de gente já  sinto meu peito arder em desespero, odeio lugares muito barulhentos  e músicas altas. Porque barulhos altos me assustam, por que se eu gritasse ninguém me escutaria se estiver em um lugar muito cheio e alguém me levasse ninguém notaria. por que observar as outras pessoas agora me deixa nervosa, irritada, e principalmente  triste porque minha vida antiga não vai voltar, eu nao vou mais rir como antes, nao vou mais poder sair com meus amigos sem me preocupar com quem pode estar me observando ou pensando em me fazer mal, porque eu nem tenho mais amigos, não tenho motivos para rir, eu nao tenho o Owen e como como eu o amava - na verdade  como eu ainda amo ele - sinto tanta falta dele, sinto falta de não precisar me preocupar com nada porque eu tinha meus pais para me proteger e ah como eu sinto falta deles.

Sinto falta dos jantares em família  que eu achava entediante, sinto falta do chocolate quente com marshimelos nos dias frios, dos dias quentes em que nos íamos para a praia e passávamos o dia inteiro nos entupindo de porcarias, sinto falta da noite das pizzas e  filmes, do dia das garotas e o dia de pai e filha. Sinto tanta falta de observar meus pais conversando baixinho em meio a risadas e troca de carinhos, de olhar eles dançarem  em frente à lareira e do jeito carinhoso que meu pai olhava para minha mãe e o jeito que ela sorria para ele como se ele fosse tudo do que ela precisasse. Sinto falta de deitar no colo da minha mãe enquanto contava segredos para ela segredos que eu não contava à  mais ninguém enquanto ela acariciava  meus cabelos, sinto tanta saudades de meu pai sentar ao meu lado e ler um livro de suspense  para mim de conversar sobre como alguns personagens eram tontos ou falar mal da vizinhança e rir da senhora Patricia uma velha fofoqueira dona  de cinco gatos.

E é  claro eu sinto falta do meu irmão, de aprontar com ele e compartilhar segredos que nunca nenhum de nos falariamos nem para nossos pais de falar mal de suas ex- namoradas e brigar com ele por coisas novas como porque ele comeu meu chocolate ou eu ter colocado cola em seu creme de barbear. 

Sinto lágrimas  quentes decorrerem por meu rostos e orando um soluço  enquanto bebo, eu amava minha vida e agora eu odeio ela, odeio me sentir insegura, odeio os pesadelos, odeio me sentir sozinha sempre, odeio a falta de ar que ataca meus pulmões  sempre que fico sozinha à noite em meu quarto, odeio os choros frequentes e a saudade incontrolável  da menina sorridente que eu costumava ser, e as vezes eu odeio o fato de ainda estar respirando porque eu só  queria acabar... dou risada sem conseguir prender as lágrimas.

- Espera só um segundo - Escuto uma voz conhecida e procuro da onde vem - Alô - acabo encontrando um casal um pouco a minha frente e pela voz dele só pode ser.

- Pode falar - Ele fala se afastando um pouco da garota e acaba virando para mim é eu fico admirando seu rosto.

- Owen - Sussurro e fico olhando para ele, parece com raiva ele suspira e então desliga - Tão lindo.

- Agora nós podemos - a garota fala chegando perto dele e passando a mão pelo seu pescoço, ele fala algo no ouvido dela e depois a beija.

- Vamos preciso relaxar - Ele fala puxando ela para dentro.

Sinto um aperto no peito e aquela sensação estranha outra vez, meu peito dói e sinto minhas mão tremendo, as lágrimas começam  a descer mais violentamente pelo  meu rosto e me ajoelho no chão e tento respirar.

- Respira por favor, por favor - coloco a mão trêmula no peito e soluço desesperada com a sensação familiar de estar sendo enforcada - Aí que merda só respira.

Escuto um barulho de porta abrindo e uma garota sai de dentro da cozinha, eu me arrasto para longe e ela acaba me vendo.

- Ei tá tudo bem? - ela fala chegando perto me afasto - Você tá legal?

Soluço colocando uma mão no peito e ela se abaixa na minha frente, seu rosto está desfocado por causa das lágrimas.

- Ei tudo bem, olha para mim conta comigo - fala e tira o cabelo da frente do meu rosto - 1 respira fundo - faço o que ela fala -  2 de novo - respiro fundo - 3 conta comigo.

-  1...... 2.......3......1 - conto junto com ela e respiro a cada número que falo, sinto que está ficando melhor.

- Isso, viu não foi tão difícil - Ela sorri e agora que estou mais calma vejo que é Isabel.

My Angel - Completo/Sem revisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora